quarta-feira, 9 de março de 2016

Wilson e os náufragos



                                            "Não é bom que o Homem viva só."

Pensando sobre o filme “Náufrago” esses dias, pensei em  como  estamos "ilhados” em nós mesmos, em nosso mundo, em nossa virtualidade, numa imensa solidão coletiva. Somos "náufragos ". Segundo minha pesquisa:

Náufrago, vítima de qualquer acidente cujo desfecho aconteça nas águas. Existem algumas correntes que afirmam que indiferentemente da embarcação ou de como aconteceu o acidente, a vítima que tenha ficado perdida no mar, será chamada de náufrago.

Somos vítimas, isto é, enredados, presos na armadilha do individualismo, da auto-suficiência. Caímos num mar de relacionamentos superficiais, continuamos sozinhos, perdidos, á deriva na multidão. Como é possível, ter tanta gente ao redor e estar sozinho no mundo?
Talvez seja porque criamos nossas próprias ilhas, e ainda que sejamos cercados de informações, aplicativos, redes sociais e tudo o que a moderna tecnologia  proporciona, ainda vivemos perdidos num oceano de relações superficiais, sem se envolver, sem intimidade. Somos náufragos relacionais. E como válvula de escape, para sobreviver na ilha que nós mesmos criamos, utilizamos recursos, algo para minimizar a solidão coletiva, então inventamos os "Wilsons".
No filme o personagem  humanizou a bola como uma forma de manter-se lúcido diante de uma condição extrema, em que a loucura era  quase inevitável!
Era necessário ter essa válvula de escape. Mas, e fora daquele contexto?
O  curioso é que de todos os sofrimentos que ele padece na ilha, o mais dilacerante foi a solidão. Tanto que o choro desesperado só acontece no momento em que ele perde a bola, no rompimento da relação. E foi exatamente o ponto que me chamou a atenção. A necessidade primária do ser humano de ter "alguém", de relacionamento, de conexão, intimidade. Fomos feitos para nos relacionar, e a maneira como muitos vivem hoje é contrária a natureza.
Enquanto o Homem insistir em viver de um modo do qual não criado para viver haverá cada vez mais náufragos de uma forma cada vez mais intensa e não haverá “Wilsons” o suficiente.

Ficaremos presos nessa ilha chamada solidão coletiva. 

Nenhum comentário: