quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Reciprocidade


           A ética da reciprocidade é um princípio moral, que se encontra em muitas religiões e culturas, conhecida também como a “regra de ouro”. Geralmente representada das seguintes formas: 
            “Trata todos os homens como gostarias que eles te tratassem”     ou
            “Não façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam.
            Considero um item fundamental nos relacionamentos. Uma engrenagem que serve de alimento aos afetos, quando não existe, os laços se enfraquecem até que se desfaçam por completo.
            Essencial em qualquer tipo de relacionamento. Você liga, visita, manda e-mail, envia mensagem, ajuda e deseja que a outra parte faça o mesmo. Não como moeda de troca, mas como um reforço do laço, como uma demonstração de afetividade. Uma forma de dizer: eu me importo com você.
            Quando era adolescente tinha o hábito de trocar cartões em datas especiais com meu namorado, depois que terminamos continuamos amigos e continuei enviando cartões de Natal e de aniversário todo ano. Até que a prática foi se tornando rara e acabou.
            Pode parecer coisa de Poliana, mas sempre achei que devemos devolver as gentilezas e atenção que recebemos. Sempre me esforcei por retribuir (nem sempre consegui) e achava uma desculpa quando não sentia a reciprocidade. Afinal cada um tem a sua forma de demonstrar atenção e nem sempre é mesma maneira que eu demonstro, a tal da linguagem afetiva.
            Minha última grande lição sobre esse conceito fez com que minha postura sobre a reciprocidade nos relacionamentos mudasse.
            Por causa de um acidente, fiquei presa em uma cama durante meses. Não pensava em nada além de voltar a andar, não existia espaço em minha mente para nenhum outro pensamento, nem para melindres, sério mesmo. Tudo ficou tão pequeno diante de um corpo que não obedecia minhas ordens.
            Foi nesse período que a reciprocidade deu um grito na minha forma de me relacionar. Na época tinha alguns relacionamentos que eram distantes, geograficamente falando. Atravessava a cidade toda para manter algumas relações de amizade, em alguns casos investia cerca de 2 ou 3 dias da semana me deslocando para me encontrar com tais pessoas.
            Ainda hoje não acredito que ouvi uma dessas pessoas dizendo ao telefone: “só não vou te visitar porque você mora longe.”
            Houve quem dissesse a mesma coisa em forma de ausência, sem usar as mesmas palavras, transmitiu a mesma mensagem: “você não é tão importante para que eu atravesse a cidade toda.”
            Isso só não causou uma profunda ferida porque minha prioridade não era relacionamentos, mas ter controle do meu corpo novamente. Mesmo assim fiquei chocada com esse tipo de comportamento.
            Continuo considerando a reciprocidade essencial, a diferença é que avalio melhor e a exerço na justa medida

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