Muito já se falou sobre os
relacionamentos líquidos e a descartabilidade das pessoas, no entanto, há um
fenômeno nas relações pessoais que difere um pouco dessa teoria.
Vejo no dia a dia algo que parece
uma tendência sem retorno.
Uma convivência confusa entre as pessoas, desordenada, ninguém sabe mais o papel
que ocupa na vida do outro, ninguém mais dá garantias de nada. Hoje sou seu
amigo, amanhã não sou mais e depois talvez eu queira me relacionar contigo, sei
lá.
Deixo no ar, deixo você na sala
de espera, no banco de reservas, como uma peça coringa a ser utilizada na hora
certa. E para mim você não é especial, é mais um entre tantos outros
relacionamentos que tenho, sem distinção alguma.
No momento adequado eu o coloco
como personagem do meu roteiro. Enquanto não há um papel para participar da minha novela (vida) vou deixando o possível personagem
guardadinho na caixa junto aos outros. Não, eu não descarto, esse é o X da
questão. Não há descartabilidade,
há o descaso puro e simples.
Como acontece esse descaso? Uma ligação
não retornada, uma visualização sem resposta, meses
sem se comunicar. São tantas as atitudes e falta delas que demonstram que
estamos apagando um personagem de nossa história. Minha dúvida de sempre:
é proposital ou não?
Tenho um querido amigo que assume que é relapso, ele esquece
as pessoas de diversas formas, já aprendi que o jeito dele é assim mesmo, mas e os outros? E quanto a mim? Oh,
eu também faço isso!!! Quantas vezes eu deixei que um personagem da minha
história se apagasse aos poucos até desaparecer?
De deslize em deslize os sentimentos
mudam, a consideração diminui.
E de tanto deixar os relacionamentos na “sala de espera” as pessoas vão sendo apagadas da nossa vida.
Que eu possa recuperar àqueles
que por negligência apaguei e que eu seja compreensiva com aqueles que ainda
não perceberam que fazem isso
comigo.
Um comentário:
Eu fui apagada, com certeza. Mas a vida segue...
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