quarta-feira, 13 de março de 2013

Humanidade


Os primeiros meses do ano foram de más noticias, noticias de mortes, acidentes e tantas outras coisas que me chocaram. A tragédia de Santa Maria me arrasou, o braço arrancado do ciclista causou um misto de indignação e compaixão.
Ao pensar na trajetória do ser humano, penso quando foi que as pessoas deixaram de ser humanas? Quando foi que a vida perdeu seu valor? Como foi que a crueldade tomou o lugar que tem hoje?
As pessoas estão morrendo todos os dias, não só corporalmente mas também espiritualmente. Estão sendo estranguladas pelo hedonismo, pela satisfação imediata. Resultados a curto prazo estão tomando o lugar da construção tijolo-a tijolo que esculpe uma humanidade genuína, que reflete o Amor.
A geração “fast food”, perdeu o gosto pelo difícil, o “quero tudo e quero agora” é o cartão de visita da vez.
As consequências são danosas, tudo parece tão fácil que perde-se o valor das coisas, nada mais é eterno, tudo é descartável e substituível: bens materiais, relacionamentos, carreira e até mesmo a vida (dos outros).
Temos como grandes prejuízos a falta de empatia (o colocar-se no lugar do outro) e de um viver significativo.
Esse tipo de vida se reflete em atitudes inconsequentes, com prejuízos coletivos e pessoais, sintomas de um estilo de vida descartável e egoísta.
A pessoa que é tragada pela falta de sentido, corre na estrada da vaidade, busca seu valor no trabalho, no sucesso, no conhecimento e diversas outras coisas que proporcionam a ilusão de se estar vivendo. Muitas vezes são engolidas pela própria ilusão e vivem na certeza que nada lhes faltam, tapam o buraco da falta de sentido por muito tempo, às vezes por toda uma vida.
Até o momento em que percebe sua própria vida sem valor algum, quando as dores da alma chegam, espetam e sangram. Alguns fingem não ver suas mazelas. Não admitem a necessidade de um cuidado especial. Talvez por nunca terem sido cuidadas ou por em algum momento sentirem-se totalmente abandonadas.
Crianças que tiveram suas infâncias roubadas por abusos, trabalho precoce, drogas; que viveram em um lar disfuncional (não foram amadas como deveriam), em sua maioria tornam-se adultos famintos de uma dignidade que lhes foi negada. Adultos que tiveram dores sobre humanas anseiam por uma vida limpa, sem traumas.
Vivemos uma chacina coletiva, nos matando mutuamente.
Açoitamo-nos por meio da exclusão do diferente, do preconceito, do escárnio, da indiferença e das várias facetas da superficialidade do mundo contemporâneo.
Tentar estancar o sangue, buscando socorro no efêmero é uma insanidade, é o retorno ao descartável.
O ser humano tem um desejo profundo e legítimo por amor e conexão, isso é o que nos faz humanos.
A única forma de aprender a sermos humanos é se espelhar Naquele que é o protótipo perfeito de humanidade, o Amor que se fez carne, o Eterno.

Porque "Existe no homem um vazio do tamanho de Deus." ( Fiodor Dostoiévski)

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