sexta-feira, 14 de junho de 2019

Empoderada era minha avó




Às mulheres da minha família

A velocidade do som é algo realmente surpreendente: você ouve coisas aos 20 anos e só escuta lá pelos 40. Tenho aprendido a valorizar e admirar meus antepassados. Os erros dos meus pais já não me parecem absurdos como pareciam na juventude.
Minha avó e tias não conheciam os termos empoderamento ou sororidade, mas eram na prática mulheres fortes e compassivas. As empoderadas de hoje se dizem autossuficientes, muitas acreditam que seu valor está num currículo Lattes, não assumem que são homens e mulheres juntos que constroem a sociedade, são mulheres que em sua maioria receberam um mundo pronto aos seus pés.  Dessa geração uma mínima parte teve que "desbravar" alguma coisa.
Empoderada?
Empoderada era minha vó.
Trabalhava em casa e na roça. Foi mulher, esposa, mãe de 8 filhos, dona de casa, servia na igreja local, fazia trabalho voluntário individualmente, participava de grupos de apoio etc. 
Hoje ao refletir sobre a mulher de fibra que era, penso nas mulheres de hoje que não aguentam metade, eu mesmo não sou 10% da mulher que minha vó foi.  As mulheres da minha família são em geral mulheres fortes. Mulheres da roça que continuam fazendo trabalhos braçais mesmo depois de se tornarem avós e ter tecnologias à disposição. Mulheres fortes não só fisicamente, aliás, a disposição física dessa geração é fruto da força moral. 
Minha geração infelizmente não seguiu os passos da minha vó e tias. Essas guerreiras demoraram ter micro-ondas e máquinas de lavar, criaram os filhos com fraldas de pano, que lavavam no braço.
Tiravam o leite para o café da manhã manualmente ou o leiteiro trazia em garrafas de vidro.
Almoço aos domingos era um grande acontecimento. Família toda reunida: vó, vô, tios, tias e uma multidão de primos. Matava-se galinha e/ou porco da própria criação para o almoço. Minha vó matava galinha torcendo o pescoço dela, vi a cena diversas vezes. Faziam doce de leite e outros doces em panelões para a sobremesa. Muitos se envolviam no preparo das pamonhas, era tipo produção, cada um fazia uma coisa, até as crianças participavam. Fazer pamonhas não era simplesmente culinária, era nosso evento familiar que ocupava quase todo o quintal grande da casa de uma das tias. O momento em que toda família "trabalhava" para desfrutar juntos do resultado. Trabalho prazeroso e divertido. Comunhão. 
Mulheres que tinham o poder de unir a família e ser/fazer apoio sólido entre si.
Hoje com o conceito de família se deteriorando, mulheres fúteis/vulgares se auto declarando empoderadas, com a epidemia de homeninos e toda decadência moral enxergo com mais clareza as virtudes dos meus antepassados. Mais do que compreender o que era dito, hoje percebo o valor do exemplo que elas me deram. Sou grata por ter na genealogia essas mulheres.



quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mulher forte



Uma mulher forte 
Um menino canalha 
Um amor unilateral
Ela ficou vulnerável 
Ele transformou suas qualidades em defeitos 
Despertou seus monstros interiores 
Ela doou mais do que devia 
Ele a sugou covardemente 
Ela tinha medo de perdê-lo 
Ele é quem perdeu.
Ele quebrou seu coração 
Das partes quebradas 
Ela fez asas 
Voou 
Mais forte do que nunca.