domingo, 16 de outubro de 2016

Sobre o sentido da vida


A meditação sobre a finitude da vida amadurece, aproximar-se da morte e sentir o cheiro da insignificância de tudo nos dá uma amostra de uma sabedoria que creio só os antigos saborearam. Nossa modernidade líquida, como diria Bauman, não medita mais sobre a brevidade da vida.
Para as pessoas rasas, que não pensam em longo prazo, principalmente sobre as
consequências de suas ações, a vida é bela e ponto. Porém, mais do que bela, a
vida exige respostas, responsabilidade.
A preciosidade da vida reside justamente em sua brevidade.
Sábio é aquele que responde às situações da vida cônscio de sua fugacidade.
Ser sábio não significa dar sempre as respostas certas, não cair, não falhar.
Sábio é aquele que diante das fragilidades aprende a transformar a si mesmo. É nas fragilidades que a dor rima com amor, no exercício da compaixão, dada e recebida.
Não podemos fugir da dor e da morte, são coisas que cedo ou tarde nos encontrará, o que podemos fazer é dar dignidade a nossa morte, é elevar o valor da nossa dor.
Dar dignidade a nossa morte é deixar um legado, uma vida que deixa marcas indeléveis, um legado é quando suas pegadas não são apagadas facilmente, ao contrário, são seguidas.
Elevar a dor é usá-la para o bem do próximo. É dar um significado maior do que sua própria vida.

Unir suas experiências a outras vidas é dar sentido à existência.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O arisco e a sensível



Vi essa imagem rolando por aí esses dias e vi diversas interpretações.
“Dormindo com o inimigo”
“Jugo desigual”
“O pecado e o Homem”
Além dessas, vi outra mensagem nessa imagem.
“O arisco e a sensível”
O arisco é aquele que se comporta de modo arredio ou esquivo, que foge ao convívio social, indivíduo que se afasta quando começa a intimidade, tem um gênio complicado de se lidar, intratável.
Sensível é a pessoa emocional, que se deixa comover com facilidade, empática; que tende a compartilhar do sofrimento alheio, solidária; que expressa compreensão e solidariedade, que é afetada com facilidade por atitudes alheias.
Parece óbvio que o primeiro sempre fere o segundo, eu já vi esse tipo de relacionamento. E não é necessariamente uma relação romântica, pode ser entre amigos, parentes, colegas de trabalho etc.
Não é que o arisco não tenha sentimentos, mas é que existe uma casca espinhosa cobrindo-os.
A pessoa sensível não é tão virtuosa como parece, falta-lhe maturidade emocional para não se deixar ser atingida pelos espinhos do arisco. A maturidade emocional lhe permite distinguir o que é seu e o que é do outro e não pegar para si o que não lhe pertence; isto é, os espinhos não são meus e muito menos responsabilidade minha.
Cada um com suas características!
E ao contrário do que li, creio que esse tipo de relacionamento pode ser benéfico para ambos.
Se os dois enxergam suas limitações é possível que cada um amadureça com a relação, não é preciso romper ou se afastar.
Creio que uma relação como essa, em longo prazo, possa fazer que o arisco seja menos arisco e que o sensível se fortaleça emocionalmente.