Há algo nesse mundo que me
deixa muito triste, é o ferido que fere.
A
pessoa que foi machucada e por isso acaba machucando os outros, sai por aí com
sua “metralhadora cheia de mágoas”, atirando para todos os lados, acertando
inocentes com balas perdidas, às vezes pessoas que nada tem a ver com seu
passado.
O
ferido que fere existe em diversos âmbitos, no religioso também; são os
antirreligiosos, como os ateus, agnósticos, ex-evangélicos, deístas, entre
outros que foram alvo de impropérios por causa da ignorância ou falta de bom
senso mesmo de pessoas do meio religioso.
Confesso
que faço parte dessa triste estatística dos “feridos em nome de Deus”, porém me
policio para não fazer aos outros o que já fizeram comigo, pois fui agnóstica a
maior parte da minha vida e cansei de ser chamada de impia, gente “sem Deus no
coração” e outras coisas do gênero, e mesmo depois de convertida ouvi coisas
bem desagradáveis. Por isso peço desculpas antecipadas àqueles que se
identificarem no texto.
Conheço
muitos antirreligiosos, alguns são ex-evangélicos, pessoas que abandonaram a
igreja, passaram circunstâncias dolorosas na instituição, foram negligenciados
em suas necessidades espirituais, e feridos.
Esses
antirreligiosos fazem uma intensa propaganda contra a fé e as instituições,
disparam seu ressentimento em forma de escárnio, destilam veneno em cada
comentário. Adoram usar aqueles que pisam na bola para demonizar a fé, usam o
sarcasmo constantemente, sádicos que tem prazer em depreciar as pessoas e ridicularizar
a fé cristã.
Muitas
vezes, acabam atingindo outros ao seu redor, porque quando eu falo mal de um
determinado segmento, indiretamente atinjo quem faz parte dele. Certamente seu
eu falar mal do movimento ateísta (por exemplo), pode ser que algum ateu se
sinta atingido, e a relação fica comprometida, pois nem todos sabem separar de
forma saudável uma coisa da outra. Já vi pessoas enfraquecerem e até perderem
amizades por causa de posicionamentos intolerantes, tanto de um lado, quanto de
outro.
Agora
falando de forma mais pessoal, não fico triste por mim, as criticas que vejo
não atingem a minha fé, eu sei em quê tenho crido e ainda mais em Quem eu tenho
crido.
O
que realmente me deixa triste, é ver pessoas que não superaram sua dor, não se
libertaram dos seus carrascos. “Não importa o que fizeram com você. O que
importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você” já dizia Jean Paul
Sartre. Lamentavelmente muitos que foram feridos pelos religiosos tornaram-se
cínicos.
O
antirreligioso se diz um defensor da liberdade, usa como máscara o pluralismo e
relativismo para disfarçar suas mágoas com a religião, pois esta não lhe deu as
respostas que precisava.
Pelo
fato de tanto atacar, acaba também sendo contra atacado pelos defensores da fé
que valorizam mais sua crença do que o ser humano. Como o próprio nome sugere,
apologética se faz com ética, no entanto e infelizmente, muitos crentes ainda
usam a Palavra para ferir, e não para curar.
Sim
“...a Palavra de Deus é viva e eficaz, e
mais penetrante do que espada, e penetra até a divisão da alma e do
espirito...” E assim como uma faca não deve ser manuseada por uma criança
pequena, a Palavra que é mais penetrante
que qualquer objeto cortante, se mal utilizada pode causar grandes danos a
Cristandade. Então lembre-se, quem penetra o coração do outro é a Palavra, e
não você (crente) que em nome da Verdade, a usa para ferir as pessoas.
E
isso se torna um círculo vicioso, o ferido acaba ferindo a si e aos outros na
tentativa de dar o troco, mesmo quando é
“sem intenção”.
Quem
vai pôr fim nesse círculo?
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