Às vezes tenho inveja da vida que alguns levam, pessoas que simplesmente existem, sem grandes preocupações, sem neuras, dão a impressão que estão na vida à passeio, são turistas olhando as vitrines, vendo a banda passar enquanto se fotografam no espelho.
E
eu, passo os dias tentando pintar um quadro para o cego, tocar uma música para
o surdo e escrevendo versos decassílabos para o analfabeto.
Os
dias passam, as horas são enlatadas e as emoções ficam entaladas.
As
raras epifanias servem-me apenas como lembrança de Casa.
Dias
vem, meses vão e minha alma anseia por encontrá-Lo.
Tento
fazer o jogo do contente, mas Chronos não me deixa esquecer que sou poeira.
Já
não consigo brigar com as fragilidades do corpo.
Matéria
por matéria, uso-as para marcar minha passagem.
Papel,
caneta, teclado e tela; isso é o que preciso.
Para
gritar aos turistas que a vida tem mais.
Que
esse mundo é um reflexo sujo e distorcido de um outro mundo.
Há
uma outra vida, um outro jeito de viver.
Sinto-me
como uma náufraga recém resgatada.
Sem
conseguir avisar aos demais náufragos sobre o Barco.
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