sábado, 7 de julho de 2018

PAI




Copa do Mundo.
Brasil em Campo.
Velado ao som de “Goooool!!!”
Enterrado com  vuvuzelas.
Brasil ganhou.
Te perdemos.
Vai Brasil!
Tchau pai.

A Copa continua.
Ele gostava de assistir aos jogos.
Às vezes passava mal, era muita emoção.
Tinha um coração debilitado pelas doenças, pelo tempo, pela vida, pelos pecados.

Sua ausência se faz presente.
Presença que pesa.

Fui ao mercado, tive vontade de comprar goiabada para você.
A seção de doces e sobremesas é o lugar que mais lembra você.
Gelatina, bolo, goiabada, marmelada, frutas em calda.
Algumas vezes levei guloseimas para te ver feliz.

O único devorador de doces na família.
Aí veio a dona Diabete, essa estraga prazeres!
E você foi proibido das suas delícias.
Assaltava a geladeira escondido.
Todos sabiam.
Só você achava que era escondido, dizia:
“Comer é o único prazer que tenho.”
Gerava compaixão, abriam-se exceções.
“Deixa ele comer, é só um pouco.”
“É só não abusar que está tudo bem.”

E víamos em seu rosto, o deleite.
Nos últimos tempos, o via sorrir somente quando comia suas guloseimas proibidas e quando via os filhos.
Seu sorriso ao me ver era a minha alegria.

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