sexta-feira, 29 de junho de 2012

Brazil


Quem é que dorme de pé?

Quem é que anda sobre as águas?

Quem é que chuta o ar?

Somos nós,

Brasileiros da melhor estirpe

Aqueles do país “verde”

Da Carmen Miranda

Os que pensaram inventar o avião

E não alçou vôo a lugar algum

Não são eles os reis do mambo?

Da bandeira branca e azul?

Ah, não, já sei...

São os que fumam charutos.

Pobres de nós, entre latinos- americanos

Nada se distingue

Ao menos o atleta do século

Futebol e carnaval... O que nos restam aos estrangeiros

Ó Pátria amada, só tu sabes o nosso valor

Pois minha terra tem Jobim,

A mesma onde Machado viveu.

E a minha Tarsila, ainda

É melhor que o seu Van Gogh.

A Velha e mãe

Minha mãe e a Velha foram minhas grandes companheiras na infância.
Minha mãe me incentivou a ler,
A Velha foi meu anti-exemplo.
Minha mãe regou minha vocação,
A Velha de tão encrenqueira me ensinou a virtude da polidez.
Minha mãe era muito ocupada, trabalhava fora e deixava a Velha tomando conta de mim.
A Velha era muito estressada; berrava, xingava e as vezes batia também.
Mas minha mãe confiava na Velha.
Minha mãe era uma ótima dona de casa; limpava e cozinhava muito bem.
E a Velha, Ah, ela era uma velha assanhada, vivia trocando de namorado.
Foi da Velha na verdade que recebi o maior numero de lições.
Com a Velha aprendi o valor do silêncio, da reflexão, o solilóquio tornou-se hábito.
Respeito e justiça foram conceitos que a Velha me transmitiu.
Minha mãe não fazia a menor idéia das coisas que a Velha me ensinava.
De tudo que aprendi com a Velha, creio que a mais significativa foi a não-violência.
A minha mãe e a Velha não conviveram o suficiente para trocar experiências,
Lamentavelmente.
Só eu que ficava com as duas o tempo todo.
E agora já não sei de quem herdei a ética, já que nenhuma das duas a possui.
De uma eu sinto orgulho, da outra compaixão.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Religião X Espiritualidade


Há quem confunda religião com espiritualidade.

Nem todo religioso é espiritual e nem toda espiritualidade é religiosa.

Elas podem ou não coexistir.

A religião segrega, a espiritualidade comunga.

A religião segue ritos e doutrinas, a espiritualidade valoriza os atributos do Espírito.

O religioso é preso a uma instituição, o espiritual conhece os limites de sua liberdade.

O religioso segue a cartilha do pode/não pode, o espiritual sabe que "tudo posso, mas nem tudo me convém".

A religião tem seu espaço reservado e exclusivo para sua prática.

A experiência espiritual transborda em todas as dimensões da vida.

A religião é a resposta para a culpa.

A espiritualidade é o perdão de todas as culpas

O valor do ser humano X o valor dos animais


“Baleias não me emocionam” é o título de uma crônica escrita por Lya Luft na revista Veja.
 http://veja.abril.com.br/250804/ponto_de_vista.html
Assim que li tive uma imediata identificação, apesar de nunca ter possuído animais de estimação. Lya expõe com sensibilidade a valorização do ser humano e sua condição no mundo em oposição à valorização aos animais.
Assim como a cronista, eu preferia que todo esse zelo com os animais fosse feito depois de não haver mais crianças nos faróis, adultos famintos dormindo nas ruas, famílias inteiras morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo drogados nas calçadas.
Hoje, muitos se comovem mais com cães abandonados do que com moradores de ruas; mendigos se tornaram tão comuns a ponto de ficarem invisíveis, enquanto os animais não se cansam de ganhar fiéis protetores e ONGs pelos quatro cantos da Terra.
Que os mais entusiastas da causa não me interprete mal, sou sim a favor de proteger e cuidar dos animais; o que está em pauta aqui é o excesso.
Após muitas observações pude constatar que o apego aos animais tem crescido de forma assustadora, beirando a idolatria. Essa reflexão ganhou força após ser testemunha de um episódio dantesco.
Há pouco tempo em uma cidade do interior presenciei um cachorro latindo muito próximo a um motoqueiro dificultando assim a sua passagem, um homem que estava por perto jogou algumas pedras na direção do cão para afastá-lo, uma típica protetora dos animais chamou a atenção desse homem por atacar o pobre cão, o homem justificou sua atitude explicando-lhe que o cão estava atrapalhando o motoqueiro passar, a tal protetora retrucou: - Deixa ele.
Ficou evidente a inversão de valores ser humano x animais. Esse “deixa ele” pareceu-me um” dane-se”, afinal o bem estar do cãozinho está acima do bem estar do homem, a protetora pareceu não se importar a segurança do piloto e com a hipótese de um possível acidente.
Minha indignação diante de tal fato assume a forma de uma questão: quando foi que a vida do ser humano se banalizou?
Vejo inúmeras reportagens em TV, jornais e revistas sobre o cuidado com os cães, eles tem salão de beleza, supermercado, festa de aniversário, alguns donos chegam a gastar mais de R$ 1.000,00 por mês com seu bichano, que o diga um certo jogador da Vila Belmiro, é vergonhoso mencionar os mimos extravagantes que alguns recebem.
Como aceitar o gasto de R$ 1.000,00 com um animal quando a maioria da população mundial vive com menos de um dólar por dia?! E a grande miséria brasileira?
Já tive também o desprazer de conhecer alguém cujo pai vivia em cima de uma cama doente e sempre que precisava comprar remédios para o pai reclamava do dinheiro gasto, mas quando levava seu animal de estimação ao veterinário apresentava um ar de alegria e satisfação por atender as necessidades (?!) do cão, saindo da clinica repleto de biscoitinhos caninos e exibindo a bela tosa que lhe havia sido feita.
Evidentemente a higiene do seu animal lhe trazia maior contentamento do que os remédios para o progenitor.
Será que a coroa da criação sobreviverá ao Planeta dos Cachorros?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Enquanto Ele não chegar

                           
Quantas vezes mais eu vou chorar

Enquanto Ele não chegar?

Quantos dias mais vou esperar

E quantas vezes o mundo vai me provar

Enquanto Ele não chegar?

Quanta angústia minha alma vai suportar

Enquanto Ele não chegar?

Eu vivo sem saber

Há quanto tempo sinto medo

As palavras vão me arrastar a cada instante

Levando-me de uma manhã à outra

Vou poetizar a Grande Tristeza

Enquanto Ele não chegar

E essa paz que sinto...

Nem a dor pode me tirar

Quanto tempo ainda para caminhar só

Enquanto Ele não chegar?

Eu sei que a Luz voltará

E tudo vai passar

Como sempre passa

Enquanto Ele não chegar

domingo, 24 de junho de 2012

Em louvor aos escritores


          Outro dia li um texto de Ricardo Gondim intitulado “Em louvor ao livro”,  gostei muito.
         Como o Gondim e tantas outras pessoas tenho paixão  pelas letras, os livros são responsáveis por grande parte da minha formação ideológica. Considero a escrita uma criação fundamental para a evolução da humanidade.

         E como  falar dos livros sem falar dos escritores? São eles os responsáveis por tantas viagens que fiz, que fez me chorar e rir. Nossas conversas sobre inúmeros assuntos trouxe reflexões sérias que ajudaram a moldar meu caráter.

         Sim, eu converso com gente morta: Machado, Shakespeare, Drummond, Bandeira, Pessoa, e mais uma lista imensa.

         Os contemporâneos também sentam-se comigo para trocar ideias; Ricardo Gondim, Ed René Kivitz, Brennan Manning, entre tantos outros.

         O dialogo com os escritores me leva a 'mares nunca antes navegados', mergulho em águas profundas. Minha vida não seria uma epopeia sem essas  leituras.

         Se não fosse pelos escritores e suas obras provavelmente teria uma mente aprisionada pelo condicionamento mundano e minha alma se apequenaria diante das atrocidades da realidade.

         Ler  modifica o cérebro, já comprovado cientificamente. A leitura nos salva de um mundo medíocre, cria possibilidades, transcende os limites do espaço-tempo.

         Escrever é eternizar, escrever é não perdoar nunca, é não  esquecer jamais, é amar para sempre; os sentimentos ficam cristalizados, as ideias engarrafadas.

         As palavras quando libertas de um livro são capazes de transformar mundos por um tempo indeterminado,  ecoam pelo infinito.

         E toda honra seja dada a esses agentes de transformação, os escritores.

         Não poderia citar todos os  que fizeram a diferença em minha vida e principalmente na sociedade, são muitos os autores que mudaram o mundo.

          Sou infinitamente grata a todos aqueles que usaram seus dons e talentos tecendo letra a letra, formando palavras, criando textos para que nossos sentidos não ficassem privados dessa dádiva que é a leitura.

         Ler nos modifica  por inteiro.

         As palavras me foram dadas como presente dos céus e os escritores como companheiros de vida.     

         Leio para não viver em vão, leio e escrevo porque para mim não existe vida fora das letras.

         Foi a leitura que me incentivou a conhecer mais e mais dos mistérios do universo, foi por meio das  palavras que  conheci o Autor da minha vida.         

        

         As letras transformam e  a Palavra liberta.

         Um louvor aos escritores.
          E toda honra e glória ao Autor dos autores