domingo, 21 de agosto de 2016

Apagar pessoas


Muito já se falou sobre os relacionamentos líquidos e a descartabilidade das pessoas, no entanto, há um fenômeno nas relações pessoais que difere um pouco dessa teoria.
Vejo no dia a dia algo que parece uma tendência sem retorno.

Uma convivência confusa entre as pessoas, desordenada, ninguém sabe mais o papel que ocupa na vida do outro, ninguém mais dá garantias de nada. Hoje sou seu amigo, amanhã não sou mais e depois talvez eu queira me relacionar contigo, sei lá.
Deixo no ar, deixo você na sala de espera, no banco de reservas, como uma peça coringa a ser utilizada na hora certa. E para mim você não é especial, é mais um entre tantos outros relacionamentos que tenho, sem distinção alguma.
No momento adequado eu o coloco como personagem do meu roteiro. Enquanto não há um papel para participar da minha novela (vida) vou deixando o possível personagem guardadinho na caixa junto aos outros. Não, eu não descarto, esse é o X da questão. Não há descartabilidade, há o descaso puro e simples.
Como acontece esse descaso? Uma ligação não retornada, uma visualização sem resposta, meses sem se comunicar. São tantas as atitudes e falta delas que demonstram que estamos apagando um personagem de nossa história. Minha dúvida de sempre: é proposital ou não?
Tenho um querido amigo que assume que é relapso, ele esquece as pessoas de diversas formas, já aprendi que o jeito dele é assim mesmo, mas e os outros? E quanto a mim? Oh, eu também faço isso!!! Quantas vezes eu deixei que um personagem da minha história se apagasse aos poucos até desaparecer?
De deslize em deslize os sentimentos mudam, a consideração diminui.
E de tanto deixar os relacionamentos na “sala de espera” as pessoas vão sendo apagadas da nossa vida.
Que eu possa recuperar àqueles que por negligência apaguei e que eu seja compreensiva com aqueles que ainda não perceberam que fazem isso comigo.



Um comentário:

ANNE KARINE DE LIMA disse...

Eu fui apagada, com certeza. Mas a vida segue...