A ética da reciprocidade é um
princípio moral, que se encontra em muitas religiões e culturas, conhecida
também como a “regra de ouro”. Geralmente representada das seguintes
formas:
“Trata
todos os homens como gostarias que eles te tratassem” ou
“Não
façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam.”
Considero
um item fundamental nos relacionamentos. Uma engrenagem que serve de alimento
aos afetos, quando não existe, os laços se enfraquecem até que se desfaçam por
completo.
Essencial
em qualquer tipo de relacionamento. Você liga, visita, manda e-mail, envia
mensagem, ajuda e deseja que a outra parte faça o mesmo. Não como moeda de
troca, mas como um reforço do laço, como uma demonstração de afetividade. Uma
forma de dizer: eu me importo com você.
Quando
era adolescente tinha o hábito de trocar cartões em datas especiais com meu
namorado, depois que terminamos continuamos amigos e continuei enviando cartões
de Natal e de aniversário todo ano. Até que a prática foi se tornando rara e
acabou.
Pode
parecer coisa de Poliana, mas sempre achei que devemos devolver as gentilezas e
atenção que recebemos. Sempre me esforcei por retribuir (nem sempre consegui) e
achava uma desculpa quando não sentia a reciprocidade. Afinal cada um tem a sua
forma de demonstrar atenção e nem sempre é mesma maneira que eu demonstro, a
tal da linguagem afetiva.
Minha
última grande lição sobre esse conceito fez com que minha postura sobre a
reciprocidade nos relacionamentos mudasse.
Por
causa de um acidente, fiquei presa em uma cama durante meses. Não pensava em
nada além de voltar a andar, não existia espaço em minha mente para nenhum
outro pensamento, nem para melindres, sério mesmo. Tudo ficou tão pequeno
diante de um corpo que não obedecia minhas ordens.
Foi
nesse período que a reciprocidade deu um grito na minha forma de me relacionar.
Na época tinha alguns relacionamentos que eram distantes, geograficamente
falando. Atravessava a cidade toda para manter algumas relações de amizade, em
alguns casos investia cerca de 2 ou 3 dias da semana me deslocando para me
encontrar com tais pessoas.
Ainda
hoje não acredito que ouvi uma dessas pessoas dizendo ao telefone: “só não vou
te visitar porque você mora longe.”
Houve
quem dissesse a mesma coisa em forma de ausência, sem usar as mesmas palavras, transmitiu
a mesma mensagem: “você não é tão importante para que eu atravesse a cidade
toda.”
Isso
só não causou uma profunda ferida porque minha prioridade não era
relacionamentos, mas ter controle do meu corpo novamente. Mesmo assim fiquei
chocada com esse tipo de comportamento.
Continuo considerando a reciprocidade essencial, a
diferença é que avalio melhor e a exerço na justa medida
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