sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Empoderamento feminino



A palavra “empoderamento” está na moda e tem sido pregado constantemente, fruto do movimento feminista. Uma rápida pesquisa na internet e achei Workshop de empoderamento, além de inúmeros artigos/vídeos sobre o tema. Confesso que nunca compreendi totalmente esse conceito conforme as feministas.
Empoderamento segundo Djamila Ribeiro em um artigo na Carta Capital “Para o feminismo negro, empoderamento possui um significado coletivo. Trata-se de empoderar a si e aos outros e colocar as mulheres como sujeitos ativos de mudança.”.
Outro artigo, escrito por Júlia Steuernagel Assis, diz que “Empoderamento feminino é a consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres e desenvolver a equidade de gênero. É uma consequência do movimento feminista e, mesmo estando interligados, são coisas diferentes. Empoderar-se é o ato de tomar poder sobre si.”.
Pesquisando sobre o conceito da palavra encontrei um que parece um pouco neutro: “Empoderar é um verbo que se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem. A partir do seu sentido figurado, empoderar representa a ação de atribuir domínio ou poder sobre determinada situação, condição ou característica.”.

Sempre que ouço/leio essa palavra “empoderamento” eu penso em algumas mulheres/amigas. Essas mulheres pra mim representam empoderamento. Elas tem um tipo de poder que não se encaixa no significado feminista,  recebem um poder sobrenatural.

A J*é cristã, psicóloga, dona de casa, esposa de pastor, mãe de três filhos pequenos, sendo um deles ainda bebê, líder do ministério infantil em sua igreja.
A F* é cristã, enfermeira, esposa, dona de casa, mãe de três filhos pequenos, sendo um deles ainda bebê, tem um histórico com trabalho voluntário em relação à gravidez precoce e apoio a gestantes, vive em um país estrangeiro sem apoio de familiares; só ela, o marido e as crianças.
A K* é cristã, esposa, dona de casa, foi profissional do mercado editorial, atualmente empresária do ramo alimentício, criou uma rede de empresariado feminino em sua cidade, mãe de três filhos pequenos, sendo um deles ainda bebê, tem um histórico de atuação em trabalhos na internet com podcast.
A M* é cristã, esposa de pastor, formada em Teologia e Letras, com doutorado e pós-doutorado, mãe de dois filhos pequenos, atuou como professora em seminário bíblico.

Outro dia uma delas me confessou que se sente um fracasso pelo fato de não dar conta de tudo em alguns dias, eu respondi: “pra mim você é a mulher maravilha”.
Acho que todas essas mulheres que eu citei e outras tantas que vivem o mesmo estilo de vida são mulheres maravilhosas, empoderadas.
Imagina, a K* disse “não dou conta de tudo em alguns dias” e eu que não dou conta de mim mesmo em dia nenhum, a vida toda?!
Queria ter metade do poder que essas mulheres têm, não consigo governar a minha própria vida, muito menos uma casa com filhos pequenos, marido e uma carreira em paralelo.
Tenho admiração por essas empoderadas que não precisam fazer uso de atributos masculinos (se masculinizar). Elas usam toda a força e poder da natureza feminina para realizar o que realizam. Ser guerreira sem perder a feminilidade é um desafio em dias que as mulheres recorrem ao movimento feminista para alcançar seus objetivos.
Essas e tantas outras mulheres me dizem que é possível ser empoderada sem ser feminista, é possível ser “mulher cristã maravilha.”.
Para todas essas mulheres maravilhosas: obrigada pelo exemplo.
De uma simples mulher cristã não empoderada.

Obs: * Os nomes das mulheres foram ocultados por privacidade, no entanto são mulheres e histórias reais. Quem as conhece vai identificar.




sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Fraturas


Na infância é um pouco comum uma criança cair e quebrar o braço, entre uma brincadeira e outra. No final das contas há criança que se diverte com aquele gesso sendo rabiscados pelos amigos.
Já quebrei alguns ossos, e aprendi que osso quebrado é para sempre. Mesmo voltando ao lugar, mesmo colando, mesmo com muita fisioterapia, ele continua quebrado. Não há nada que faça voltar como era antes, é como a porcelana, podemos colar, mas a marca da quebra fica. No caso do osso, a marca é invisível a olho nu, uma radiografia nos mostra a cicatriz.
Com criança é diferente (ouvi dizer), o osso “cola” rapidamente e normalmente se regenera sem cicatriz, pois está em desenvolvimento. No sei como é isso, quebrei meus ossos quando já era adulta, azar o meu.
Aparentemente ninguém diz que fui quebrada. Só eu sinto as marcas da fratura, de vez em quando uma fisgada, uma dificuldade em andar, são lembranças de algo que não deu certo. Precisei de muita fisioterapia.
Coisas imateriais também quebram, podemos “quebrar a cara” quando mergulhamos de forma intensa num relacionamento, quebramos a confiança quando não cumprimos a palavra dada, tantas coisas podem ser quebradas e doem, doem tanto quanto o osso, quando a quebra vem de alguém que amamos.
Quebrar relações significativas é uma das dores mais intensas, sangra, abre chagas profundas que demoram a se curar, algumas não curam nunca.
Assim como acontece com os ossos, as outras fraturas podem deixar marcas, a fisioterapia consiste no perdão, no reconhecimento de que todos somos pecadores, que as pessoas que amamos também são passíveis de erros irreversíveis. O perdão nos ajuda a tratar as feridas, olhar com misericórdia nossos erros (meu e do outro) nos faz mais compassivos e ajuda amenizar a dor.
Embora nem sempre seja possível curar todas as feridas, e as cicatrizes nos lembrem da dor vivenciada; ainda é possível viver, ter um propósito e deixar um legado.
Assim como meus ossos fraturados não me impedem de caminhar; as outras fraturas não me impedem de amar, perdoar, ter misericórdia e compaixão.
Que possamos estar em constante fisioterapia das coisas quebradas em nossas vidas.
Não deixe as “fraturas” empedrar o coração.
Um coração quebrantado está além das “fraturas”.