sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ponto Final


 
 
 
 
 
Meus textos estão recheados de virgulas, reticências, pontos de interrogação e também exclamações,nenhum ponto final!
Manda a tradiconal gramática que um bom texto tem todas as pontuações,o meu não.
Faço questão de deixar o ponto final ausente, longe do que escrevo.
Assim, sinto-me dona da história, senhora das narrativas, só termina quando eu quero e eu não quero acabar nunca.
Agora, só de pirraça coloquei alguns, para mostrar que sei quem é o Sr.Ponto Final.
Pra quê ponto final se a própria vida não tem?
O ponto final pode acabar com o que escrevo, não quero.
Quero as reticências na poesia, na vida, no romance...
Quero meu texto com todas as pontuações
Quero minha vida sem ponto final
E ponto final...

Restituição

 
 
 
 
 
Vai passar 
Sei que vai 
Um dia desses 
um dia qualquer 
Só quero estar viva quando este dia chegar 
Meu ser craquelado
Minha alma devastada
O que vai restar?
O que vou apresentar ao Cordeiro?
Meu coração sangrando?
Onde encontrar a cura?
Já cansei de colocar band-aid em minha gangrena
Senhor, transforma meu pranto em dança!

 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Amores-errados

 
 
Hoje acordei com saudade de quem ainda não conheci
Acordei querendo reencontrar um amor inédito,
reviver o primeiro encontro
Hoje estou tão carente que acredito em qualquer canalhice
sou até capaz de ligar para o ex
Meu ex may love, que um dia me fez chorar
e hoje quase nem lembro mais
Quem disse que o amor é cor de rosa,
nunca saltou da janela da paixão
Nem esteve no precipício da solidão
Hoje qualquer afeto é bem vindo
Um amor-vitrine me faria bem,
um love que levasse a carência para passear de coleira
Eu e minha carência na passarela dos felizes e bem amados
Se pelo menos eu fosse uma Capuleto, poderia eternizar o romance
Mas meu destino é mesmo fazer amor com as palavras,
ser amante das Letras e fazer dos amores errados... poesia.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Jogo da Compaixão





Vamos brincar? 
Vou falar as regras do jogo e no final o nome da brincadeira tá?
Não vale rir das defeitos dos outros, nem tirar sarro dos erros cometidos.
Também não pode apontar as falhas, nem tripudiar quando alguém enfia o pé na jaca.
Falar bem-feito, nem pensar!
O que pode: chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram.
Vale ficar feliz quando alguém consegue superar limites, mesmo quando você não gosta desse alguém.
Pode também ajudar a levantar quem caí.
O nome da brincadeira é compaixão.
Quanto mais você brinca, mais acumula pontos.
O legal desse jogo é que quando você ganha, todos com quem brincou ganha também.
O prêmio: mais amor.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sou tradutora e intérprete

Sou tradutora e intérprete.
Não sei inglês, só tenho o que a americanização trouxe.
Não  sei francês, mas acho lindo quem fala.
Espanhol? Só o Antônio Bandeiras.
Latim, apenas o instrumental.
Passo milhas longe do grego, hebraico e tantos outros.
Alemão é o meu tipo preferido, olhos claros...
Sou tradutora e intérprete.
Escrever é traduzir a alma, é interpretar o coração.
Sou tradutora da vida e intérprete de emoções.
Traduzo a mim mesmo e interpreto o que o mundo me mostra.
Numa televisão mais sofisticada que a do Orwell,
vejo as atrocidades da 'humanidade' e sigo traduzindo o que meus olhos não querem enxergar.
Sem alternativas sigo interpretando o que é incompreensível.
Sou tradutora e intérprete.
Escrever é se comunicar com outros idiomas.
Quando a língua natural falha, resta papel e caneta, ou teclado e tela.
Sou tradutora e intérprete.
Mas queria ser poeta.
Entre uma linha e outra deixo-me fisgar pela polissemia.
E às vezes eu poemo.
Na esperança que.. de tanto poemar ...
Sou tradutora e intérprete, às vezes poeta.
Mas queria mesmo é ser escritora.
Sou tradutora e intérprete.