domingo, 23 de fevereiro de 2014

"Experimentar Deus"



          Muitas pessoas debatem doutrinas religiosas, entram em discursos sobre Deus e o Sagrado.
          Como cristã, considero que fé não combina com ignorância bíblica, e mesmo assim existem diversas coisas sobre a bíblia das quais eu não saberia responder se me perguntassem.
       O mundo foi criado em 7 dias de 24 horas, ou esse tempo é uma metáfora? Onde estavam os dinossauros? E onde no texto sagrado encontro informações sobre a era do gelo? O Deus do Antigo Testamento é mesmo um genocida?  Como um só Deus ao mesmo tempo é três? E tantas outras questões.
       Apesar de considerar a teologia essencial, não me envergonho de dizer que sei bem pouco. É importante ter as respostas, mas minha fé não depende dessas respostas, sejam elas quais forem. Porque minha fé não nasceu de doutrinas, de proselitismo, de ensino. Não nasci em berço cristão, nem frequentei escola bíblica desde criança, resumindo: não fui ensinada a ser cristã, como muitos pensam.
         Ainda que eu não tenha todas as respostas importantes que gostaria de ter, embora não tenha uma sólida base teológica para minhas convicções, uma coisa eu sei e afirmo com absoluta segurança: “eu era cega e agora vejo”.
        Minha fé é fruto de uma experiência sobrenatural, e as palavras são insuficientes para descrevê-la. Experimentar Deus é algo único e paradoxal, ter um encontro com o Eterno traz a consciência da miserabilidade humana ao mesmo tempo em que mostra o incomensurável amor Dele. Fiquei “nua” diante do Senhor, me deram um espelho e vi um ser doente, de um valor inestimável ao Cordeiro.
       Sim, é possível dizer como Jó: antes sabia de Deus só por ouvir falar (pelas religiões, pelas igrejas, pelos religiosos); agora meus olhos O veem, eu O experimentei.
           


sábado, 22 de fevereiro de 2014

Carta aos rebeldes


         Você tem pensando muito ultimamente, Eu o vejo “fritando” os neurônios, desgastando-se em milhares de conjecturas ao Meu respeito, isso Me preocupa, não pelo fato de não Me encontrar e assim compreender sua vida, mas sim pelo tempo e energia que tem jogado fora nesta luta sem fim. Meu filho:  renda-se, pare com essa  luta  insana, pois é contra você mesmo que está brigando. Você não se dá conta de que Eu só quero amá-lo? Enquanto estiver travando essa batalha em sua mente, não poderá sentir meu  abraço todos os dias e não perceberá que Eu o carrego no colo nos dias mais difíceis.
         Não tente Me encaixar em seu pequeno cérebro, Eu o criei, lembra-se dessa lição? Meus desígnios não são de todo compreensível para você, ainda não, chegará o tempo em que nos veremos face a face e tudo se tornará tão claro como a luz do dia. Sou seu Criador, não se esqueça nem por um minuto, sei o que se passa no seu coração e na sua mente, suas dúvidas são legítimas meu filho, Eu sei. 
         Seus questionamentos aumentam a medida que sobe mais um degrau em direção a minha Pessoa, és como um pequeno Jó, por isso procuro responder o que lhe é compreensível e fazê-lo  entender que apesar de suas inúmeras perguntas, Eu sei que esses pensamentos revelam uma busca genuína por aquilo que  tento lhe mostrar todos os dias: Eu estou contigo, o tempo todo!
         Porém todas as suas tentativas de Me entender são em vão, pois seu coração ainda está fechado para meu amor, quando você deixar de tentar Me entender, então Me compreenderá, pois o entendimento é para o cérebro e a compreensão é tarefa do coração. E quando se abrir para Mim, terá o melhor, isto é,  meu amor no coração e meus propósitos na mente, pois fiz você de um modo admirável, com mente e alma, para prestar um culto racional, servir Me de todo coração e todo entendimento.
         Sua lógica humana (ilógica) não o levará a lugar nenhum, ou melhor, levará a um beco sem saída, nesse beco Eu estou lhe esperando.
         Seu conhecimento de mundo é inútil sem a Minha sabedoria, você às vezes parece uma formiga tentando compreender uma equação de 2º grau.
         Abandone essa arrogância de querer saber e entender tudo, volte pra Mim filho. Mate esse desejo luciferiano que está de passagem em sua morada, não queira ter o conhecimento do bem e do mal, creia que Eu lhe darei tudo o que necessita.
         Pois  o que mais quero é selar Meu Espírito em seu espírito.

         Em  Amor,



                                                                  Seu Pai


Oração


 Senhor:
Tu és o meu Deus,
Sim, meu único e Soberano Deus.
Meu Salvador
Não tenho a quem buscar senão a Ti.
Em Tuas mãos entrego todo meu ser.
Tu és meu alicerce, a minha Rocha.
Tu tens a Voz que meu coração ouve e sossega.
Tu tens o Pão que alimenta minha alma
Tu tens a Água que me sacia
És a verdadeira esperança.
Nunca Te enxerguei, mas O vejo em toda minha vida
No riso e no choro, Tu és o meu amado
Tua Palavra me seduz,
Teus propósitos me encantam,
Teu poder me fascina,
Tua glória me assombra,
Teu sacrifício me deslumbra.
A Cruz me faz transcender
Oh Deus da minha salvação, todo mérito é Teu,
Eu aceito e reverencio Teu perdão
Agradeço... Canto uma canção aos céus
Sussurro Teu Nome
Enterneço-me com Sua bondade
Quebrantada, entrego o que precisa ser transformado
Aquieto-me, me prostro aos Teus Pés
Não existe melhor lugar.

É só perto de Ti que posso viver.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A menina que roubava livros


            O filme “A menina que roubava livros” é uma adaptação do best seller de  Markus Zusak.
Conta a história da menina  Liesel Meminger, uma garota que viaja com sua mãe e irmão mais novo para serem adotados por um casal sem filhos, no caminho o irmãozinho morre e então ela tem seu primeiro contato com a morte. Liesel é analfabeta, isso não a impede de roubar  um livro no enterro.
            Sua nova vida começa na Rua Paraíso, nome sugestivo para a época em que se passa a narrativa, Segunda Guerra Mundial, na Alemanha de Hitler.
            Os caminhos da Morte e de Liesel Meminger se cruzam  entre 1939 e 1943.
            Como tenho um grande amor pelas palavras, não poderia deixar de declarar o quanto “A menina que roubava livros” falou ao meu coração. No decorrer do filme diversas cenas disseram sobre o valor das palavras em momentos cruciais, a leitura ganha profundidade em meio as relações dos personagens e a literatura  papel de destaque algumas vezes.
            Liesel aprende a ler com seu pai adotivo Hans, seu primeiro livro é o “Manual do coveiro”, que roubou no enterro do irmão. A partir desse momento a garota se esforça por ler mais e aprende novas palavras, ela tem um dicionário no porão de casa, onde acrescenta cada  palavra que aprende.
            Ajudando a mãe adotiva ela conhece a esposa do prefeito que tem uma invejável biblioteca particular, acaba por frequentar essa biblioteca, até o dia em que é proibida pelo prefeito. Como seu desejo de ler é grande, Liesel passa a entrar escondido na biblioteca e pegar livros “emprestados”.
            Sem esquecer que estamos na Alemanha nazista, os pais adotivos de Liesel  esconde no porão da casa um judeu, Max. Após uma noite de Natal, ele fica doente e passa boa parte sem interagir com a menina. Enquanto Max está doente a garota lê livros "emprestados" para fazê-lo retomar a consciência. Um dos livros é “O homem invisível” (G.H. Wells), título irônico  para um amigo que estava  ausente.
            Max tem influência sobre a relação da garota com os livros e as palavras. Ele a incentiva a usar as palavras de forma não convencional. Um dia ele lhe dá de presente um livro com páginas em branco para que ela escreva. Coincidentemente  esse livro é o “Minha Luta”, de Adolph Hitler, Max pintou todas as páginas do livro com tinta branca para que Liesel tivesse seu diário e ali ela escrevesse o seu livro, a sua luta. Max diz “escreva”, pedindo que escreva suas memórias citando Aristóteles: “A memória é o escriba da alma”.
            Além de Max, o filme tem o menino Rudy, vizinho louro de Liesel, que dá um ar pueril a história. Rudy é admirador do atleta negro Jesse Owens e em uma de suas corridas simula uma mudança de pele, passando tinta negra na pele. É o melhor amigo de Liesel e também companheiro inseparável, até o dia em que a Morte o leva, durante os bombardeios da guerra.
            Liesel aprende a fazer uso das palavras em meio a tantas perdas; a mãe, o irmão, mais tarde os pais adotivos e Rudy. Há uma cena em meio aos ataques aéreos, que ela conta uma história para distrair as pessoas enquanto caem  as bombas.
            Neste filme sobre perdas,  a poesia das palavras emociona sem ser piegas. Nesta cruzada pela compreensão da essência da vida, a garota é guiada pelas palavras ao atravessar  o panorama de uma  época sombria da história.
            Permanece viva e encontra um propósito maior para sua vida, em meio aos livros, nas páginas de um diário, nas  palavras.



sábado, 1 de fevereiro de 2014

Resgate




            Às vezes tenho inveja da vida que alguns levam, pessoas que simplesmente existem, sem grandes preocupações, sem neuras, dão a impressão que estão na vida à passeio, são turistas olhando as vitrines, vendo a banda passar enquanto se fotografam no espelho.
         E eu, passo os dias tentando pintar um quadro para o cego, tocar uma música para o surdo e escrevendo versos decassílabos para o analfabeto.
         Os dias passam, as horas são enlatadas e as emoções ficam entaladas.
         As raras epifanias servem-me apenas como lembrança de Casa.
         Dias vem, meses vão e minha alma anseia por encontrá-Lo.
         Tento fazer o jogo do contente, mas Chronos não me deixa esquecer que sou poeira.
         Já não consigo brigar com as fragilidades do corpo.
         Matéria por matéria, uso-as para marcar minha passagem.
         Papel, caneta, teclado e tela; isso é o que preciso.
         Para gritar aos turistas que a vida tem mais.
         Que esse mundo é um reflexo sujo e distorcido de um outro mundo.
         Há uma outra vida, um outro jeito de viver.
         Sinto-me como uma náufraga recém resgatada.

         Sem conseguir avisar aos demais náufragos sobre o Barco.

A queda de uma agnóstica


            Eu brigava Contigo, mesmo sem Te conhecer
            Se existia, porque não Se mostrava a mim?
            E se não existia, por que eu não me conformava?
            A Dor não descansava da dúvida
            Sem ter a fé de Jó, questiona O, tal como.
            A arrogância dizia: “apareça, mostra-Te, se é que existe mesmo”
            Oh Senhor! Quantas vezes implorei Sua presença?!
            Incontáveis vezes pedi provas, exigi Sua interferência
            Sem perceber, estava no vale de Jaboque
            Eu resistia, arisca... Não queria aceitar-Te
            Era uma rendição arriscada,
            abandonar meus conflitos de estimação,
            desistir de ideias tão fortalecidas pelas batalhas travadas
            Evitei tanto o encontro marcado!
            Mas enfim...  O inevitável:
            Admitir que Deus é Deus
            Então...    Eu cri
            Invadida pela Graça
            Arrastada pela Misericórdia
            Todo meu ser estremeceu diante de Sua Glória
            A blasfêmia se transformou em adoração
            A Dor foi santificada
           E o meu viver ganhou Vida