As pessoas estão o tempo todo nos
dizendo como devemos ser/estar, o que pensar e o que sentir também. Se
seguirmos corremos o risco de virar um Frankenstein, um ser com pedaços de
outras pessoas.
Infelizmente muitos ainda não conseguem
distinguir o “eu” do “tu”, o conceito de alteridade não é bem conhecido e isso
traz a tendência de querer colonizar o outro. Transforma-lo à sua imagem e
semelhança. Então perdemos nossa pessoalidade, somos roubados de nosso “ser”.
“Ser” é uma das guerras que a vida nos
impõe.
A covardia existencial e uma dose de
preguiça nos leva a se conformar com o que não deveria. Não se deixar levar
pela maré das expectativas alheias requer coragem, requer um levante àqueles
que esperam que sejamos outro.
Uma batalha constante aos que nos dizem
como agir ou como pensar. Granadas contra os julgamentos precipitados, bombas
em direção as etiquetas que nos são pregadas o tempo todo. Uma luta permanente
contra as projeções, contras as idealizações e expectativas em relação a nossa
pessoa.
Sua identidade está sendo fortalecida
cada vez que não permite ser roubado em seu direito de ser quem é. Confesso que
nem sempre tenho essa coragem, muitas vezes tenho preguiça em esclarecer “olha
não foi isso que eu quis dizer” ou “a minha intenção era outra ao fazer tal
coisa”, esse negócio de ficar se explicando não é comigo. Certa vez ouvi de uma
amiga: “quando você não esclarece, eu tenho o direito de pensar o que quiser”
Quer pensar errado? Pois que pense. De um jeito meio torto, essas situações
acabam selecionando os amigos. É muito desgastante ter que explicar o tempo
todo, suas ações e palavras. Por isso procuro escolher com critério as
situações que devem ser esclarecidas, situações que coloquem em jogo minha
identidade ou relações muito preciosas. Porque eu bem sei que nem sempre sou o
que os outros pensam. E a única coisa que posso dizer às pessoas que me
idealizam é: sinto muito. Simplesmente não posso deixar de ser quem sou em
favor do que os outros pensaram ou que gostariam que eu fosse.
Eu sou o que sou.
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