quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Transcendentais

 


Quando estava no ginásio (atual fundamental II) era agnóstica, uma das minhas amigas inseparáveis era religiosa e vez por outra conversávamos sobre fé e religião.

Certa vez ela me questionou o motivo de não acreditar em Deus. Eu respondi discorrendo sobre o problema do mal (guerras, fome e a maldade humana), ela falou sobre a beleza da criação; o céu, o mar etc.

Respondi que essa beleza era nosso prêmio de consolação diante de um mundo mal.

Veja bem, eu não neguei a beleza.

Não há quem possa negar a beleza da criação; seja você de qualquer religião, ateu ou agnóstico, a beleza é algo objetivo, não subjetivo. A verdadeira beleza não está nos olhos de quem vê, mas no objeto que é belo.

Não é possível negar que um pôr do sol alaranjado numa praia seja belo, ou que a visão de uma cachoeira de 10 metros caindo num lago de águas cristalinas também não seja bela.

A beleza real é aquele que agrada a todos, independente de sexo, classe social, cultura ou qualquer outra coisa; como diz Tomás de Aquino.

Mas claro que na época não atribuía ao Senhor a beleza, pois ainda não conhecia a Beleza.

Para quem não crê em Deus é difícil explicar tanta beleza num mundo tão mal.

E foi assim minha primeira reflexão sobre a beleza, extremamente rasa.

Retornei essa reflexão após me converter. Descobri que o autor da beleza era a própria Beleza, como me ensinou Agostinho.

Sempre gostei de arte e me questionava o motivo de algumas causarem "assombro" e outras não. Algumas obras de arte chegava me causar ojeriza. Como arte e beleza são coisas associadas pelo imaginário popular, deduzi que a arte obrigatoriamente deveria ser bela.

Há alguns anos comecei a investigar essa associação, estudar a beleza em sua essência.

Descobri o que já estava em meu interior, aliás, o que todos já sabem por natureza, mas a cultura, a educação etc. ofuscou.

"A beleza é o esplendor da verdade"

O bom, o belo e o verdadeiro são trigêmeos.

Não há beleza na maldade, não há beleza na mentira.

Aprendemos isso desde cedo, quando nossos pais dizem que “mentir é feio", aprendemos que a maldade é feia quando uma menina chama o garoto de "feio" por ter feito algo ruim.

Os contos de fadas confirmam quando colocam os vilões como feios e os "mocinhos" como pessoas belas.

“A Bela e a Fera” tem uma dinâmica interessante. A Fera antes de virar fera, era um príncipe bonito, mas deixa seu coração se corromper e se torna mau/feio, se transforma em fera (isso me lembra da besta fera).

Bela como o próprio nome diz, é bela e bondosa.

A beleza, a verdade e a bondade caminham juntas.

Há muito mais pra se dizer sobre o assunto. Esse texto é apenas uma introdução para quem nunca pensou nessa associação.

O bom, o belo e o verdadeiro.

 


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