segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

(Des)Conversão


Existem certas estradas da vida que não possuem via de mão dupla, apenas um sentido único, isto é, não tem retorno.

Por exemplo, quando uma pessoa se casa, nunca mais ela volta a ser solteira, no caso do casamento não dar certo, a pessoa é considerada divorciada ou separada, em caso de morte do cônjuge, é viúva; solteira nunca mais.

Creio que é assim na conversão a Cristo também. Quando alguém se converte de forma genuína, isto é, sem influência, pressão, imposição, manipulação ou qualquer outro fator externo, não tem mais retorno.

A verdadeira conversão é uma decisão íntima, do ser interior, do eu mais profundo.

O Espirito Santo penetra o coração humano, preenche todo o nosso interior, a Graça se alastra por todos os compartimentos (mente, coração e espirito), não temos outra alternativa a não ser se render ao Amor e seguir o caminho que Deus nos oferece.

Conversão é entrar na estrada que Cristo trilhou, é o caminho do Amor.

É nesse caminho que conhecemos a verdade, que somos tocados além da alma, que nos humanizamos. Deixamos de pensar conforme o sistema que a sociedade nos impõe e começamos a ser livres pra valer, pois conhecemos os dois mundos: o físico e o espiritual, e escolhemos seguir a estrada do Amor, porque a Graça que nos alcançou é completamente irresistível.

Após alguém ser tocado por Jesus e conhecer o perfeito Amor, é possível querer voltar ao caminho falacioso que o mundo nos propõe?

Pode alguém ter experimentado da Água da Vida e continuar querendo água suja?

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Minha Cabana


Vivi mais do que posso
Suportei mais do que agüento
E as letras que me acompanham
Ainda são as mesmas
A Palavra é o meu consolo,
O Verbo, meu abrigo.

Depois de tanto esperar
Depois de tanto resistir
Descobri que escrever é sobreviver

Eu lutei contra a dor
Eu fugi das ausências
Mas num mundo sem Verdade
A arte é a Ausência das ausências.

Depois de tanto esperar
Depois de tanto resistir
Com medo de se perder
Volto a me pertencer

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Milagre


 
Tive experiências que não consigo descrever com palavras. Cresci em uma família disfuncional, ouvi pouco sobre Jesus. Mas tive profundos encontros pessoais, com o amor de Deus que me estremeceram e tiveram sobre mim um impacto assombroso. Por isso nunca fiquei preocupada com doutrinas, denominação e teorias da conspiração, não preciso comprovar minha fé, nem me empenhar em convencer ninguém, isso não me preocupa, eu sei em quê tenho crido.

Minha fé é fruto de um relacionamento direto com Deus, não vem de instituições religiosas ou de pessoas, e essa fé é alimentada pela bíblia, sim, eu creio na Palavra.

Sei que muitos usam de argumentos históricos para se contrapor a bíblia, meu conhecimento em história, sociologia, antropologia é raso, não posso entrar em um debate nessas questões. Também não sei muito a respeito de homilética, soteriologia, escatologia, apologética ou qualquer disciplina formal da teologia.

O fato de não poder discutir em tom acadêmico não diminui em nada minha convicção em Cristo e sua mensagem.

Não permita que alguém lhe diga o que pensar ou como você deve se sentir, não importa o quanto os argumentos sejam lógicos ou convincentes nenhum argumento é tão forte quanto aquilo que vivenciamos. Nenhuma lógica consegue ser maior do que o que vimos e vivemos, e muitas vezes nossa experiência ultrapassa a lógica.

O que Deus fez em mim e por mim é imensamente maior do que todo conhecimento humano.

Eu chamo isso de milagre.

O poeta e o filósofo

 
O poeta é alguém que fala diferente, fala bonito para enfeitar nossa imaginação e adoçar nossos ouvidos.

Já o filósofo é um sujeito confuso. Ele diz e depois desdiz só para nos confundir.

Usa paradoxos e faz questão de complicar querendo ser compreendido.

E quando se é poeta e filósofo ao mesmo tempo ficamos num misto de encantamento e indefinição.

Contemplamos suas palavras desconhecendo sua significação.

O essencial se esconde em meio a metáforas e incoerências lexicais.

De suas ambivalências e contradições lógicas brota o suplício de um mortal:

O que será que se diz? E o que se diz, será que é?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carta de amor


O que dizer? Como falar dele? Como retê-lo numa ou noutra definição? Só me resta ceder e esperar que a própria escrita me leve para fora desse impasse.

Inicio como posso, meio tímida, o receio não chega a ser um empecilho.

Ele se apresenta como um enigma e nunca se deixa decifrar inteiramente, impossível saber porque quero tanto e a tal ponto disso dependo, e ainda que consiga individualizar algo de cativante no seu rosto; no corpo, na postura, no seu modo de sorrir, falar, agir ou olhar, nenhum desses elementos é suficiente para explicar a razão deste sentimento.

Na tua ausência sinto falta, saudade, urgência de te reencontrar. Digo então o mal que me causa: você me faz perder a razão. Sendo o meu mal é o maior bem, insisto em você para não desistir de mim.

Tento como posso trazê-lo para perto, anular o que nos separa.

Você é um oráculo, que exige de mim o esforço de te decifrar e me redescobrir. Eu que me perdi no teu fluxo, submergi nas tuas águas e na tua presença vejo o céu sem saber a que constelação pertence.

Eu vivo da busca ao seu encontro como Narciso a sua imagem, e assim em entrego a tristeza para produzir imprevisivelmente o encontro. Esse só existirá quando eu deixar de procurá-lo.


P.S: esse texto é um recorte do livro "O que é amor" de Betty Milan.