terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A menina que roubava livros


            O filme “A menina que roubava livros” é uma adaptação do best seller de  Markus Zusak.
Conta a história da menina  Liesel Meminger, uma garota que viaja com sua mãe e irmão mais novo para serem adotados por um casal sem filhos, no caminho o irmãozinho morre e então ela tem seu primeiro contato com a morte. Liesel é analfabeta, isso não a impede de roubar  um livro no enterro.
            Sua nova vida começa na Rua Paraíso, nome sugestivo para a época em que se passa a narrativa, Segunda Guerra Mundial, na Alemanha de Hitler.
            Os caminhos da Morte e de Liesel Meminger se cruzam  entre 1939 e 1943.
            Como tenho um grande amor pelas palavras, não poderia deixar de declarar o quanto “A menina que roubava livros” falou ao meu coração. No decorrer do filme diversas cenas disseram sobre o valor das palavras em momentos cruciais, a leitura ganha profundidade em meio as relações dos personagens e a literatura  papel de destaque algumas vezes.
            Liesel aprende a ler com seu pai adotivo Hans, seu primeiro livro é o “Manual do coveiro”, que roubou no enterro do irmão. A partir desse momento a garota se esforça por ler mais e aprende novas palavras, ela tem um dicionário no porão de casa, onde acrescenta cada  palavra que aprende.
            Ajudando a mãe adotiva ela conhece a esposa do prefeito que tem uma invejável biblioteca particular, acaba por frequentar essa biblioteca, até o dia em que é proibida pelo prefeito. Como seu desejo de ler é grande, Liesel passa a entrar escondido na biblioteca e pegar livros “emprestados”.
            Sem esquecer que estamos na Alemanha nazista, os pais adotivos de Liesel  esconde no porão da casa um judeu, Max. Após uma noite de Natal, ele fica doente e passa boa parte sem interagir com a menina. Enquanto Max está doente a garota lê livros "emprestados" para fazê-lo retomar a consciência. Um dos livros é “O homem invisível” (G.H. Wells), título irônico  para um amigo que estava  ausente.
            Max tem influência sobre a relação da garota com os livros e as palavras. Ele a incentiva a usar as palavras de forma não convencional. Um dia ele lhe dá de presente um livro com páginas em branco para que ela escreva. Coincidentemente  esse livro é o “Minha Luta”, de Adolph Hitler, Max pintou todas as páginas do livro com tinta branca para que Liesel tivesse seu diário e ali ela escrevesse o seu livro, a sua luta. Max diz “escreva”, pedindo que escreva suas memórias citando Aristóteles: “A memória é o escriba da alma”.
            Além de Max, o filme tem o menino Rudy, vizinho louro de Liesel, que dá um ar pueril a história. Rudy é admirador do atleta negro Jesse Owens e em uma de suas corridas simula uma mudança de pele, passando tinta negra na pele. É o melhor amigo de Liesel e também companheiro inseparável, até o dia em que a Morte o leva, durante os bombardeios da guerra.
            Liesel aprende a fazer uso das palavras em meio a tantas perdas; a mãe, o irmão, mais tarde os pais adotivos e Rudy. Há uma cena em meio aos ataques aéreos, que ela conta uma história para distrair as pessoas enquanto caem  as bombas.
            Neste filme sobre perdas,  a poesia das palavras emociona sem ser piegas. Nesta cruzada pela compreensão da essência da vida, a garota é guiada pelas palavras ao atravessar  o panorama de uma  época sombria da história.
            Permanece viva e encontra um propósito maior para sua vida, em meio aos livros, nas páginas de um diário, nas  palavras.



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