O Cristianismo é uma
constante vivência de um compromisso fiel com a mensagem do evangelho [...] Que
tipo de fé cristã temos praticado hoje em dia? Um cristianismo que não enfrenta
os conflitos existenciais, desprovido de reflexão e da busca pela verdade não
pode ser o verdadeiro cristianismo. Para aqueles que acreditam na
singularidade de Deus, a tendência de conquistar o aplauso da modernidade representa
a maior de todas as tentações. A sociologia e a psicologia já mostraram que
todos aqueles que começam a viver em outras culturas que não a sua sofrem uma
das mais fortes pressões que se pode experimentar: a pressão de estar fora
dela. O mesmo acontece com aqueles que vivem uma cultura diferente da cultura
dominante. Viver culturalmente “fora” é como viver no exílio, é o ponto mais
difícil da realização social. Por isso, não são poucos, mas muitos os que abrem
mão de suas convicções simplesmente para serem aceitos, isto é, para não
ficarem de “fora”. Hoje, aquele que afirma a dependência de Deus para o
conhecimento da realidade se vê diante de inúmeros desafios, pois está fora dos
ditames da modernidade.
Aqueles que amam a
Deus sobre todas as coisas e que o buscam no mais profundo do ser vivem
atualmente em uma Babilônia. É claro que não estamos falando agora da mesma
Babilônia de Nabucodonosor. Estamos falando da nossa Babilônia, o mundo moderno
em que vivemos. Pedro já nos alertou dizendo que aqui, neste mundo, somos
estrangeiros e peregrinos (1 Pe 2.11); Paulo também afirmou algo semelhante,
quando disse que a nossa pátria é celeste e não terrestre ( Fp 3.20). Diante do
testemunho desses homens, a quem mais precisaríamos ouvir para acreditarmos que
somos estrangeiros em terra estranha? Ora, o próprio Cristo já nos disse que
não somos desse mundo. Mas, se não somos daqui, então, o que nós estamos
fazendo aqui? Não seria melhor voltar os nossos olhos para a nossa pátria
celeste e marchar em direção a ela? Jesus provavelmente nos diria: “Não me
peçam para que eu os tire do mundo, mas, sim, que os proteja do mal. Vocês não
são do mundo, como eu também não sou. Eu santifiquei vocês na verdade, mas
assim como Deus me enviou ao mundo, eu também os envio em favor dos que não me
conhecem, para que por meio de vocês eles me conheçam e sejam santificados pela
verdade" (paráfrase de Jo 17.15-19).
[...] Não podemos nos esquecer de que estrangeiros somos nós e não eles.
E acima de tudo, não devemos nunca esquecer que a nossa fé não é provada fora do mundo, mas sim no mundo em que vivemos, este mundo moderno que representa um grande desafio para o cristianismo. (Páginas 131/132)
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