"Não é bom que o Homem viva só."
Pensando sobre o filme “Náufrago” esses dias, pensei
em como estamos "ilhados” em nós mesmos, em nosso
mundo, em nossa virtualidade, numa imensa solidão coletiva. Somos
"náufragos ". Segundo minha pesquisa:
Náufrago,
vítima de qualquer acidente cujo desfecho aconteça nas águas. Existem algumas
correntes que afirmam que indiferentemente da embarcação ou de como aconteceu o
acidente, a vítima que tenha ficado perdida no mar, será chamada de náufrago.
Somos vítimas, isto é, enredados, presos na
armadilha do individualismo, da auto-suficiência. Caímos num mar de
relacionamentos superficiais, continuamos sozinhos, perdidos, á deriva na
multidão. Como é possível, ter tanta gente ao redor e estar sozinho no mundo?
Talvez seja porque criamos nossas próprias ilhas, e
ainda que sejamos cercados de informações, aplicativos, redes sociais e tudo o
que a moderna tecnologia proporciona,
ainda vivemos perdidos num oceano de relações superficiais, sem se envolver,
sem intimidade. Somos náufragos relacionais. E como válvula de escape, para
sobreviver na ilha que nós mesmos criamos, utilizamos recursos, algo para
minimizar a solidão coletiva, então inventamos os "Wilsons".
No filme o personagem humanizou a bola como uma forma de manter-se lúcido
diante de uma condição extrema, em que a loucura era quase inevitável!
Era necessário ter essa válvula de escape. Mas, e
fora daquele contexto?
O curioso é que
de todos os sofrimentos que ele padece na ilha, o mais dilacerante foi a
solidão. Tanto que o choro desesperado só acontece no momento em que ele perde
a bola, no rompimento da relação. E foi exatamente o ponto que me chamou a
atenção. A necessidade primária do ser humano de ter "alguém", de
relacionamento, de conexão, intimidade. Fomos feitos para nos relacionar, e a
maneira como muitos vivem hoje é contrária a natureza.
Enquanto o Homem insistir em viver de um modo do
qual não criado para viver haverá cada vez mais náufragos de uma forma cada vez
mais intensa e não haverá “Wilsons” o suficiente.
Ficaremos presos nessa ilha chamada solidão
coletiva.
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