Anjo Mau, novela de 1997, volta a ser exibida no “Vale a pena
ver de novo”.
Uma das poucas novelas que gostei de assistir na vida. Ela
me fazia refletir sobre o mal e o bem no ser humano, e também da diferença
entre amar alguém e amar a si mesmo refletido em alguém. Lembro-me que na época
fazia minha primeira faculdade e só saia de casa quando terminava a novela.
Poucas vezes um roteiro de novela me pegou, começando pelo título paradoxal. A
novela traz como protagonista a ambiciosa e dissimulada Nice (Glória Pires),
cujo lado obscuro só é conhecido pelo telespectador. Inconformada com sua vida,
que considera medíocre e sem perspectivas, Nice se enche de esperança quando
surge uma oportunidade de trabalho na mansão dos Medeiros, onde seu pai é
motorista há anos. Ela aceita a vaga de babá e logo percebe em Rodrigo (Kadu
Moliterno), uma saída para seus
problemas. Nice decide conquistá-lo, apesar de ele ser noivo de Paula
(Alessandra Negrini), e passa por cima de todos para atingir seu objetivo; mas
se apaixona de verdade. Ela arma muitas coisas,
cria conflitos, tudo para conquistar Rodrigo. E tudo de mal que ela provoca na
vida da família tem como justificativa o
amor. Que amor é esse?!
Em muitos momentos da trama, ela se arrepende das conseqüências
de seus atos, se mostra generosa, mas não abandona seu objetivo, e para isso
segue atropelando as pessoas.
O enredo tratou de um tema do qual sempre gostei de estudar:
a natureza ambígua do ser humano. A personagem ora mostra-se boa, ora má; intercalando
atitudes altruístas e egoístas, tão próprias do ser humano!
Além disso, coloca em questão que tipo de amor é esse que
sai prejudicando as pessoas, talvez a personagem tenha confundido amor com
alguma outra coisa. E muitos que assistiam acreditavam que aquilo era realmente amor.
“O amor é paciente, o
amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não
procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra
com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta.”
Todos somos anjos maus no sentido de habitar o bem e o mal
em nosso interior, somos altruístas e egoístas, não sabemos amar, muitas vezes o que chamamos de
amor ao próximo é na verdade o nosso ego refletido no outro.
Apenas uma reflexão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário