Já houve época em que acreditei no clichê “o importante é ser feliz”, hoje sei que o importante mesmo é cumprir a missão antes de partir.
A ingenuidade também me
fez acreditar que deveria ser “boazinha”. Hoje sei que bondade não tem a
ver com complacência burra, isto é, permitir ser manipulada e usada.
Aprendi que a empatia é importante e que a dignidade também,
e ainda melhor quando consigo unir as duas coisas.
Por que é tão difícil
praticarmos uma verdadeira empatia e alteridade pelas pessoas que estão à nossa
volta sem se perder no caminho?
É possível ser
esvaziados de si na doação sem ser roubados em nossa subjetividade?
Como é bom
encontrarmos alguém para se desnudar, compartilhar nossa história, criar
laços de alma!
Mas, e quando as
coisas não vão bem? Como é ouvir exatamente o que eu disse, só que agora contra
mim? Ou ser ridicularizado por nossas peculiaridades?
Soltar ou não os
nossos fantasmas correndo o risco de sermos assombrados depois?
Bem sei que não
tenho controle sobre as ações de outras pessoas, afinal mal tenho controle
sobre minhas próprias ações. “Pois o bem que quero, não faço; mas o mal que não
quero, este faço.”
Cada pessoa é um universo
único: teve outra vida, outras vivências, outros traumas, outras
questões. Não posso e não devo compará-la com minha vida ou com
qualquer outra pessoa/vida. A singularidade é uma das características mais
belas do ser humano. Cada pessoa que conhecemos é um quebra-cabeça, nem
por isso precisamos decifrá-la de imediato.
Às vezes ficamos
tentando entender o que não é possível apenas pelo intelecto, é preciso acolher
para que o relacionamento desabroche e só depois, talvez possamos
compreender. Entrar no mundinho alheio leva tempo e exige paciência.
Interaja com empatia, ouça
sem pensar em retrucar, sem dizer o que teria feito no lugar dela, ou naquela
coisa parecida que aconteceu com um amigo seu. Deixe de lado suas
opiniões, seus julgamentos de valor.
Se a pessoa pedir
expressamente sua opinião, seja comedido; nem sempre conhecemos
todo o enredo. Conhecendo-se aos poucos, as expectativas e frustrações podem diminuir.
As pessoas sempre
reclamam das decepções. Frustramo-nos quando o outro não age da forma
como esperávamos. No entanto, já parou para pensar nesse outro, no fardo
que colocamos nele?
As pessoas não tem a
obrigação de atender nossas expectativas.
Muitas vezes a
decepção é só nossa, somos responsáveis pelo que sentimos. Ignoramos o
direito de cada um ser o que é, exigindo que sua pessoalidade se
enquadre em nossos critérios.
As expectativas nos
aprisionam e coloca o outro em uma prisão também.
Se quiser ter certeza
do fracasso de um relacionamento é isto, esperar que o outro seja/faça/aja/conforme
esperamos.
Sinceramente, não
quero que as pessoas esperem muito de mim, não sou perfeita nem boazinha. Sou
egoísta por natureza, preguiçosa, entre tantos outros adjetivos negativos.
Falar sobre eles não
é uma desculpa para agir mal, mas reconhecer a minha incapacidade de atender as
minhas próprias expectativas que são grandes o suficiente para que eu venha
também carregar as expectativas alheias.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.”
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