Era
uma vez uma menina que amava livros.
Ela
amava ler, e lia tudo que aparecia pela frente.
A
menina lia não só livros, mas também revistas, panfletos, bula de remédio,
manual de instruções, placas e faixas na rua.
Quando
ia a algum lugar que tinha livros, ficava olhando, decorando o nome do livro e
do autor, assim podia pesquisar depois.
Quando
visitava alguém, sempre olhava a biblioteca para saber quais livros conhecia e
principalmente quais livros ela ainda não conhecia.
Anotava
o que não conhecia para ler depois.
Ela
frequentava a biblioteca da escola e também a biblioteca da cidade.
Sempre
anotava os livros que queria ler.
A
menina achava que um dia conseguiria ler todos os livros que queria.
As
anotações se tornaram bemmmm grandes, então parou de anotar.
O
tempo foi passando e a lista dos livros que queria ler cresceu tanto que ela
não conseguia mais imaginar como leria tudo.
Ela
entrava na biblioteca e pensava "será que um dia vou ter uma biblioteca
assim?”.
Ela
queria ter muitos livros. Seu sonho era ter uma imensa biblioteca particular.
Conforme
foi crescendo, percebeu que nem todos amavam a leitura como ela, havia pessoas
que não liam e não tinham livros.
Também
descobriu que havia pessoas que queriam ler, mas não tinham livros e não
conheciam os livros como ela conhecia.
Foi
então que teve uma ideia:
"Se
eu der meus livros antigos, aqueles já li para pessoas que não tem?"
Ela
percebeu que tinha livros guardados que só ocupam espaço.
Ela
sabia que aqueles livros não seriam mais lidos e não teriam utilidade na
estante.
Aos
poucos, ela começou a doar alguns livros.
Primeiro,
oferecia para suas amigas da escola e do bairro.
"Maria
você gostaria de ler esse livro? Eu já li, é muito legal, você vai
gostar."
E
assim, a menina começou, primeiro com os amigos mais próximos.
Depois,
aproveitava toda conversa com as pessoas para falar sobre livros e assim que
tinha oportunidade, ela falava:
"Você
já leu esse livro? É muito legal, eu já li, acho que você vai gostar”.
Toda
conversa, terminava em livros, e quase todo papo sobre livros terminava em
doação.
Nem
todos aceitavam seus livros. Que
pena!
A
menina cresceu, seu amor por livros também.
Só a
sua biblioteca que não crescia.
Ela
nunca chegou perto de ter uma grande biblioteca como imaginou quando era
pequena.
Ela
sempre comprava e ganhava livros, mas os livros depois de um tempo sempre iam
embora.
Ela
dizia: “Não é justo eu ter um monte de livros e ter gente que não tem.”
Todos
que a conheciam já sabiam de cor.
"Livros
foram feitos para serem lidos!"
Ela
não entendia a razão de pessoas usarem livros como decoração, só de enfeite.
Quando
alguém que ela conhecia se mostrava interessado em algum livro, corria para sua
biblioteca ver se tinha para doar.
Ela
doava livros usados e novos, para amigos, conhecidos e também estranhos.
O importante era fazer com que os livros
fossem lidos, isto é, cumprissem seu propósito.
Ela
amava tanto os livros que queria que todos também tivessem.
Ao
contrário de gente que diz que não doa porque ama.
"Ora,
o amor não é doador?"
Ela
acreditava que as Letras transformam e a Palavra liberta.
A
leitura sempre será a cura para muitos males.
A
menina passou o resto de sua vida doando livros.