quinta-feira, 31 de março de 2016

Somos anjos maus?


Anjo Mau, novela de 1997, volta a ser exibida no “Vale a pena ver de novo”.
Uma das poucas novelas que gostei de assistir na vida. Ela me fazia refletir sobre o mal e o bem no ser humano, e também da diferença entre amar alguém e amar a si mesmo refletido em alguém. Lembro-me que na época fazia minha primeira faculdade e só saia de casa quando terminava a novela. Poucas vezes um roteiro de novela me pegou, começando pelo título paradoxal. A novela traz como protagonista a ambiciosa e dissimulada Nice (Glória Pires), cujo lado obscuro só é conhecido pelo telespectador. Inconformada com sua vida, que considera medíocre e sem perspectivas, Nice se enche de esperança quando surge uma oportunidade de trabalho na mansão dos Medeiros, onde seu pai é motorista há anos. Ela aceita a vaga de babá e logo percebe em Rodrigo (Kadu Moliterno),  uma saída para seus problemas. Nice decide conquistá-lo, apesar de ele ser noivo de Paula (Alessandra Negrini), e passa por cima de todos para atingir seu objetivo; mas se apaixona de verdade.  Ela arma muitas coisas, cria conflitos, tudo para conquistar Rodrigo. E tudo de mal que ela provoca na vida da família tem como justificativa  o amor. Que amor é esse?!
Em muitos momentos da trama, ela se arrepende das conseqüências de seus atos, se mostra generosa, mas não abandona seu objetivo, e para isso segue atropelando as pessoas.
O enredo tratou de um tema do qual sempre gostei de estudar: a natureza ambígua do ser humano. A personagem ora mostra-se boa, ora má; intercalando atitudes altruístas e egoístas, tão próprias do ser humano!
Além disso, coloca em questão que tipo de amor é esse que sai prejudicando as pessoas, talvez a personagem tenha confundido amor com alguma outra coisa. E muitos que assistiam  acreditavam que aquilo era realmente amor.
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Todos somos anjos maus no sentido de habitar o bem e o mal em nosso interior, somos altruístas e egoístas,  não sabemos amar, muitas vezes o que  chamamos de amor ao próximo é na verdade o nosso ego  refletido no outro.

Apenas uma reflexão.

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