terça-feira, 25 de agosto de 2020

Identidade e coletivismo

 


 Às vezes tenho a impressão que vivemos uma espécie de guerra na rede social e me parece uma guerra no estilo juvenil.

Nos tempos de ginásio para muitos, pertencer a um grupo importava mais do que ter uma opinião sensata, a questão da aceitação era muito forte, já que estávamos em formação.  E havia muitos grupos, tribos, que em alguns momentos entravam em guerra (não declarada). Como os "nerds" magrinhos sobreviviam? Juntando-se, pois assim tornavam se menos vulneráveis aos fortões arrogantes. e desse modo  diversos grupos eram formados. Alguns bem óbvios, outros nem tanto.

É assim que as pessoas em ambientes hostis sobrevivem, juntando-se, e depois de um tempo não pensam mais no que estão fazendo, não pensam mais em suas convicções e crenças– porque precisam proteger-se mutuamente, proteger-se dos ataques, e em bando isso fica mais fácil.

Tal como os adolescentes, vejo adultos formando panelinhas, gangues virtuais. Pertencer a um grupo parece fazer parte da nossa natureza, seja qual for a fase da vida. O problema é quando abrimos mão das nossas convicções em nome desse pertencimento. Às vezes de forma muito sutil, tão sutil que nem percebemos somos arrastados para um grupo, um certo de jeito de pensar e agir porque nossos amigos estão lá. Mesmo sem concordar totalmente ou compreender de fato o que tal questão significa, vamos a eventos e participamos de movimentos/comunidades porque nossos amigos estão lá e queremos estar junto com eles. Adotamos causas que não adotaríamos sozinhos, damos credibilidade a informações com base na confiança do amigo que passou tais informações e aceitamos opiniões de supostas autoridades no assunto; "fulano fez curso disso, ele sabe do que está falando" (nem sempre cara pálida).

Até que surge uma boa controvérsia que põe em xeque nossas convicções e claro, também as amizades, afinal a "thurma" aceitaria um vira casaca? Continuariam amigos se disséssemos que não concordamos com eles?

Até que ponto você manteria suas convicções perdendo relacionamentos?

Até que ponto você abdicaria das suas convicções para manter relacionamentos?


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