Minha
mãe e a Velha foram minhas grandes companheiras na infância.
Minha
mãe me incentivou a ler,
A
Velha foi meu anti-exemplo.
Minha
mãe regou minha vocação,
A
Velha de tão encrenqueira me ensinou a virtude da polidez.
Minha
mãe era muito ocupada, trabalhava fora e deixava a Velha tomando
conta de mim.
A
Velha era muito estressada; berrava, xingava e as vezes batia
também.
Mas minha mãe confiava na Velha.
Minha
mãe era uma ótima dona de casa; limpava e cozinhava muito bem.
E
a Velha, Ah, ela era uma velha assanhada, vivia trocando de namorado.
Foi
da Velha na verdade que recebi o maior numero de lições.
Com
a Velha aprendi o valor do silêncio, da reflexão, o solilóquio
tornou-se hábito.
Respeito
e justiça foram conceitos que a Velha me transmitiu.
Minha
mãe não fazia a menor idéia das coisas que a Velha me ensinava.
De
tudo que aprendi com a Velha, creio que a mais significativa foi a
não-violência.
A minha mãe e a Velha não conviveram o suficiente para trocar
experiências,
Lamentavelmente.
Só
eu que ficava com as duas o tempo todo.
E
agora já não sei de quem herdei a ética, já que nenhuma das duas
a possui.
De
uma eu sinto orgulho, da outra compaixão.
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