terça-feira, 11 de novembro de 2014

Eu me entrego







Traumas da infância ...
… erros da juventude...
…. inevitáveis consequências.
A vida adulta floresce em meio a espinhos
Desejo descansar das dores, esquecer tantos erros
Caminho sangrando lentamente...
… sorrindo ...
…. as gotas caem.
O sorriso é meu melhor disfarce
As chagas gotejam sem manchar o caminho
Quase ninguém percebe
Eu me entrego
Minha fraqueza é minha fortaleza
Eu me entrego
Entrego minha história
ao Homem de dores
Entrego minha vida
e sobre Suas dores sinto paz.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Cristina





Uma mulher que se deleita nas palavras.

Uma mulher que é sensível sem ser frágil,

com sede pelo conhecimento

e um profundo amor pela Palavra

Uma mulher que ama poesia,

que se encanta com Portinari

e se emociona com a nona sinfonia.

Que sente um enorme horror pelas injustiças

e se revolta com a ignorância voluntária.

Uma mulher intensa, brincalhona, lúcida e irreverente.

É ela, a outra.



sábado, 11 de outubro de 2014

Meu corpo, minhas regras?


Há algum tempo observo o atual movimento feminista com o slogan “Meu corpo, minhas regras”.
Esse slogan, muito usado pelo grupo “feminazi” e simpatizantes transmite a ideia de que somente a mulher pode ditar as regras de seu corpo. Ela pode se prostituir, pode matar o bebê que está dentro dela, pode se exibir da maneira que achar melhor, entre outras coisas, pois o corpo é da mulher e quem manda é a dona. O que muitos ainda não entendem é que não, não sou dona do meu corpo, não tenho poder sobre ele.
Aprendi isso do pior jeito: atropelada pelo caminhão da imprevisibilidade.  
As contingências da vida podem um belo dia amputar esse suposto poder.
Vou partilhar um pouco da minha experiência, que me fez sentir na carne (literalmente), o quanto esse slogan é falso.
Tive três acidentes de trânsito, TRÊIIIIIIIS!!
No primeiro eu perdi os movimentos da mão direita (temporariamente)
No segundo eu fiquei imobilizada da cintura pra cima (temporariamente)
No terceiro e mais grave, fiquei imobilizada do pescoço pra baixo (temporariamente).
Fui levada de ambulância para o hospital, acordei oito horas mais tarde da anestesia geral, ainda meio zonza olhei para o meu corpo e me vi costurada. Inconformada questionei: “Quem foi que deu autorização para me abrir?”.
“Meu corpo, as regras da medicina.” Os médicos tinham que me abrir para salvar a minha vida.
Durante a internação, a dor era imensa, o momento do banho me dava pânico, pois elevava a dor em níveis estratosféricos. Um dia cheguei a implorar “pelo amor de Deus, não me dê banho, eu não me importo em ficar suja, mas não me dê banho.”
“Meu corpo, as regras do hospital.” As enfermeiras tinham que me dar banho.
Durante um tempo, perdi completamente o controle do meu corpo, o controle dos movimentos, e até mesmo das necessidades fisiológicas.
“Meu corpo, as regras da fisiologia.” Eu tinha que me adaptar as circunstâncias, as limitações impostas.
Durante a recuperação física o lema era “meu corpo, as regras da fisioterapia.” Eu tinha que fazer determinados exercícios conforme as orientações da fisioterapeuta para recuperar os movimentos perdidos.
Em todos os acidentes tive uma boa recuperação, voltei a ter uma vida normal.
O meu corpo passou por cirurgia, foi aberto e costurado, perdeu autonomia, teve que fazer meses de fisioterapia, sentiu muita dor e eu aprendi que não ditava as regras, que NÃO PODIA fazer o que queria com ele. Não sou dona do meu corpo, nem de nada nessa vida.
“Meu corpo, regras do viver.”             
A ilusão do poder acaba quando nos deparamos com a fragilidade e a pequenez da existência humana.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Melancolia




Sinto cheiro de gente asséptica
Eles participam do clube das pessoas perfeitas
O clube do qual nunca serei sócia
Todos lindos, bem vestidos.
Com seus  bebês pampers
Fofuras, gracinhas etc

Eles são pós graduados
Eles são viajados, são poliglotas
Fazem comercial de margarina na rede social
Instagram … lugar de gente feliz

Eles são meus amigos
Gente com perfume de perfeição
Esse odor me invade e me repele
Maltrapilha e manca
Recolho-me na Graça
Abrigo-me Nele.


domingo, 28 de setembro de 2014

A hermenêutica do curtir



  

1.  curti porque gostei do você escreveu (concordando ou não)
2.  não gostei e você sabe muito bem disso, curti só pra mostrar  que eu li
3.  gostei da sua foto ou da legenda, ou das duas coisas
4.  curti para dizer: “olá linda (o) estou te olho em você.”
5.  curti só pra te dar uma “moral”
6.  curti porque fiquei feliz por você
7. não gostei, mas curti para mostrar que sou solidário ao seu momento triste
8. curti só pra interagir com você, amigo virtual
9. curti porque você também me curte (trocar likes)
10. não posso ler agora, curti para depois ver meu histórico de curtidas e ler a postagem/link
11. curti para mostrar que estou ciente da notícia/recado dado
12. curti sem querer, por acidente
13. curti sua indireta para mostrar que entendi o recado
14. curti porque gostei da noticia
15. curti porque me identifiquei
16. curti porque fotos de bebês fofinhos sorrindo é impossível não curtir
17. curti seu check in para dizer “que bom que você está aí” ou “eu também queria estar aí”
18. curti porque achei engraçado
19. não gostei da noticia/link, mas curti a análise feita
20. curti porque  gosto de tudo o que você posta, coisa de fã.

domingo, 21 de setembro de 2014

O Belo e a beleza


Ver...
Ouvir...
Sentir...
 o Belo
Eu vejo o Belo
Eu O vejo num dia ensolarado com as nuvens bem “fofinhas”
Nos dias de chuva também
Ele está nos poemas de Drummond e nos versos de Pessoa
Eu O vejo no desabrochar das flores
Eu O ouço na música que as ondas do mar tocam
Na melodia de Beethoven
Ah, a nona sinfonia!
Eu O sinto quando vejo a super Lua
Ele está presente no nascer e pôr do Sol
No arco colorido
No beija flor
Na borboleta
No vaga-lume
Nas telas de Portinari
No sorriso dos bebês
Eu O vejo, sinto, ouço
O mundo está repleto de beleza
O mundo está repleto da presença inequívoca do Belo.

domingo, 20 de julho de 2014

As Letras e o “comboio de corda...”


“A linguagem é o modo do pensamento se tornar efetivo. (...) Ninguém pode pensar sem palavras.”    (Friedrich Schleiermacher)
A linguagem é o pensamento na prática. Exercitá-la, seja na forma escrita ou falada, é exercitar o pensamento. Ler e escrever são as duas faces da mesma moeda. Quando nossa linguagem é lapidada, por consequência nosso pensamento também é. As ideias e as emoções são de certa forma organizadas e até categorizadas. Uma linguagem lapidada tem melhores condições de identificar sentimentos e encaixá-los adequadamente gerando ações  mais coerentes com as situações apresentadas.

Particularmente falando, muito do meu desenvolvimento emocional e psíquico, eu devo a leitura e a escrita. Foi por meio da literatura que aprendi muito sobre meu ser e sobre o mundo. A introspecção me levou às Letras. As palavras se tornaram o principal contato com o mundo. Ler para desvendar a vida,  escrever para  despojar as interpretações que fazia do que lia e do que vivenciava.
A prática me mostrou que quanto mais eu lia e escrevia, melhor conseguia lidar com minhas experiências, a literatura me ensinou a usar as palavras em consonância com meu interior, também percebi que usar as palavras sendo fiel aos seu significados era importante. Corromper as palavras era de certa forma, também corromper meus sentimentos, deturpar as palavras era deturpar o meu próprio discurso, ser fiel aos significados era ser fiel a mim mesmo.
Pois como querer expressar X dizendo Y?
Fiz do dicionário um companheiro fiel, e cada vez mais a literatura me mostrava que uma boa prática da escrita e leitura levava à uma compreensão melhor da alma. 
O mestre “Will” foi a prova das minhas percepções. Shakespeare foi excepcional  em mostrar a complexidade da alma humana em todas as nuances e sutilezas por meio do teatro, poucos conseguiram expor os sentimentos de ambição e vingança como o “Will” em Ricardo III, e o que dizer do monstro de olhos verdes (ciúme) em Otelo?
Mesmo aqueles que não possuem a erudição de um grande escritor, é capaz de treinar a linguagem ajustando-a ao seu mundo interior e com isso melhorar seu  discurso.
A literatura é uma via de mão dupla, ela apura a linguagem e proporciona um melhor conhecimento da alma. E essa ferramenta é acessível a todos, a literatura está em toda parte; em livros, no teatro, na música, nas novelas e filmes. Na verdade a literatura está por toda parte, muitas vezes disfarçada em uma nova roupagem.
A questão colocada não é intelectualidade, esnobismo literário, ou pedantismo gramatical, é entender que nossa linguagem está profundamente ligada a nossa alma. E a literatura é um grande apoio para essa ponte.


As Letras ajudam na compreensão desse “comboio de corda que se chama o coração”.

domingo, 4 de maio de 2014

O alguém "certo"



Eu quero tocar o coração
Ele quer tocar violão
Eu quero jogos de amor
Ele quer Palmeiras X Corinthians
Olhando ao redor
Vejo casais se dando bem
E eu também quero me dar bem
Quero encontrar alguém
Que também queira me encontrar
Que mergulhe em meu oceano de mistérios
Que queira entrar em meu mundinho e fazer parte dele
Que me faça rir e chorar ao mesmo tempo
Alguém que não finja ser o que não é
Quero ter alguém por inteiro e que possa confiar
Que não banalize o que eu valorizo
Quero ser esse alguém para alguém
Quero o alguém "certo"

O trabalho enobrece?!

         Sem trabalho não tenho dignidade
         Que infelicidade!

         Com trabalho a areia da ampulheta tem pressa
         A roda do tempo gira mais depressa

         O trabalho me dá o pão de cada dia
         O trabalho me rouba o dia

         Trabalhar, trabalhar..
         Todo dia, todo dia

         O dia todo, só penso em descansar
         A noite, já penso no trabalho de amanhã

         É trabalho, é trabalho
         Hoje, amanhã e todo dia

         Trabalhar enobrece? 
         Quando é que serei nobre?
         E nobre trabalha?

         Enobrecer cansa
         Trabalhar dá trabalho!

A pessoa especial


Você conhece uma pessoa especial
Você se envolve, ela não
Vocês se esbarram por aí...
Você nem tem a chance de dizer: “Olá, como vai?”
Ela te ignora, vai embora
Como se nunca tivessem se conhecido
São estranhos
Como algo que foi doce, se torna amargo?
Enquanto o outro está curtindo a vida
Você tenta encontrar uma forma de preencher o vazio do coração
Saí, se diverte, conhece outras pessoas
Mas seu coração ainda está machucado pelo desprezo
Será que um dia... Você entenderá?
Será que um dia... Você saberá o motivo da frieza?
Tentar compreender as razões do outro só te deixa pior
Não adianta, Não há nada a fazer
Nenhuma atitude sua fará o outro compreender
O quanto dói essa rejeição
É a maturidade
A maturidade de ambos
É você enfim perceber
Que deve dizer adeus
Dizer adeus aos que te dizem não. Não quero.
Dizer adeus às desculpas esfarrapadas
É hora de dizer sim.
Sim para alguém que está esperando para entrar na sua vida
Sim para alguém que espera seu sim
Sim para a pessoa especial
Sim para alguém que fará você ser especial.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

The Unforgiven



A banda de rock Metallica tem uma trilogia chamada “The Unforgiven” (Os imperdoáveis), todas elas falam de perdão, um tema universal. As três músicas são do álbum Metallica (1991) ReLoad (1997) e Death Magnetic(2008), respectivamente.
Quando você intui de alguma forma que algo esconde uma certa beleza e profundidade, mas não compreende exatamente o quê, você continua admirando até que o tempo e o amadurecimento  te façam enxergar a mensagem contida numa obra, esse é o caso.
Só pra situar quem não conhece as músicas:
O personagem da trilogia sofria com as injustiças e opressões que as outras pessoas/a sociedade lhe impunham. E ele faz a promessa de não permitir que seu desejo por liberdade seja tirado, ele luta constantemente, mas com o passar do tempo ele se torna amargo e declara que seus opressores são imperdoáveis.
Alguns trechos da trilogia:

O jovem homem aguenta e aguenta,
ele faz um juramento para si mesmo
Que nunca a partir deste dia
Eles vão tirar o seu desejo [...]
Este homem se torna amargo

Vocês me rotularam
Eu rotularei vocês
Então eu os nomeio imperdoáveis

Porque eu sou aquele que espera por você
Ou você é imperdoável também?

Porque você é imperdoável


Eu poderia fazer várias outras citações, pois as letras dessa trilogia musical são ricas no assunto, mas prefiro que você  além de ler esse texto, ouça e preste atenção nas letras de cada uma.
O que mais me chamou a atenção foi  o clipe oficial  "The Unforgiven". 



Na época de lançamento, eu era uma assídua cliente da MTV,  a música fez muito sucesso, o clipe era bastante reprisado. Apesar de achá-lo muito triste, sempre me fazia refletir sobre “o imperdoável”. O clipe mostra uma situação que eu considerava inimaginável, o interpretava quase de maneira literal e sentenciava: isso é mesmo imperdoável!
Para minha tristeza e choque de realidade acerca da natureza humana, outras coisas me disseram: “é imperdoável”.
Uma filha que mata os pais: é imperdoável.
Um pai que joga a filha pela janela: é imperdoável
Entre tantas atrocidades que são noticiadas todos os dias, eu cri que existem coisas que são imperdoáveis, e mais: considerei que pessoas que praticam tais ações são imperdoáveis. As músicas também colocam no outro a etiqueta de  “o imperdoável”
Até o dia em que percebi que também fazia coisas imperdoáveis aos olhos de outras pessoas, portanto eu também era imperdoável.
E agora, como ser perdoada? Como viver  bem sabendo que sou imperdoável?
Você já se sentiu “imperdoável” ? E o que fazer  para receber o perdão?
Não sei você, mas pra mim a percepção de ser imperdoável e receber perdão veio ao mesmo tempo. Eu soube que era imperdoável no momento em que percebi que  havia sido perdoada.
Fui colocada diante de um espelho, vi que era um ser tão doente quanto os outros que eu julgava. Ele me mostrou quem eu sou, o que mereço e assim que enxerguei o castigo que merecia,  me apropriei do perdão oferecido.
Até então eu era a vítima de um  mundo cruel, os outros é que eram “os imperdoáveis”.

 “Verdadeiramente Ele tomou sobre si as minhas dores e as levou, Ele foi transpassado por causa dos meus erros, o castigo que me trouxe a paz estava sobre Ele, e pelas suas feridas fui curada.”








quinta-feira, 27 de março de 2014

Arco Iris


                          

Eu queria o arco-íris
Ah como eu queria!

Eu queria fazer o impossível, possível
Eu queria...
Fazer as pazes comigo
Eu queria...
Abraçar meus fantasmas
Eu queria...
Aceitar as coisas que não posso mudar
Queria...
Ser uma boba alegre
Queria...
Expulsar a melancolia

Eu queria o arco-íris
Ah como eu queria!

O céu esconde-se  em meio a tantas nuvens escuras
A cada manhã, vejo meu passado inteiro
Peregrino entre os erros
Procuro abrigo nos tímidos raios de sol
É primavera
É verão
Mas só chove, chove...

Eu queria o arco-íris
Ah como eu queria!


sábado, 22 de março de 2014

O ferido que fere


Há algo nesse mundo que me deixa muito triste, é o ferido que fere.
A pessoa que foi machucada e por isso acaba machucando os outros, sai por aí com sua “metralhadora cheia de mágoas”, atirando para todos os lados, acertando inocentes com balas perdidas, às vezes pessoas que nada tem a ver com seu passado.
O ferido que fere existe em diversos âmbitos, no religioso também; são os antirreligiosos, como os ateus, agnósticos, ex-evangélicos, deístas, entre outros que foram alvo de impropérios por causa da ignorância ou falta de bom senso mesmo de pessoas do meio religioso.
Confesso que faço parte dessa triste estatística dos “feridos em nome de Deus”, porém me policio para não fazer aos outros o que já fizeram comigo, pois fui agnóstica a maior parte da minha vida e cansei de ser chamada de impia, gente “sem Deus no coração” e outras coisas do gênero, e mesmo depois de convertida ouvi coisas bem desagradáveis. Por isso peço desculpas antecipadas àqueles que se identificarem no texto.
Conheço muitos antirreligiosos, alguns são ex-evangélicos, pessoas que abandonaram a igreja, passaram circunstâncias dolorosas na instituição, foram negligenciados em suas necessidades espirituais, e feridos.
Esses antirreligiosos fazem uma intensa propaganda contra a fé e as instituições, disparam seu ressentimento em forma de escárnio, destilam veneno em cada comentário. Adoram usar aqueles que pisam na bola para demonizar a fé, usam o sarcasmo constantemente, sádicos que tem prazer em depreciar as pessoas e ridicularizar a fé cristã.
Muitas vezes, acabam atingindo outros ao seu redor, porque quando eu falo mal de um determinado segmento, indiretamente atinjo quem faz parte dele. Certamente seu eu falar mal do movimento ateísta (por exemplo), pode ser que algum ateu se sinta atingido, e a relação fica comprometida, pois nem todos sabem separar de forma saudável uma coisa da outra. Já vi pessoas enfraquecerem e até perderem amizades por causa de posicionamentos intolerantes, tanto de um lado, quanto de outro.
Agora falando de forma mais pessoal, não fico triste por mim, as criticas que vejo não atingem a minha fé, eu sei em quê tenho crido e ainda mais em Quem eu tenho crido.
O que realmente me deixa triste, é ver pessoas que não superaram sua dor, não se libertaram dos seus carrascos. “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você” já dizia Jean Paul Sartre. Lamentavelmente muitos que foram feridos pelos religiosos tornaram-se cínicos.
O antirreligioso se diz um defensor da liberdade, usa como máscara o pluralismo e relativismo para disfarçar suas mágoas com a religião, pois esta não lhe deu as respostas que precisava.
Pelo fato de tanto atacar, acaba também sendo contra atacado pelos defensores da fé que valorizam mais sua crença do que o ser humano. Como o próprio nome sugere, apologética se faz com ética, no entanto e infelizmente, muitos crentes ainda usam a Palavra para ferir, e não para curar.
Sim “...a Palavra de Deus é  viva e eficaz, e mais penetrante do que espada, e penetra até a divisão da alma e do espirito...” E assim como uma faca não deve ser manuseada por uma criança pequena, a Palavra  que é mais penetrante que qualquer objeto cortante, se mal utilizada pode causar grandes danos a Cristandade. Então lembre-se, quem penetra o coração do outro é a Palavra, e não você (crente) que em nome da Verdade, a usa para ferir as pessoas.
E isso se torna um círculo vicioso, o ferido acaba ferindo a si e aos outros na tentativa de dar o troco, mesmo quando é  “sem intenção”.
Quem vai pôr fim nesse círculo?




sábado, 8 de março de 2014

Confissão de uma cristã paradoxal


Sou uma boa pessoa. É isso que quero ser e quero que as pessoas pensem.
Quero controlar os maus impulsos e ser cada dia melhor.
Ser amável e generosa, quero ser alento para quem precisa ser salvo da ira, do ressentimento, da tristeza de um dia mau.
Quero amenizar a dor de alguém com palavras de conforto.
Quero todos os dias só pensar no que é verdadeiro, puro e justo.
Quero ser abrigo, ombro e colo.
Quero agradecer por tudo que possuo, pois sei que tenho mais do que mereço.
Quero ter boas palavras nos lábios, bons pensamentos na mente e bons sentimentos no coração, o tempo todo!
Mas não consigo, não consigo!
Ao tentar passar pela porta estreita, fico emperrada em minha humanidade e egoísmo.
Miserável criatura! O mal que eu não quero fazer, eu faço. O bem que quero, não faço.
Prefiro sentir inveja daqueles que têm o que eu gostaria de ter.
Escolho me afastar de pessoas que me ferem repetidamente em vez de um diálogo restaurador. Sinceramente, sair de cena é tão mais confortável!
Dominada pela preguiça deixo coisas importantes por fazer e pela procrastinação deixo pessoas preciosas de lado.
Sou cristã, e não, não sou uma boa pessoa. Minhas (pretensas) boas ações são uma forma de maquiar minha humanidade (maldade).
Vou à igreja, não tem ninguém, os bancos lotados, ninguém para caminhar ao meu lado.
Sou eu quem precisa de abrigo, colo e ombro.
Sinto-me só em meio a multidão, melancólica ao ver tanto riso frívolo.
Estou cheia de conversas vazias!
Em busca do “ser” tenho como companhia constante: a queda.
Tropeçando em minhas próprias contradições, desanimo do bom testemunho.
Sem conseguir ser sal, nem luz, sou convencida de que ser piedosa é utopia.
À beira do abismo, continuo desejosa de me tornar alguém melhor, de fazer tudo o que consta na lista de boas pessoas.
E antes que minha alma desabe, lembro daquilo que me dá esperança.
A esperança de continuar ser discípula apesar das limitações, porque acima das minhas incoerências está a bondade do Senhor.
Sua infinita misericórdia me resgata do precipício da perfeição.

sábado, 1 de março de 2014

Carpe Diem


Carpe diem é um termo em latim, e é traduzido para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato.
Conheci essa expressão no filme "Sociedade dos Poetas Mortos" , em que o professor Keating (Robin Williams) utiliza-a para incentivar seus alunos a viverem bem, “Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas."
Percebi que existem duas formas de interpretar essa expressão, uma é o “comamos e bebamos, pois amanhã morreremos” , eu diria que é uma forma inconsequente de viver o Carpe diem, e até mesmo desprezar o sentido mais profundo que essa expressão nos traz.
A outra forma de ver o Carpe Diem é justamente o oposto: porque morreremos amanhã, não podemos só comer e beber, isto é, só viver os prazeres da vida.
Alguns dias atrás estava me sentindo incomodada ao observar tamanha negligência com a vida que algumas pessoas tem. Lembrei-me das lições que essa pequena expressão pode nos dar.
Ao comentar isso com alguns amigos, a questão vida após a morte entrou no debate. Certamente a crença faz muita diferença na maneira como interpretamos o Carpe Diem. Mas também acredito que independente da sua crença religiosa, podemos ter uma visão mais profunda do Carpe diem, de aproveitar o dia e viver bem.
No filme o professor explica aos seus alunos que os poetas antigos se dedicavam a extrair a essência da vida, “Um dia vamos parar de respirar, vamos ficar frios e morrer”, uma maneira de tentar passar aos jovens que a vida é muito mais do que eles imaginavam.
E as reflexões que devemos fazer são: quando pararmos de respirar, o que ficará? O que estamos deixando nesse mundo? O que estamos plantando no coração das pessoas? Como seremos lembrados? Qual será nosso legado à humanidade?
A dieta, esses 5 quilos a mais, farão mesmo diferença? Do quê as pessoas se lembrarão em nosso enterro, nossas roupas de grife, o carro?
Será que o número de viagens que fizemos tornará a vida de alguém melhor? E qual foi o uso que fizemos de nosso conhecimento, de nossos diplomas?

Torne sua vida extraordinária! CARPE DIEM!

domingo, 23 de fevereiro de 2014

"Experimentar Deus"



          Muitas pessoas debatem doutrinas religiosas, entram em discursos sobre Deus e o Sagrado.
          Como cristã, considero que fé não combina com ignorância bíblica, e mesmo assim existem diversas coisas sobre a bíblia das quais eu não saberia responder se me perguntassem.
       O mundo foi criado em 7 dias de 24 horas, ou esse tempo é uma metáfora? Onde estavam os dinossauros? E onde no texto sagrado encontro informações sobre a era do gelo? O Deus do Antigo Testamento é mesmo um genocida?  Como um só Deus ao mesmo tempo é três? E tantas outras questões.
       Apesar de considerar a teologia essencial, não me envergonho de dizer que sei bem pouco. É importante ter as respostas, mas minha fé não depende dessas respostas, sejam elas quais forem. Porque minha fé não nasceu de doutrinas, de proselitismo, de ensino. Não nasci em berço cristão, nem frequentei escola bíblica desde criança, resumindo: não fui ensinada a ser cristã, como muitos pensam.
         Ainda que eu não tenha todas as respostas importantes que gostaria de ter, embora não tenha uma sólida base teológica para minhas convicções, uma coisa eu sei e afirmo com absoluta segurança: “eu era cega e agora vejo”.
        Minha fé é fruto de uma experiência sobrenatural, e as palavras são insuficientes para descrevê-la. Experimentar Deus é algo único e paradoxal, ter um encontro com o Eterno traz a consciência da miserabilidade humana ao mesmo tempo em que mostra o incomensurável amor Dele. Fiquei “nua” diante do Senhor, me deram um espelho e vi um ser doente, de um valor inestimável ao Cordeiro.
       Sim, é possível dizer como Jó: antes sabia de Deus só por ouvir falar (pelas religiões, pelas igrejas, pelos religiosos); agora meus olhos O veem, eu O experimentei.