segunda-feira, 28 de setembro de 2020

IDENTIDADE II

 


Ser quem somos é uma das guerras que a vida nos impõe.

A covardia existencial e uma identidade preguiçosa nos leva a se conformar com o que não deveria. Não se deixar levar requer coragem, requer um levante aos que nos dizem que somos outro. Uma batalha constante aos que nos dizem como agir ou como pensar. Granadas contra os julgamentos precipitados, bombas em direção as etiquetas que nos são pregadas o tempo todo. Uma luta permanente contra as projeções, contras as idealizações e expectativas em relação a nossa pessoa.

É por respeito à minha identidade pessoal, única e intransferível que não faço questão de participar de coletivos, grupos identitários e movimentos sociais. Não quero ser confundida com ninguém, o outro que está ali pode ter diversas coisas em comum comigo, porém não me representa em sua totalidade. Tenho minha própria cartilha, minhas próprias causas e pautas. Não quero ser identificada por algum grupo.

A única exceção é Cristo, meu Senhor e Salvador, mas isso é outro assunto.

Sua identidade está sendo fortalecida cada vez que não permite ser roubado em seu direito de ser quem é. Confesso que nem sempre tenho essa coragem, muitas vezes tenho preguiça em esclarecer “olha não foi isso que eu quis dizer” ou “a minha intenção era outra ao fazer tal coisa”, "apoio isso", "sou contra aquilo"; esse negócio de ficar se explicando não é comigo. Certa vez ouvi de uma amiga “quando você não esclarece, eu tenho o direito de pensar o que quiser”

Quer pensar errado? Pois que pense. De um jeito meio torto, essas situações acabam selecionando os amigos. É muito desgastante ter que explicar o tempo todo suas ações e palavras.

Por isso procuro escolher com critério as situações que devem ser esclarecidas, situações que coloquem em jogo minha identidade ou relações muito preciosas. Porque eu bem sei que nem sempre sou o que os outros pensam. E a única coisa que posso dizer às pessoas que me idealizam é: sinto muito. Simplesmente não posso deixar de ser quem sou em favor do que os outros pensaram ou que gostariam que eu fosse.


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