Será que palavras
ofensivas, deboches e condutas que oprimem a ideologia alheia podem ser
consideradas liberdade de expressão? Qual seria o limite entre liberdade de
expressão e discurso de ódio?
Oprimir o
sujeito em seu direito de opinião só mostra que a morte da ditadura é uma
ilusão; que o atual contexto em que vivemos, onde uma pessoa ou grupo de
pessoas é ridicularizado por suas convicções, nos coloca diante da violência no
seu mais sofisticado disfarce: a intelectualidade.
Infelizmente
esse termo foi contaminado. O intelectual deveria ser a pessoa que usa o
intelecto (inteligência, raciocínio) para refletir, discernir e usar essa capacidade
para coisas relevantes na sociedade, a intelectualidade deveria estar a serviço
do bem social. Mas o que vemos hoje é um bando de moleques (independente da
idade), moleques sim, porque não amadureceram; lêem meia dúzia de livros e “se
acham”.
Alguns se
acham homens só porque possui carteira de habilitação, outros se acham maduros
só porque tem filhos com mais de 1,60 m de altura. Na verdade não passam de
inquisidores modernos, sempre a procura da vírgula que justifique a fogueira. Cheios
de falácias e sofismas, doutrinados a queimar qualquer um que se oponha aos
seus argumentos.
A fogueira
moderna tem várias facetas; ora vem em forma de escárnio, ora em forma de
atitude revolucionária.
O fulano
veste o uniforme de indignado usando palavras politizadas, se achando no
direito de praticar a violência intelectual, no melhor estilo: “eu entendo do
assunto”.
Como disse
uma amiga essa semana, algumas ofensas parecem pequenas, aparecem em forma de
brincadeiras e por vezes passam despercebidas. Se deixarmos essas posturas
livres e soltas estaremos regando a banalização do mal.
Aí o sujeito
fala: era só brincadeira, sem maldade! E quando nos damos conta, estamos
amordaçados, seqüestrados em nossa subjetividade, roubados em nosso direito de
ser e estar no mundo.
Não, meu
caro, você não pode zombar dos outros.
Não. Você não
pode sair por aí ofendendo daquilo que discorda.
Não. Você
não pode oprimir os outros com sua “intelectualidade”.
A menos que
você queira conscientemente contribuir para o mal e sua crescente banalização.
“Tempo,
quero viver mais duzentos anos. Quero não ferir meu semelhante, nem por isso
quero me ferir. Vamos precisar de todo mundo prá banir do mundo a opressão. Para
construir a vida nova, vamos precisar de muito amor.” (Beto Guedes)