Era uma vez uma pequena sociedade composta por:
1 petralha
1 coxinha
1 feminista
1 machista
1 antifeminista
1 homem cis homo
1 mulher trans homo
1 nazista
1 fascista
1 bolsominion
1 esquerdopata
1 indiano
1 xenófobo
1 mulher hétero
1 homem hétero
1 crente
1 ateu
1 macumbeiro
1 negro
1 branco
1 pardo
1 racista
1 criança
Será que esqueci alguém?
Eles viviam em constante guerra até o
dia em que algo estranho aconteceu.
Uma forte luz sobreveio sobre eles e
ficaram cegos por alguns dias, no lugar dos olhos foi se formando uma camada
grossa de pele dura, como escamas.
Aos poucos as escamas foram caindo,
lentamente uma a uma. Eles foram abrindo seus olhos e então não havia mais
nenhum cidadão conhecido.
O número de habitantes era o mesmo, mas
estranhamente todos se perguntavam:
“Onde está o nazista?”
“Cadê o crente?”
Até que viram a criança, ainda a mesma,
eles a reconheceram.
Mas o que aconteceu com os outros?
Não havia mais o petralha, nem o coxinha,
nem o fascista, nem o xenófobo.
Reuniram-se para tentar descobrir o que
havia acontecido.
Logo no inicio, um deles falou “Eu era
cego, e agora vejo!”.
E todos aplaudiram dizendo: “Eu também,
eu também!”.
Alvoroço total durante alguns minutos,
Depois voltaram ao questionamento original. Onde estão os antigos habitantes?
Um deles falou: “Eu era ateu e vivia
implicando com o crente, mas agora não tem mais com quem implicar”.
Outro respondeu: “Eu sou o crente, achei
que o ateu não estava mais aqui.”.
E um a um eles foram se reapresentando: “Eu
sou o que foi apelidado de macumbeiro, eu sou aquele que chamavam de nazista”,
e assim seguiu até que todos falassem.
E no final, eles perceberam o que tinha
acontecido. Cada habitante não enxergava mais o outro conforme conhecia antes, por
isso não se reconheciam um ao outro. Cada um sabia quem era, porém não sabia
mais quem era o outro antes da Luz.
E mesmo depois da reapresentação, cada
um via o outro apenas como um ser humano. A antiga identidade não fazia mais
sentido. Tudo parecia novo.
E outra dúvida surgiu: Porque só a
criança é a mesma, quer dizer por que só a reconhecemos e os outros não?
A criança era a única que via todos em
sua essência: humanos.
Quem tiver ouvidos, ouça.
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