domingo, 3 de novembro de 2013

Ter bondade é ter coragem


             Hitler é um símbolo de maldade no mundo todo, qualquer pessoa não nazista concorda que ele foi longe demais em seus ideais. Exatamente por isso, por ser uma figura tão marcada pelo mal,  gosto de usá-lo como exemplo. Quando se pensa em mal, logo se pensa nas grandes atrocidades cometidas, nos crimes contra a humanidade, tal como Hitler fez. Mas nos esquecemos que como todo ser humano, ele possuía defeitos e também qualidades. Sim, ele tinha qualidades, senão como seria possível ser líder de um genocídio tão devastador? Ele tinha uma boa retórica, era bom argumentador, bom articulador político, o que ajudou a influenciar muitas pessoas para a sua causa.
            O que pretendo dizer é que  Hitler não fez uma guerra sozinho,  muitas pessoas  compactuaram  com suas ações, ajudando-o em seus objetivos e também  os omissos, aqueles que nada fizeram para impedir a matança de outros seres humanos. O que dizer dessas pessoas? Eram boas ou más?
            A questão de bondade/maldade é  subjetiva, existem  pessoas que se consideram boas porque  cuidam de seus pais idosos, outros acham que isso é pura obrigação. Então como  medir o mal/bem?
            O nazismo gerou muita discussão acerca do mal. Temos diversos livros escritos por aqueles que viveram  a guerra, Viktor  Frankl, Anne Frank e Hannah Arendt, só para citar alguns. Muitos filmes também foram feitos para retratar esse episódio dantesco da história, entre os mais famosos está “A Lista de Schindler".
            A reprodução do nazismo em filmes e livros, coloca em evidência os (?) coadjuvantes do genocídio. Pessoas comuns,  que ajudaram o ditador e as que se recusaram a ser cúmplices.
            Foram pessoas que de forma anônima e por gestos pequenos e simples fizeram toda a diferença entre a vida e a morte de seres humanos.
            Aqueles que salvaram vidas, provavelmente, foram pessoas que tiveram coragem de se opor  ao grande ditador, sentiram  compaixão pelos seus semelhantes e arriscaram-se para ajudar aos judeus perseguidos.
            Diante de um ditador genocida como Hitler, qualquer atitude suspeita por menor que fosse seria  considerado traição e portanto deveria ser punida com a morte.
             O mal e o bem tem muitas faces, nos menores gestos, nas pequenas oportunidades eles se revelam.
            Ser mau  não é ser como Hitler, mas também como qualquer um que diante do mal, omite-se. E quantas pequenas omissões não fazemos em nosso dia a dia, quantas pequenas maldades cometemos?
            Ser bom é ter coragem para se opor ao mal, e essa coragem vem da compaixão.
            Repetindo as palavras do poeta: 

            “ E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade...
              E há tempos o encanto está ausente...
             Compaixão é fortaleza
             Ter bondade é ter coragem...”

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