quinta-feira, 29 de março de 2018

Se vira!




Tenho medo
Medo do futuro
Medo de mim
De quem serei
No que me tornarei
Hoje, um fracasso
Daqui há 10/20/30 anos?
Serei ranzinza, amargurada?
Ressentida e só?
Talvez com um bichinho de estimação como única companhia.
Serei uma daquelas pessoas que os outros acham esquisitas e não se aproximam?
Estou atrasada na vida.
E não tenho algo/alguém para culpar.
A ausência de um bode expiatório é pesada.
O problema é meu
O problema sou eu.
A mensagem que recebi a vida toda:
" Cada um com seus problemas, se vira!"


Perfume



Seja para o mundo aquilo que não foram com você
Dê às pessoas aquilo que você não recebeu
Se foram legalistas seja misericordioso
Se recebeu moralismo devolva com empatia
Se recebeu juízo, seja compassivo.
Foram canalhas, traidores, egoístas?
Demonstre honestidade, transparência e generosidade.
Ainda que você receba pedras, não jogue-as.
Atirar pedras:
tão cômodo, tão fácil!
Todos fazem.
Estender as mãos... poucos.
As mãos que oferecem flores são raras.
O mundo é dedo em riste
Seja mãos estendidas
Seja flor
Seja raro
Espalhe pétalas.
Deixe seu perfume.

Culpa e autorresponsabilidade



Culpa é um termo bastante antigo, já autorresponsabilidade está na moda.  São termos próximos, procurando pela definição de ambas as palavras, encontrei:

Culpa se refere à responsabilidade dada à pessoa por um ato que provocou prejuízo material, moral ou espiritual a si mesma ou a outrem. Já o sentimento de culpa é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ser ou fazer.

Autorresponsabilidade é a capacidade racional e emocional de trazer pra si toda responsabilidade por tudo que acontece em sua vida, por mais inexplicável que seja, por mais que pareça estar fora do seu controle e das suas mãos. É o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento.

Viver é jogar o jogo da responsabilidade ou da culpa, como queira. As relações sociais estão permeadas por esse jogo.
O tempo todo, as pessoas estão procurando quem culpar, em quem jogar a responsabilidade. Desde crianças com o famoso “Quem começou foi ele!” E segue o jogo, indefinidamente. Até quando?
Recentemente tive algumas conversas que evidenciaram esse jogo. 
Percebi que eu sou aquela que pede desculpas/perdão e assume a culpa/responsabilidade até mesmo quando sou a parte prejudicada da história. E isso não é discurso vitimista, o fato é que eu aprendi que a culpa era sempre minha. Ouvi a vida toda que:
Se alguém me fez de trouxa é porque eu permiti;
Se fui alvo de enganação é porque eu fui ingênua;
Se alguém me traiu é porque eu confiei em quem não devia;
Se perco uma amizade é porque eu pisei na bola;
Se meu namorado me traiu é porque eu dei bobeira,
Se algo ruim me aconteceu é porque eu fiz algo para merecer.
E assim a mensagem implícita é: “Não reclame daquilo que você permite”.
Não tenho o direito de lamentar minhas mazelas, de chorar minha “má sorte” ou de cobrar nada de ninguém; afinal sou a culpada.
Aceitei que sou 100% responsável pelo o que me acontece, ainda que seja algo que esteja completamente fora do meu controle.
A ausência de um bode expiatório é pesada demais.
E assim carrego o que me foi imposto.
Tudo o que me acontece é problema meu. E ninguém me deve nada.
Conclusão: a vida em sociedade se resume em “ema, ema, ema, cada um com seus problemas”.

segunda-feira, 26 de março de 2018

Era uma vez ... sem final feliz



Era uma vez...
Uma garotinha triste e introvertida.
Ela não tinha uma boa autoestima.
Ouvia coisas dos adultos que crianças não deveriam ouvir.
Adultos faziam com ela coisas que não eram para se fazer com crianças.
Ela não tinha amigos.
Só um caderninho pra desabafar suas tristezas.
A garotinha cresceu, virou uma mocinha.
A mocinha não se achava bonita, não chamava a atenção dos garotos.
Ela tinha cabelo pixaim e usava óculos.
A mocinha era extremamente insegura.
Ela também tinha um caderninho para escrever suas crises existenciais.
A mocinha virou uma jovem.
A jovem estudava e trabalhava.
Mas também se divertia com os amigos que fez.
A jovem namorava.
Recebia o amor que pensava merecer.
Relações tóxicas.
Quase se envenenou.
Se não fosse o caderninho!
Ela colocava o veneno pra fora.
Vomitava as dores em forma de palavras.
A jovem se tornou mulher.
Essa mulher ainda abrigava a garotinha triste e introvertida.
Mas aprendeu a disfarçar.
A mulher era insegura como a mocinha.
Ainda não aprendeu a ser amada.
Algumas vezes aceita veneno com rótulo de amor, igual a jovem.
A mulher tem um caderninho para escrever.
E um blog para publicar tudo o que não cabe em si.
Ela deseja que esse caderninho/blog vire um livro.
Ela acredita em final feliz.
O final feliz dela não é aqui.
O final feliz dessa história está em outro Livro.


domingo, 25 de março de 2018

Devolva-me




Você foi embora
E eu não te deixei
Você foi metade
Eu, inteira
Me entreguei
Insisti
Doentiamente insisti
Insensatez
Não queria que fosse
Não queria que me levasse
Eu já era sua
E você nunca foi meu
O inevitável aconteceu
Deixou-me...
Levou-me...
Difícil ficar sem você
Ainda mais, sem mim.
Peço lhe
Devolva
Devolva todo o tempo que investi em nós
Devolva as madrugadas juntos
Devolva as noites que fiquei te esperando
Devolva os livros
Devolva as citações
Devolva os vídeos
Devolva as músicas
Principalmente aquela.
Devolva a mentoria espiritual e intelectual
Devolva as confissões que fiz
Devolva o desejo
Os beijos
Os “bom dia”, “boa tarde” e ‘boa noite”
Devolva todo o afeto
Devolva os "Eu te amo"

Devolva-me.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Idolatrar pessoas



Esse foi um pecado recorrente em minha vida.  Fui o tipo de garota que pregava pôsteres dos ídolos na porta do guarda roupa. Babava na frente da TV quando eles apareciam.  Já cheguei ao cúmulo de sentir ciúmes de um deles.
Até que nasci de novo e a ficha caiu. Em relação a idolatria de pessoas, a mudança foi rápida.  Em pouco tempo de convertida percebi o quanto era anticristã a postura de colocar pessoas num altar.  A ironia é que depois que me converti, conheci muitas pessoas famosas.  Pessoas que não sabia que eram famosas e também gente que nunca imaginei conhecer.
Uma das primeiras pessoas famosas que conheci se tornou amiga íntima. Nos víamos com muita frequência, saímos, viajamos juntas, enfim... Éramos bem próximas. Cheguei a comentar: “ainda bem a conheci depois de conhecer Cristo, pois do contrário corria o risco de idolatra lá." Confessai meu pecado. Sabe aquelas pessoas que um dia você vê na tevê e no outro está almoçando, jantando, tomando café da manhã juntas? Então foi essa amiga, conhecida internacionalmente e eu estava lá, me relacionando com a pessoa real, não a celebridade.  Por intermédio dela conheci vários outros famosos. Apresentadores, atores, cantores... E eu estava curada, ufa!  
Depois conheci mais pessoas públicas; astros do rock, escritores, pessoas que admirava de longe, cristãos com grande visibilidade também.
Já como uma nova criatura, isso não mexe mais comigo. Enxergo essas pessoas como são e não como personagens/celebridades. Há anos me relaciono com pessoas que muita gente pede autógrafo, faz questão de tirar fotos, etc. E nem todas são quem parecem ser publicamente. #Fikaadica
Houve até uma situação que achei engraçada. Estava num show de rock de uma banda que conheço. Amigos de outro estado estavam no show e ficaram tietando (absolutamente normal). Mas os integrantes da banda são pessoas que vejo com alguma frequência, então não tietei.  Minha amiga questionou se eu não iria tirar foto com eles, "são celebridades". Respondi: "Celebridade pra mim é você que quase não vejo, eles não”.
Creio que a distância faz um pouco isso, provoca a idolatria.  Não só com pessoas famosas, como diz Millôr Fernandes "Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem". E é bem por aí mesmo. Independente da pessoa ser famosa ou não, temos a tendência de idealizar o outro. Não conhecemos de perto, não conhecemos seus pontos fracos e as colocamos num pedestal.  Em tempos de rede social vejo isso com uma frequência assustadora. Todo mundo quer ser "amigo", tirar foto e interagir com alguém influente. Oh céus! As consequências podem ser gravíssimas.  Aconteceu certa vez comigo, uma pessoa que não me conhecia bem, me idolatrou. Ela ainda não conhecia minhas fraquezas e ficava me bajulando. Até o dia em que eu erroneamente confiei e confessei um pecado. Passei a ser a pior pessoa do mundo. Disse-me coisas horríveis, me ignorou, me desprezou; a imagem que tinha de mim caiu. E isso arruinou um relacionamento promissor se o pecado da idolatria não estivesse presente.  A idolatria é maléfica tanto para o idólatra quanto para o objeto dela, não permite que você tenha relações com autenticidade. Algumas vezes também inibe o objeto da idolatria de ser sincero, arrancar as máscaras. 
Idolatrar pessoas: trate esse pecado.


quinta-feira, 15 de março de 2018

Soberba literária: eis a questão!




Por volta dos 13 anos de idade tive o primeiro contato com os textos de William Shakespeare. Tinha um primo que estudava teatro e eu passava alguns dias das férias na casa dele. Havia uma coleção de livros bonitos, vermelhos, uns 20 em média, todos iguais, no mesmo tamanho (altura) de capa dura na estante. Assim que vi fiquei interessada, coleções sempre chamam a atenção numa estante.
Eu não sabia quem era Shakespeare, simplesmente os livros estavam a minha disposição.
Gostei do Will logo de cara, acho impossível alguém não gostar dele.
Aos 20 e poucos anos, já conhecendo a importância do autor, tagarelava minha façanha vez ou outra: "Li Shakespeare na adolescência.”.
A verdade é que fui uma privilegiada, aos 20 anos conhecia Shakespeare, Machado e mais um pouco de boa literatura.
Livro é artigo de luxo, no sentido monetário, social e intelectual.
(Obs.: Acredito sim que há bons livros e outros nem tanto).
A soberba me picou, de tempos em tempos contava das minhas “altas” experiências literárias.
Isso demorou um bom tempo para passar. Até o dia em que alguém me disse:
 “Você não leu Shakespeare, você leu uma tradução de Shakespeare”.
Talvez você esteja se perguntando: "Mas não é a mesma coisa? O conteúdo é o mesmo.”.
Não, não é a mesma coisa, até o fim do artigo espero que compreenda.
Então eu entendi uma série de coisas.
* Ler por ler, ler só para aumentar a lista de leitura, ler para se encher de conhecimento, ler para mostrar ou postar nas redes sociais... Tudo isso é pura vaidade, vazio.
* Se ler muito e ler bons livros te faz soberbo, melhor continuar inculto. Não ter bom conhecimento literário é ruim, mas não é pecado.
* Ler muito e ler bons livros pode te fazer desprezar outras leituras excelentes, só porque não consta na lista de "bons livros".
* Há diversos tipos de leituras e você não precisa menosprezar uma em detrimento da outra.
* Ler para alimentar a alma, ler para se divertir, ler para se informar, ler por obrigação. Todas as leituras podem conviver e também convergir.
* Uma leitura leva à outra. Todo autor bebe de alguma fonte, a partir de uma obra você acaba conhecendo outras. Todo obra tem referências (diretas ou indiretas). Não existe obra totalmente original (pelo menos eu desconheço). Até mesmo a Bíblia teve "inspiração". (Não, não vou entrar na questão).
* Se o seu conhecimento literário (ou qualquer outro) não te faz uma pessoa melhor, se as suas leituras não servem ao próximo, pare!
* Ler adaptações, traduções e outros tipos de leituras "não originais", tem seu valor, dependendo do contexto. Eu não teria conhecido Shakespeare sem tradução.
O último ponto me faz valorizar a tradução e também o trabalho de muitos escritores que compilam/mastigam obras inacessíveis ou temas complexos e tornam acessíveis.
Algumas coisas ficariam difíceis se tivéssemos que ler/pesquisar diretamente da fonte original.
Ao mesmo tempo, esse último ponto também me diz que não tenho que me ensoberbecer por ter lido Shakespeare tão cedo. Na verdade não li Shakespeare cedo, eu o conheci. Isso faz muita diferença.
Ler Shakespeare significa ler em inglês, conhecer outro idioma. E se você ainda acha que não faz diferença ler em português ou em inglês, as obras originais do Will são em inglês arcaico e não em inglês Netflix.
Para terminar, Willian Shakespeare inventou milhares de palavras e causou mudanças na linguagem.
Ler Will no original significa não só conhecer outro idioma, mas também conhecer o inglês arcaico e a mudança linguística e de pensamento no decorrer dos tempos.
Não há motivo nenhum para se gabar de ler uma tradução (a obra mastigada) de Shakespeare.
Sou grata pelas oportunidades que tive, por tudo que conheci até hoje e ainda mais grata por saber que tudo o que conheci não significa nada comparado àquilo que não conheço.

domingo, 11 de março de 2018

Reparação





“Atonement” é uma obra do inglês Ian McEwan.
Em 2007 foi ao cinema e chegou ao Brasil com o título “Desejo e Reparação”. 
Atonement = reparação ou expiação.

Reparação: s.f. 1. Ato ou efeito de reparar; restauração, conserto. 2. Satisfação dada a alguém por uma falta, uma ofensa; retratação.
Expiação: s.f. 1. Purificação de crimes ou faltas cometidas. 2. Meio usado para expiar (-se); penitência, castigo, cumprimento de pena; sofrimento compensatório de culpa.

Ao longo da história, as pessoas foram obrigadas a tomar decisões difíceis, e até trágicas – sobre como reagir aos sofrimentos pelos quais passaram nas mãos de outros – ou sofrimentos que elas próprias causaram aos outros. O impacto em alguns casos perdura por toda a vida. Alguns erros são irreparáveis.
Muitas e muitas vezes nos deparamos com o dilema sobre a forma de responder à crueldade e ao sofrimento que impregnam a nossa vida.

Como responder ao mal?
Devemos fazer as pazes ou partir para uma retaliação?
É possível encarar aqueles que nos feriram?
Temos condições de conviver com nossos algozes?
E quanto ao mal que causamos aos outros?
Como conviver com a culpa e remorso pelo mal que causamos?
É possível desfazer ou compensar esse mal?
 
Há duas formas de lidar com o mal. A primeira implica no desejo de vingança e represálias ou uma suposta indiferença (não existe indiferença ao mal). A segunda, compaixão e fortaleza. A primeira nos enterra em ressentimentos e na amargura. O sentimento de injustiça nos corrói.
O desejo de vingança é instintivo, queremos ir à forra, ainda que de maneira sutil e elegante (?), isto é, sem sujar as mãos, sem parecer que estamos nos vingando. Há muitas maneiras de vingança, algumas até se parecem com bondade, outras se confundem com indiferença. Já disse: não existe indiferença ao mal.
Muitas vezes o impulso de reconciliação nos sobrevém, mas como lidar com a mágoa guardada?  Para expulsar a mágoa, exercer o perdão e a reparação será preciso uma força descomunal. Ir contra a natureza de pagar mal com o mal, humilhar-se perante o agressor/vítima. O ato de misericórdia não é para fracos, são para os pobres de espíritos, para os quebrantados. O orgulho, o ego ferido são empecilhos para a reparação e a reconciliação. A compaixão é o antídoto, pode quebrar os corações mais duros, pode dissolver culpas e mágoas nutridas por longo período.
Sem o perdão e a reparação os ciclos de violência (mesmo velados) continuam.
Num mundo que enfrenta ciclos de violência contínuos, quase ninguém se dispõe a pedir perdão, e muito menos conceder perdão. Se recusar a perdoar ou fazer reparação é menosprezar a Misericórdia. Perder a justiça reparativa que cura e liberta do cativeiro do ressentimento.

“Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não levando em conta as transgressões dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação.” 2 Coríntios 5:19.

O ato de perdoar e fazer reparação são o reconhecimento de nossa humanidade e da humanidade do outro. Perdoar é nobre; ser perdoado pode ser um alívio, perdoar genuinamente é sobre humano em certos casos.  E a reparação é irmã do perdão e uma via de mão dupla que pode ser exercida tanto pelo agressor quanto pela vitima. Perdão e reparação são os dois lados da mesma moeda. É preciso reparar os erros, as pessoas feridas precisam ser restituídas em sua dignidade, pois o pecado rouba a dignidade humana.
A reparação faz parte do processo de cura. Como agressores devemos demonstrar ao ferido o desejo de compensação, demonstrar
a profundidade de nosso desejo de sermos perdoados. Como vítimas, devemos demonstrar o desejo de perdoar; é o processo de cura e restauração.
A reparação tem o propósito de aliviar a culpa dos agressores e o ressentimento das vítimas, é o ato que faz correções, repara os danos, propõe a restituição, procura fazer uma compensação, limpa a consciência do transgressor, alivia o ódio da vítima e faz justiça com um sacrifício (em alguns casos) correspondente ao dano que foi feito.
Sem nos dar a oportunidade de reparar o mal que causamos/sofremos, por maior que tenha sido, ficamos presos ao passado; sem condições de viver plenamente o momento presente. Enquanto as feridas do pecado não forem tratadas, a dor continuará tanto em você quanto no outro.

“Uma pessoa é, acima de tudo, uma coisa materialfácil de danificar e difícil de reparar.” Ian McEwan



quinta-feira, 8 de março de 2018

Big Brother urbano



As redes sociais reais existem há muito mais tempo que as virtuais.
O Big Brother urbano pode ser assistido todos os dias 24 horas ao vivo.
Diariamente moradores de rua expõe sua intimidade nas calçadas.
As pessoas não curtem.
Mas eu compartilho dessa miséria.
Queria enviar o link para muita gente.
Não tenho acesso, não tenho permissão.
Meu “login” não está habilitado a falar dessa gente
Gente que dorme nos portões das mansões.
Venha madame, venha ver ao vivo um indigente, mendigo, mendicante, pedinte,  esmoleiro, sem-teto, sem-abrigo bem na porta da sua casa.
Deixe o “pay-per-view”.
Debaixo da ponte tem cenas mais interessantes que debaixo do edredom desse “reality fake show”.
A cidade é cheia de Miseráveis.
Uns nas ruas, outros em tríplex.
Os miseráveis são meus irmãos.
Os que moram em mansões e os que moram nas calçadas.
Senhor tende piedade de nós!

Oração (d)e despedida



Que possamos nos curar de todas as feridas feitas uns aos outros.
Que possamos nos libertar dos pecados cometidos em nossos relacionamentos e de todos os males que vieram por meio deles.
Que possamos ser mais conscientes do nosso egocentrismo.
Que possamos ter um coração puro, livre de ressentimentos, um coração quebrantado, disposto a voltar para o Senhor após cada pecado.
Que sejamos misericordiosos com o pecado do outro e mais responsável pelo nosso próprio pecado.
Que possamos confiar no poder do Espírito Santo para nos salvar, transformar e restaurar nossos relacionamentos.
Que a misericórdia seja maior que qualquer mal e juízo.


Poço dos desejos





Queria encontrar um poço dos desejos.
Desses que realiza todos os nossos pedidos.
Pediria para ser flor para embelezar e perfumar a vida.
Pediria para ser borboleta para dançar no céu e visitar as flores.
Pediria para ser livro, para ser lido e guardado no coração.
Pediria para ser travesseiro para ouvir o inconfessável
Pediria para ser chuva para me misturar as lágrimas.
Pediria para ser silêncio para ouvir o que não se fala.
Pediria para ser “Band Aid” da alma para curar todas as feridas.

Ah se eu pudesse realizar ao menos o último!