quinta-feira, 29 de março de 2018

Culpa e autorresponsabilidade



Culpa é um termo bastante antigo, já autorresponsabilidade está na moda.  São termos próximos, procurando pela definição de ambas as palavras, encontrei:

Culpa se refere à responsabilidade dada à pessoa por um ato que provocou prejuízo material, moral ou espiritual a si mesma ou a outrem. Já o sentimento de culpa é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ser ou fazer.

Autorresponsabilidade é a capacidade racional e emocional de trazer pra si toda responsabilidade por tudo que acontece em sua vida, por mais inexplicável que seja, por mais que pareça estar fora do seu controle e das suas mãos. É o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento.

Viver é jogar o jogo da responsabilidade ou da culpa, como queira. As relações sociais estão permeadas por esse jogo.
O tempo todo, as pessoas estão procurando quem culpar, em quem jogar a responsabilidade. Desde crianças com o famoso “Quem começou foi ele!” E segue o jogo, indefinidamente. Até quando?
Recentemente tive algumas conversas que evidenciaram esse jogo. 
Percebi que eu sou aquela que pede desculpas/perdão e assume a culpa/responsabilidade até mesmo quando sou a parte prejudicada da história. E isso não é discurso vitimista, o fato é que eu aprendi que a culpa era sempre minha. Ouvi a vida toda que:
Se alguém me fez de trouxa é porque eu permiti;
Se fui alvo de enganação é porque eu fui ingênua;
Se alguém me traiu é porque eu confiei em quem não devia;
Se perco uma amizade é porque eu pisei na bola;
Se meu namorado me traiu é porque eu dei bobeira,
Se algo ruim me aconteceu é porque eu fiz algo para merecer.
E assim a mensagem implícita é: “Não reclame daquilo que você permite”.
Não tenho o direito de lamentar minhas mazelas, de chorar minha “má sorte” ou de cobrar nada de ninguém; afinal sou a culpada.
Aceitei que sou 100% responsável pelo o que me acontece, ainda que seja algo que esteja completamente fora do meu controle.
A ausência de um bode expiatório é pesada demais.
E assim carrego o que me foi imposto.
Tudo o que me acontece é problema meu. E ninguém me deve nada.
Conclusão: a vida em sociedade se resume em “ema, ema, ema, cada um com seus problemas”.

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