É muito difícil pensar na minha
1º viagem missionária sem associar ao programa de TV.
Imaginem
25/30 pessoas (em média), morando numa casa com piscina, longe de casa, da
família, dos amigos, sem rádio, TV, internet; enfim fora do mundo. Senti-me uma
BBB mesmo. No decorrer dos dias pessoas entravam, pessoas saíam, recebíamos
visitas, tinha o quarto dos líderes, momentos descontraídos, não tinham as
câmeras e nem o confessionário, ainda bem! Havia um pesqueiro ao lado da casa
que muitas vezes foi um refúgio em momentos críticos.
Era
um intensivão, essa convivência fez com que 24 horas parecessem duas semanas,
pessoas desconhecidas se tornaram amigas de infância.
Um
desafio! Questionava-me o tempo todo: o que eu estou fazendo aqui?
Sem
conhecer os demais participantes e com a única companheira de quarto sem trocar
nenhuma palavra comigo, ficou quase impossível não se sentir inadequada e
solitária.
Pensava
muito em voltar para casa, estar junto de pessoas queridas, uma noite cheguei a
sonhar que no dia de folga das atividades voltava para casa e passava o dia
todo bem.
Durante
os louvores, os estudos, os testemunhos; pude perceber que esse retiro pessoal
imposto era propósito de Deus para trabalhar características em minha vida.
Algumas coisas requerem tempo e isolamento.
Sem
nenhuma válvula de escape, tive que me confrontar com coisas mal resolvidas.
Sentir-me
só, isolada, até mesmo sentir-me abandonada (estando cercada por tantas
pessoas) era muito desagradável. A leitura e a escrita eram minhas únicas
companheiras.
Abrir
o coração para a cura dói, e eu não estava disposta a deixar as portas e as
feridas abertas, principalmente porque não enxergava nenhum amigo à minha
volta.
Sem
confiar em ninguém da casa, esperei ansiosamente por uma resposta de Deus às
minhas aflitas orações diárias.
Quando
estava prestes para pedir para sair da casa, Deus me revelou seus propósitos.
Então me rendi aos Seus planos e deixei minhas questões pessoais de lado e
foquei minha atenção ao projeto.
Meu
coração se encheu de amor pelo próximo, inclusive por aqueles com os quais não
me simpatizava. A partir desse momento consegui estabelecer relacionamento com
outros integrantes do projeto.
Apesar
da carência absurda que sentia o Senhor mostrou-me as necessidades espirituais
das pessoas ao meu redor.
Até
este momento sabia do poder de Deus operando em minha própria vida e agora
testemunhava Jesus operando na vida de outras pessoas.
Enquanto
os olhos do meu coração se abriam, questões individuais pediam minha atenção,
desta vez de forma mais reveladora, confirmando sonhos e objetivos de vida.
Aos
poucos o Espírito Santo foi restaurando meu ser, sentia a cada dia a
transformação, Cristo enchendo meu interior.
Uma
nova crise se abateu em mim, uma pessoa da casa rejeitava minha presença o
tempo todo, me senti uma leprosa dos tempos de Jesus, fiquei com vontade de
sair correndo daquele lugar. Sem que ninguém percebesse saía à noite para orar,
enquanto todos se reuniam para se divertir, eu ia para o meu “lugar de oração”,
clamava ao Senhor, após alguns dias Deus me revelou o interior da pessoa e
recebi mais uma vez a benção de um milagre.
Numa
dessas noites de orações, tive uma experiência sobrenatural, daquelas que não tem
nem como descrever, é mais do que as palavras conseguem expressar.
Senti
o Espírito Santo entrando em meu ser, fazendo morada em meu espírito.
Compreendi
de forma definitiva que “vivo porque Cristo ressuscitou”.
O
relacionamento com as pessoas da casa foi amadurecendo e algo intrigante
aconteceu, eu sentia saudades de pessoas que estavam morando junto comigo, que
passava quase o dia todo ao meu lado, loucura!
Foi
um tratamento de choque, várias coisas contribuíram para esses 30 dias se
tornarem inesquecíveis: ver milagres acontecendo, revelações, quebrantamento,
pessoas que deixaram uma tatuagem em meu coração.
Vivenciei
2 Crônicas 7:14: chamei pelo nome do Senhor, me humilhei, orei, busquei a sua
face, me converti dos meus maus caminhos, então Ele ouviu dos céus, perdoou os
meus pecados e sarou a minha terra (o meu ser).
Tive
a resposta para o que eu tanto questionei durante vários dias.
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