segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Cristina
Uma mulher que se deleita nas palavras.
Uma mulher que é sensível sem ser frágil,
com sede pelo conhecimento
e um profundo amor pela Palavra
Uma mulher que ama poesia,
que se encanta com Portinari
e se emociona com a nona sinfonia.
Que sente um enorme horror pelas injustiças
e se revolta com a ignorância voluntária.
Uma mulher intensa, brincalhona, lúcida e irreverente.
É ela, a outra.
sábado, 11 de outubro de 2014
Meu corpo, minhas regras?
Há algum tempo observo o atual movimento feminista com o slogan
“Meu corpo, minhas regras”.
Esse slogan, muito usado pelo grupo “feminazi” e simpatizantes
transmite a ideia de que somente a mulher pode ditar as regras de seu corpo.
Ela pode se prostituir, pode matar o bebê que está dentro dela, pode se exibir
da maneira que achar melhor, entre outras coisas, pois o corpo é da mulher e
quem manda é a dona. O que muitos ainda não entendem é que não, não sou dona do
meu corpo, não tenho poder sobre ele.
Aprendi isso do pior jeito: atropelada pelo
caminhão da imprevisibilidade.
As contingências da vida podem um belo dia amputar esse suposto
poder.
Vou partilhar um pouco da minha experiência, que me fez sentir na
carne (literalmente), o quanto esse slogan é falso.
Tive três acidentes de trânsito, TRÊIIIIIIIS!!
No primeiro eu perdi os movimentos da mão direita
(temporariamente)
No segundo eu fiquei imobilizada da cintura pra cima
(temporariamente)
No terceiro e mais grave, fiquei imobilizada do pescoço pra baixo
(temporariamente).
Fui levada de ambulância para o hospital, acordei oito horas mais
tarde da anestesia geral, ainda meio zonza olhei para o meu corpo e me vi
costurada. Inconformada questionei: “Quem foi que deu autorização para me abrir?”.
“Meu corpo, as regras da medicina.” Os médicos tinham que me
abrir para salvar a minha vida.
Durante a internação, a dor era imensa, o momento do banho me
dava pânico, pois elevava a dor em níveis estratosféricos. Um dia cheguei a
implorar “pelo amor de Deus, não me dê banho, eu não me importo em ficar suja,
mas não me dê banho.”
“Meu corpo, as regras do hospital.” As enfermeiras tinham que me
dar banho.
Durante um tempo, perdi completamente o controle do meu corpo, o
controle dos movimentos, e até mesmo das necessidades fisiológicas.
“Meu corpo, as regras da fisiologia.” Eu tinha que me adaptar as
circunstâncias, as limitações impostas.
Durante a recuperação física o lema era “meu corpo, as regras da
fisioterapia.” Eu tinha que fazer determinados exercícios conforme as orientações
da fisioterapeuta para recuperar os movimentos perdidos.
Em todos os acidentes tive uma boa recuperação, voltei a ter uma
vida normal.
O meu corpo passou por cirurgia, foi aberto e costurado, perdeu
autonomia, teve que fazer meses de fisioterapia, sentiu muita dor e eu aprendi
que não ditava as regras, que NÃO PODIA fazer o que queria com ele. Não sou
dona do meu corpo, nem de nada nessa vida.
“Meu corpo, regras do viver.”
A ilusão do poder acaba quando nos deparamos com a fragilidade e
a pequenez da existência humana.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Melancolia
Sinto cheiro de gente
asséptica
Eles participam do clube
das pessoas perfeitas
O clube do qual nunca
serei sócia
Todos lindos, bem
vestidos.
Com seus bebês pampers
Fofuras, gracinhas etc
Eles são pós graduados
Eles são viajados, são
poliglotas
Fazem comercial de
margarina na rede social
Instagram … lugar de
gente feliz
Eles são meus amigos
Gente com perfume de
perfeição
Esse odor me invade e me
repele
Maltrapilha e manca
Recolho-me na Graça
Abrigo-me Nele.
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