segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Cicatrizes



Na cabeça,
Os cabelos escondem
Nos ossos,
Pele e músculos encobrem
Eu as esqueço
E as invisíveis?
São presenças constantes.
Não preciso esconder
Ninguém percebe
Só Ele as conhece.
É uma questão para a outra vida.


Consolo




Consolai-me, consolai-me Senhor.
Dize-me que minhas iniquidades foram expiadas.
Recebi da mão de Yahweh
a retribuição por meus pecados.
Ouvi Sua voz nos desertos
Ouvi o Trovão.
Desejo preparar-me para Vossa chegada.
Consertar os desvios.
Tornar o caminho reto.
Prepara meu coração a Ti.
Produza em mim, Senhor.
Frutos que demonstrem arrependimento verdadeiro.
Para que contemple a Sua salvação
Em cada respirar.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Nem preta, nem branca




Preta, preta, pretinha
🎶🎵🎶🎵🎶🎵🎶🎵🎶🎵
Não, não sou não
Sou mestiça
Nem preta nem branca
Muito pelo contrário.
Não sou papel,
Mas sou parda sim
Sou essa mistura brasileira
Negro, mameluco, cafuzo
Mulata, cabocla, criola
Tudo isso é Brasil
Nação de infinitas misturas
Europeus, negros e americanos
Asiáticos, africanos e índios
Temos japonês loiro
Temos negro japonês
As misturas mais lindas
Essa brasileiridade sou eu.
Sou morena
Nem preta nem branca
Muito pelo contrário
Sou multicor
Sou brasileira.


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Caranguejo






A astrologia diz que é signo.
A astronomia, constelação.
Tem no mar.
Tem no mangue.
No mar, assusta.
Na vida...
Susto, tristeza, angústia.

Tem em desenho animado.
Alguns o têm no prato.
Outros, no corpo.
Outros ainda, na alma.

O imperador de todos os males.
Nunca foi
Nunca será
O maior mal.

Maior é Quem está em mim.
Quem está em ti.
Muito maior é Aquele...
... Que dividiu a História
... Que é o Início e o Fim.
... Que cura todos os males.
O Imperador de todas as nações.

domingo, 15 de setembro de 2019

Vou-me embora pra Livraria





Vou-me embora pra livraria
Lá sou amiga dos escritores
Lá leio o livro que eu quero
Na sessão que escolherei

Vou-me embora pra livraria
Lá sou amiga dos imortais
Lá eu sou um deles
Lá leio o livro que eu quero

Vou-me embora pra livraria
Vou-me embora pra Livraria
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência não é uma tortura

Vou-me embora pra Livraria
Lá encontrarei meus amados
Minhas lágrimas serão enxugadas.
Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor.

Vou-me embora pra Livraria
Lá sou amiga do Dono
O grande Escritor
O Escritor dos escritores.
Vou-me embora pra Livraria

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Expiação



Pra você
Tirei a maquiagem
Rasguei meus diplomas
Me  revelei
Falha e imperfeita
Pra você
Me desnudei
Expus minhas sombras
Contei meus pecados
Você entrou no santuário
Maculou solo sagrado
Não houve sacrifícios
Eu fui o holocausto
Desejava reconciliação
Não houve reparação
Te expulso da história
Te arranco da memória
Depois do fogo
Recolho as cinzas
Que aroma agradável!

sábado, 10 de agosto de 2019

Gritos



Ouço vozes.
Gritos.
Eles vêm de toda parte.
Das ruas e calçadas.
Das casas e da internet.
Gritos...
Sussurros...
 E gemidos
Formam um grande clamor.
Não sou Franciscana
Não sou Carmelita
Como socorrer?
Quem dera fosse surda.
Ah quem me dera não ouvir!
Não faria diferença
Não cessam.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Gostaria, mas...




Eu gostaria que você soubesse o quanto te amei. 
Mas você não se importa com meus sentimentos.
Eu gostaria que você soubesse o quanto me machucou.
Mas você não se importa comigo.
Eu gostaria que você tivesse consciência do quanto cada mentira me destruiu. 
Mas você não sabe o que é lealdade.
Gostaria que você sentisse o peso do seu desprezo rasgando meu coração.
Mas você parece não ter coração.
Exponho minhas dores,
Mas isso não o atinge.
Eu gostaria que enxugasse minhas lágrimas.
Mas você é o motivo delas.
Talvez não tenha a dimensão da sua canalhice. 
Talvez até saiba que foi babaca, mas não faz questão de ser diferente.
És indiferente à mim
Surdo às minhas palavras.
Mudo aos teus erros. 
...
Eu gostaria de ...
...
Calar tua existência em mim.


sexta-feira, 14 de junho de 2019

Empoderada era minha avó




Às mulheres da minha família

A velocidade do som é algo realmente surpreendente: você ouve coisas aos 20 anos e só escuta lá pelos 40. Tenho aprendido a valorizar e admirar meus antepassados. Os erros dos meus pais já não me parecem absurdos como pareciam na juventude.
Minha avó e tias não conheciam os termos empoderamento ou sororidade, mas eram na prática mulheres fortes e compassivas. As empoderadas de hoje se dizem autossuficientes, muitas acreditam que seu valor está num currículo Lattes, não assumem que são homens e mulheres juntos que constroem a sociedade, são mulheres que em sua maioria receberam um mundo pronto aos seus pés.  Dessa geração uma mínima parte teve que "desbravar" alguma coisa.
Empoderada?
Empoderada era minha vó.
Trabalhava em casa e na roça. Foi mulher, esposa, mãe de 8 filhos, dona de casa, servia na igreja local, fazia trabalho voluntário individualmente, participava de grupos de apoio etc. 
Hoje ao refletir sobre a mulher de fibra que era, penso nas mulheres de hoje que não aguentam metade, eu mesmo não sou 10% da mulher que minha vó foi.  As mulheres da minha família são em geral mulheres fortes. Mulheres da roça que continuam fazendo trabalhos braçais mesmo depois de se tornarem avós e ter tecnologias à disposição. Mulheres fortes não só fisicamente, aliás, a disposição física dessa geração é fruto da força moral. 
Minha geração infelizmente não seguiu os passos da minha vó e tias. Essas guerreiras demoraram ter micro-ondas e máquinas de lavar, criaram os filhos com fraldas de pano, que lavavam no braço.
Tiravam o leite para o café da manhã manualmente ou o leiteiro trazia em garrafas de vidro.
Almoço aos domingos era um grande acontecimento. Família toda reunida: vó, vô, tios, tias e uma multidão de primos. Matava-se galinha e/ou porco da própria criação para o almoço. Minha vó matava galinha torcendo o pescoço dela, vi a cena diversas vezes. Faziam doce de leite e outros doces em panelões para a sobremesa. Muitos se envolviam no preparo das pamonhas, era tipo produção, cada um fazia uma coisa, até as crianças participavam. Fazer pamonhas não era simplesmente culinária, era nosso evento familiar que ocupava quase todo o quintal grande da casa de uma das tias. O momento em que toda família "trabalhava" para desfrutar juntos do resultado. Trabalho prazeroso e divertido. Comunhão. 
Mulheres que tinham o poder de unir a família e ser/fazer apoio sólido entre si.
Hoje com o conceito de família se deteriorando, mulheres fúteis/vulgares se auto declarando empoderadas, com a epidemia de homeninos e toda decadência moral enxergo com mais clareza as virtudes dos meus antepassados. Mais do que compreender o que era dito, hoje percebo o valor do exemplo que elas me deram. Sou grata por ter na genealogia essas mulheres.



quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mulher forte



Uma mulher forte 
Um menino canalha 
Um amor unilateral
Ela ficou vulnerável 
Ele transformou suas qualidades em defeitos 
Despertou seus monstros interiores 
Ela doou mais do que devia 
Ele a sugou covardemente 
Ela tinha medo de perdê-lo 
Ele é quem perdeu.
Ele quebrou seu coração 
Das partes quebradas 
Ela fez asas 
Voou 
Mais forte do que nunca.

sábado, 18 de maio de 2019

Escrever é sangrar.


Tenho pensado como a democratização da escrita tornou a atividade banal e pouco valorizada, situação agravada com as redes sociais. Hoje em dia, qualquer um pode se dizer escritor. Inclusive há diversos escritores/poetas de rede social que tem livros publicados.
Por azar, temos leitores com pouca habilidade para discernir o que é "isto ou aquilo". A deficiência na educação e cultura gerou leitores anoréxicos, não conseguem avaliar uma obra literária fruto de "inspiração e transpiração" daquela fortuita. Também o hábito de leitura mudou, lê se mais, porém a qualidade dos textos tem piorado.
A arte da escrita está banalizada, é um fato, prova disso são os inúmeros livros de (sub) celebridades que nada têm a dizer e enchem as páginas com clichês ultrapassados e besteirol. Eles têm como aliados além das redes sociais, os programas de TV e a fama, mas talento literário de fato está escasso. Para comprovar o que digo basta visitar uma livraria e observar a seção "lançamentos" e a de "mais vendidos".
São livros rasos, que visam o lucro e mais fama, conteúdos superficiais para gente superficial. Essa geração mimada da sociedade líquida ainda não entende que uma boa escrita é feito de sangue, suor e lágrimas.
 Escrever é sangrar.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Outra Vez



Você foi o maior dos canalhas
De todos o que eu já conheci
Você foi dos amores que eu tive
O mais louco pra mim 
E é por essas e outras
Que preciso escrever 
Sobre você 
Outra vez
Você foi o caso mais bizarro
O amor mais amargo
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a iniquidade que quero esquecer
Outra vez
Esqueci que não posso esquecer
Decidi te lembrar quantas vezes seja preciso
Você é a maldade que eu preciso rever
Assim sinto-me mais perto de mim
Outra vez
Você foi a inspiração para muitos escritos
O pior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a impiedade que preciso escrever
para me desintoxicar
Outra vez


quinta-feira, 18 de abril de 2019

O mulherão e um homenino



Ela já não era tão jovem
Ele, acabara de sair da juventude
A diferença de idade era pequena
Até poderiam ser mais um "Eduardo e Mônica”
Mas ele não queria crescer
Ela insistiu mais do que devia
Ele a segurou enquanto pôde
Não havia nada em comum
Ela, calejada
Ele, mimado
Os papéis inverteram-se
Ela era o porto seguro
Ele, o inconstante
Recusava-se amadurecer
Ela fez o papel de Wendy
O abismo só crescia
Ela era oceano
Ele, piscina de bolinhas
Ela era o Grand Canyon 
Ele, um buraco no asfalto
Ela entregou seu coração
Ele só dizia "não”
Ela tinha medo de perdê-lo
Ele continuava brincando
Ela cansou de ser Wendy
Partiu da Terra do Nunca
Pra nunca mais...
Ele continuou lá...
... menino
Ela...
Ah! Ela é um mulherão!

quinta-feira, 4 de abril de 2019

A referência da masculinidade




Com a crise de masculinidade que assola a sociedade, como reconhecer um homem de verdade?
Como diferenciar o Homem do "homem" (gênero masculino)?
O verdadeiro homem protege e cuida das mulheres.
Não só de sua companheira/namorada/noiva /esposa, mas também da sua mãe, das irmãs, amigas, irmãs em Cristo e todas as outras.
Um homem de verdade protege e cuida das mulheres não só fisicamente, com sua força; mas também financeiramente, emocionalmente e espiritualmente.
Um "homem" que brinca com os sentimentos de uma mulher, é qualquer coisa, menos homem.
Um "homem" que bate em mulher, é qualquer coisa, menos homem.
Um "homem" que explora uma mulher, é qualquer coisa, menos homem.
Um "homem" que agride emocionalmente/psicologicamente uma mulher, é qualquer coisa, menos homem. 
Um "homem" que não assume suas responsabilidades, como a paternidade, por exemplo, é qualquer coisa, menos homem.
Para ser homem de verdade não basta ter barba, órgão genital masculino ou qualquer outro atributo considerado do gênero masculino.
É preciso saber reconhecer seu papel no mundo.
É preciso agir conforme os propósitos pelo qual foi criado.
É preciso olhar e seguir o modelo do Homem.



sexta-feira, 22 de março de 2019

Singularidade



Não quero ser outra
Não quero... 
Ser a próxima Nancy Pearcey na teologia.
Nem fazer poesia à la Adélia Prado
Ou ser filósofa tal Hannah Arendt
Não desejo escrever romances como Jane Austen
Não quero ser outra Flannery O'Connor
Não quero ser mais uma Carolina de Jesus
Não tenho pretensão alguma de alcançar essas mulheres incríveis.
Quero ser apenas eu
Ser citada sem comparações
Ser a Márcia Pinho

Separação



Um desentendimento aqui
Uma discussão acolá
Conflitos vão
Brigas vêm
O respeito enfraquece
A admiração vai embora
A confiança é quebrada
Os alicerces caem
Um para cada lado
No começo...
Alívio
Calma e tranquilidade retornam
Depois...
Saudades
Os bons momentos invadem a mente
Alívio e saudades revezam-se.
Foi melhor assim?

Amar o desamor




Por mais que eu te ame e me esforce em agradá-lo
Não posso fazer esse amor ser recíproco.
Não podemos exigir que alguém nos ame.
Só podemos amar e nos deixar ser (ou não) amados
Estou desistindo do meu ego
Deixando você me “amar” do seu jeito
Egoísta e insensível
Sei que você nunca vai chorar por mim como chorou pela “T”
Nunca terá tanta consideração e confiança como teve em “A”
Você nunca dirá “Eu te amo” como fez com a “D”, ainda mais em público.
Você nunca irá sair do seu conforto e viajar para me ver como fez pela “L”
Já até aceitei o fato de você não querer mais me ver.
Eu ainda não consigo deixá-lo
Mas já não desejo que permaneça em minha vida
Sei que não quer fazer parte dela.
Meu coração está cansado desse desamor
Aceito, por enquanto, as migalhas que oferece.
Resignada, até que o fim definitivo seja real.
Não lutarei mais por esse amor
Sua morte é certa
Com os golpes constantes que recebe
Agoniza
Lenta e dolorosamente
Um dia
Meu coração terá sossego
Que nossa história descanse em paz
Nas poesias de um livro não lido

terça-feira, 19 de março de 2019

Eu (não) perdôo




Eu não te perdôo por todas as vezes que me usou e me descartou em seguida.
Eu não te perdôo por me fazer sentir especial para depois me desprezar.
Eu não te perdôo por ter visto a minha dor e ignorá-la.
Eu não te perdôo por ter chamado de drama as feridas da minh’alma.
Eu não te perdôo por ter me feito chorar e não me consolar.
Eu não te perdôo por ter voltado sabendo do mal que causava.
Eu não te perdôo por ter alimentado tão bem o Demônio do meio dia.
Eu não te perdôo por ter não sido honesto e transparente.
Eu não te perdôo o por ter-me feito amar alguém que não existia.
Eu não te perdôo por todas as vezes que desperdiçou meu tempo.
Eu não te perdôo por ter criado um personagem que fingia me amar.
Eu não te perdôo por ter transformado nossa relação num roteiro de suspense.
Eu não te perdôo por ter me deixado ir tão fácil, sem insistir.
Eu não te perdôo por não ter me pedido perdão.
Eu ME perdôo por ter permitido tudo isso.
Eu ME perdôo.


O Demônio do meio dia




O Demônio do meio dia não aparece somente ao meio dia
Ele vem ao meio dia e no restante do dia
O Demônio do meio dia aparece também à meia noite
O Demônio do meio dia não tem hora
Ele vem noite e dia
Dia e noite
Madrugada adentro
Às vezes Ele parece ausente
Sorrateiro
Chega
Invade meu templo
Acampa
Faz festa
Saí sem limpar a sujeira que deixou
Volta
Traz seus filhotes
Demoninhos que entoam a canção da morte:
“Ninguém se importa com você”
“As pessoas não gostam de você”
“Você não faz diferença pra eles”
“Fulano só te suporta por obrigação”
“Sicrano só fala com você por educação”
“Tá vendo! Visualizou e não respondeu, te ignorou.”
“Aquela pessoa só está te usando”
“Você não faz falta no mundo”
“Essas pessoas não fazem a menor questão da sua presença”
“Sua ausência não é notada nesse ambiente”
Monstrinhos perturbadores
Minam sua autoestima
Acabam com seu senso de valor.
O trabalho deles é te diminuir.
Fazer você se sentir um nada, um lixo.
Melhor ter a Solidão como companhia.
Ela, até que me faz bem.
Aprendendo a viver a cada dia entre
o Demônio do meio dia e a Senhora Solitude.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Narcisista perverso


Você me usou
Me descartou
Foi tóxico
Me feriu
Me senti suja
Indigna
Carreguei os fardos
Que não me pertenciam
Esperei reparação
Em vão
Saí...
...
Voltei!
Reconciliação?
Em vão
Você jogou em mim
A culpa que era sua
Desisti
Sua perversidade é patológica.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Coração farpado


Você disse que não queria me machucar
Machucou
Avisou que era tóxico
"Não será comigo"
Tola!
Eu sabia das lágrimas das outras
Aceitei o desafio
Quis crer que não seria mais uma
Perdi
Chorei muito
Doeu
Seu desprezo
Ser descartada
Entrar na sua lista
Ser a trouxa da vez
Você disse que era arame farpado
Insisti em pular a cerca
Fui ferida
Sangrei
O sangue jorrado
As lágrimas
Toda dor
Agora é poesia.