quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Deus não cabe na Teologia
Querem Te encaixotar
Querem Te enjaular
Querem que Tu caibas na pequena caixa humana
Essa que chamamos de cérebro
Mas como podemos compreendê-Lo
se somos estrangeiros de nós mesmos?
Como podemos chegar ao pleno conhecimento de Ti
quando não conhecemos nossos próprios limites?
O homem é um mistério ao Homem
Só o Senhor nos conhece plenamente
Oh Deus de misericórdia!
Perdoa nossa arrogância em querer ser como Ti
Em querer colocar o Infinito dentro da finitude
Tua Graça nos humilha
Teu amor esmaga nossa lógica
E nos coloca ao pés da Cruz
O lugar mais alto que podemos chegar.
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
Ser bom sendo mal
Com a consciência de
que todas as nossas ações de bondade são como trapo imundo aos olhos do Senhor,
procure ser uma boa pessoa o máximo que puder/conseguir, mas não faça autopromoção.
Muito menos tente provar seus esforços para alguém. As pessoas que exigem
provas de nosso caráter são as mesmas que não merecem tal atenção.
Em um mundo de canalhas, esse será um diferencial. Os canalhas
estão sempre tentando se autopromover por meio de uma falsa bondade para depois
cobrar e manipular.
Um dos maiores desafios é ser você mesmo. As pessoas estão o tempo
todo nos dizendo como devemos ser/estar, o que pensar e o que sentir também.
Se seguirmos corremos o risco de virar um Frankenstein, um ser com
pedaços de outras pessoas, deixando nossa identidade ser moldada por
palpiteiros.
E são esses mesmos que quando estamos em crise acham que sabem como
resolver nossa vida sem a menor noção de que se estamos passando por problemas
é porque já perdemos o controle da situação e certos comentários/conselhos não
fazem sentido.
Como alguém que bate o carro em um acidente e ouve a frase “era só
frear antes”.
Afinal o problema
alheio é sempre tão fácil! Complicado são os nossos.
O mundo padece de
falta de empatia.
Ignore pessoas que
acham que sabem mais sobre você do que você mesmo, fazendo avaliações sem ao
menos conhecer sua história.
E não espere que só
porque alguém gosta de você/vice-versa, a pessoa possa lhe compreender ou
ajudar, por mais que esteja imbuída de boas intenções.
Às vezes
superestimamos e então vem a decepção, esperamos que o outro aja da maneira que
achamos correto, e nem sempre o outro pensa/sente da mesma forma.
Permita que o outro
seja ele mesmo.
E é sempre bom
lembrar que a ignorância é vizinha da maldade. Por vezes o mal é causado pelo
fato da pessoa não ter discernimento/bom senso necessário para a ocasião.
Seja paciente com as
limitações alheias. Isso faz parte do primeiro parágrafo do texto (volte e
releia).
Por fim, não importa o quanto nos esforçamos, estamos sempre em
débito, com o próximo e com Deus.
Nossa bondade é
cheia de maldade.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
A estudante e a ABNT
Dialogo entre uma
estudante imatura e uma senhora
Estudante: posso colocar figuras tipo...
flor, um coraçãozinho?
ABNT: Não!
Estudante: E hashtag? Pode né?
ABNT: Claro que não!
Estudante: Nem no título, tipo #precisamosfalarsobre?
ABNT: Muito menos no título, tem que ser algo sério.
Estudante: Nossa como você é chata!
ABNT: É... eu sei, já me falaram isso. Mas olha, se você aprender minhas regras direitinho, vai fazer vários trabalhos bons e vai ficar preparada para trabalhos científicos.
Estudante: Eu não quero fazer trabalho cientifico, eu quero literatura (resmungando).
ABNT: Nada impede de fazer os dois, trabalho cientifico com literatura.
Estudante: Deve ser mais chato ainda. Não quero! (começa a choramingar)
ABNT: Imagina, você pode virar até doutora!
Estudante: Doutora?
ABNT: É, fazer um doutorado.
Estudante: Igual o tio Jonas? (volta ao normal)
ABNT: Isso mesmo.
Estudante: Seria legal ser doutora igual o tio Jonas.
ABNT: Então, vamos começar um trabalho cientifico?
Estudante: Não. Não quero fazer trabalho cientifico coisa nenhuma!
Eu quero poesia. Quero ser doutora em poesia.
ABNT: Não!
Estudante: E hashtag? Pode né?
ABNT: Claro que não!
Estudante: Nem no título, tipo #precisamosfalarsobre?
ABNT: Muito menos no título, tem que ser algo sério.
Estudante: Nossa como você é chata!
ABNT: É... eu sei, já me falaram isso. Mas olha, se você aprender minhas regras direitinho, vai fazer vários trabalhos bons e vai ficar preparada para trabalhos científicos.
Estudante: Eu não quero fazer trabalho cientifico, eu quero literatura (resmungando).
ABNT: Nada impede de fazer os dois, trabalho cientifico com literatura.
Estudante: Deve ser mais chato ainda. Não quero! (começa a choramingar)
ABNT: Imagina, você pode virar até doutora!
Estudante: Doutora?
ABNT: É, fazer um doutorado.
Estudante: Igual o tio Jonas? (volta ao normal)
ABNT: Isso mesmo.
Estudante: Seria legal ser doutora igual o tio Jonas.
ABNT: Então, vamos começar um trabalho cientifico?
Estudante: Não. Não quero fazer trabalho cientifico coisa nenhuma!
Eu quero poesia. Quero ser doutora em poesia.
sábado, 3 de dezembro de 2016
Silêncio: bem e mal
Vivemos na era da
comunicação, onde todos falam, expõem suas dúvidas e opiniões. O que vejo
muitas vezes é na verdade uma comunicação de via única, em que não há troca, uma real comunicação. Todos falam e no fim ninguém
comunica nada. Em parte porque cada um está mais interessado em ser a mensagem
e não receptor da mensagem. Talvez por isso programas como o “Fala que eu te
escuto” está no ar há algum tempo, as pessoas tem necessidade de serem ouvidas
de fato, não apenas falar, mas sentir que a mensagem foi bem interpretada pelo
receptor. Pessoas que por algum motivo
tem o hábito da escuta: psicólogos, psicanalistas, padres, pastores,
voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida), entre outros, conhecem bem
a importância do silêncio diante do depoimento de alguém. É preciso atenção,
não só dos ouvidos, mas total para perceber o dito e principalmente o não dito.
O silêncio tem dupla face, para as
pessoas citadas acima é o alivio de quem precisa desabafar, porém tem seu lado
negativo.
Alfred Hitchcock explorou este lado negativo no filme “A Tortura do Silêncio”, em que um padre aparentemente um modelo da piedade religiosa, ouve a confissão de um assassino. As normas da igreja impedem o padre de falar - mesmo que seja em sua própria defesa - quando evidências circunstanciais apontam o padre como o principal suspeito do mesmo crime. Imagine-se na situação do padre, guardar silêncio pode ser uma tortura. Muitas vezes precisei calar para não ferir as pessoas, inclusive as mesmas que me feriram, evitando dizer o que pensava ou sentia.
Muitas vezes usei o silêncio também para ferir, calando-me como forma de punição ao outro. Como é difícil distinguir uma coisa da outra. Hora de calar e hora de falar. Houve momentos que me calei por causa de normas impostas, regras próprias e aprendidas. Silêncio imposto sempre cobra a dívida, mais cedo ou mais tarde, o que foi engolido, será expelido e pior sem medir os danos. O silêncio é um grande bem e um grande mal, cabe a nós pedirmos sabedoria para usá-lo.
Alfred Hitchcock explorou este lado negativo no filme “A Tortura do Silêncio”, em que um padre aparentemente um modelo da piedade religiosa, ouve a confissão de um assassino. As normas da igreja impedem o padre de falar - mesmo que seja em sua própria defesa - quando evidências circunstanciais apontam o padre como o principal suspeito do mesmo crime. Imagine-se na situação do padre, guardar silêncio pode ser uma tortura. Muitas vezes precisei calar para não ferir as pessoas, inclusive as mesmas que me feriram, evitando dizer o que pensava ou sentia.
Muitas vezes usei o silêncio também para ferir, calando-me como forma de punição ao outro. Como é difícil distinguir uma coisa da outra. Hora de calar e hora de falar. Houve momentos que me calei por causa de normas impostas, regras próprias e aprendidas. Silêncio imposto sempre cobra a dívida, mais cedo ou mais tarde, o que foi engolido, será expelido e pior sem medir os danos. O silêncio é um grande bem e um grande mal, cabe a nós pedirmos sabedoria para usá-lo.
Culpa e Perdão
Era uma vez, uma menina pequena e gordinha, o nome dela era Culpa
Culpa era pequena e pesada.
Tão pesada que ninguém queria brincar com ela, às vezes carregam-na por obrigação, ordem da mãe Consciência.
Não era aceita, cresceu sendo rejeitada, as pessoas tinham vergonha dela. Sempre que podiam a disfarçavam, a escondiam.
De vem em quando alguém a levava para a igreja, porque falavam que lá as pessoas a aceitariam, mas não era em todas não, só algumas.
Conheceu muita gente, fez amizades e tentou se adaptar. Foi difícil pois nem todas as pessoas a queriam por perto.
Muitos anos se passaram, enfim conheceu um rapaz que lhe disse que não se envergonhava dela e a aceitava como era. Casaram-se e tiveram uma filha.
Uma menina tão linda que ninguém resistia tamanha beleza.
Graça: filha da Culpa e do Perdão.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Santidade & Castidade
Tem algo que me incomoda há tempos, mas não me sentia preparada
para falar sobre o assunto, também não me sinto qualificada, mas criei coragem
para expor meu posicionamento.
Sempre que vejo falarem sobre santidade, percebo que na verdade
estão querendo falar sobre sexualidade e castidade, e o público-alvo é
geralmente os jovens.
Vamos combinar que santidade não se reduz somente a castidade e
que castidade não é assunto só de jovens?!
Para começar vamos definir o que significa cada palavra.
Santidade é a qualidade de quem é santo (simplificado).
Santo:
Origem Hebraica קדוש
“Qadash” ou “Kadosh” = sagrado, separado, consagrado. O conceito mais popular é
“separado”, indica algo/alguém que é “separado” e “consagrado”.
Passagens bíblicas: 1ª Pedro 1:16. Filipenses 1:1-2.
Gênesis 2:3.
Ser
santo é ser separado do mundo, é fazer a vontade de Deus, é amar o que Deus ama
e odiar o que Deus odeia. É ter fome e sede de justiça, é uma busca constante e
verdadeira de seguir o Caminho, isto é, seguir Jesus. É viver e proclamar as
Boas Novas.
Ser santo
é refletir Cristo para o mundo.
Não devemos confundir santidade com regras morais, pois há a
possibilidade de ser moral sem ser santo. E santidade vai além da castidade.
Infelizmente para muitos cristãos, santidade sempre
está atrelada a questão sexual, como se o único critério para uma vida santa
fosse viver a castidade, quando na verdade a sexualidade é um dos itens e não a
totalidade de uma vida santificada. Reduzir santidade a questão sexual é no
mínimo anti bíblico. Vivemos uma moralidade hipócrita nesse assunto e tratamos
o tema com repúdio quando deveríamos tratar o cerne da santidade, um coração
voltado ao Senhor.
Castidade: sf (latim; 'castitate').
1. Qualidade de casto, isto
é, daquele que se abstém dos prazeres
sexuais.
2. (Teol) Abstinência completa de
todas as paixões desordenadas.
3. Pureza.
Percebam que abster-se dos prazeres sexuais é o primeiro e mais
popular significado, no entanto o segundo significado (o teológico), diz
respeito a abstinência das paixões desordenadas, o que isso significa?
Fomos criados segundo a ordem de Deus, e deveríamos viver em
conformidade com Seus propósitos, mas o pecado original fez com que nossos desejos,
vontades e inclinações não estejam alinhados com a ordem e os propósitos do
Senhor, isto é, quando nossas paixões (vontades, desejos,
inclinações) estão fora de ordem, pecamos.
Passagens
bíblicas: Tito 2:12. Tito 3:3. Gálatas 5:24. 2 Timóteo 2:22. Romanos 7:5
Portanto segundo o conceito teológico, castidade vai muito além do
sexo, tudo aquilo que nos domina, que escraviza, nos impede de ter uma vida
santificada. Ser casto então significa a recusa em ser dominado por essas
paixões fora da ordem do Criador.
A falta de domínio próprio é um empecilho para a santificação,
seja na área sexual ou em qualquer outra.
“Ao
contrário, o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, autodomínio. Contra tais coisas não
existe lei.” (Gl 5, 22-23)
Castidade (abstinência sexual) não é sinônimo de santidade.
E sem castidade (abstinência de todas as paixões desordenadas) não é possível a santidade.
Que possamos entender melhor a relação santidade/castidade e buscar a santificação em todos os aspectos de nossa vida. Amém?
Que possamos entender melhor a relação santidade/castidade e buscar a santificação em todos os aspectos de nossa vida. Amém?
domingo, 20 de novembro de 2016
Terreno baldio ou Jardim?
Terreno baldio é um terreno abandonado ou sem dono. É caracterizado por falta de manutenção, mato alto, lixo ou entulho no local. Além de, por vezes, também serem encontrados animais como ratos e baratas. Também é comum a utilização indevida da área por marginais, como por exemplo para desova de cadáveres.
Um jardim é um espaço planejado, normalmente ao ar livre, para a exibição, cultivação e apreciação de plantas, flores e outras formas de natureza. A etimologia da palavra refere-se a "algo fechado", uma vez que teria origem no radical "garth", proveniente das línguas nórdicas e saxãs, que significa "cintura ou cerca".
Existem diversos tipos de jardins, que se diferenciam por suas características e funções. Jardinagem é a atividade de cultivar e manter um jardim.
Na sua vida diária e nos relacionamentos você pode ser terreno baldio ou jardim.
Quando você permite que as pessoas joguem seus lixos (frustrações, expectativas irreais) em você, ou quando as pessoas com as quais se relaciona não fazem manutenção do relacionamento fazendo crescer os matos (a distância, a falta de carinho e atenção) . Então existe a chance desse terreno baldio ter também animais como ratos e baratas (mágoas, ressentimentos). E por fim, esse terreno baldio terá cadáveres (gente que você matou em seu coração).
Você também pode ser jardim, ser uma pessoa aberta para a vida e para relacionamentos (jardim ao ar livre), mas ao mesmo tempo se preserve (como na etimologia da palavra "cerca"), isto é, não deixe qualquer um entrar, e não deixe que os convidados, pisem nas flores (seus sentimentos, valores). Cuide bem do seu jardim, mostre que tem dono (você) e que tem também um jardineiro (Deus). Aquele que não sabe diferenciar um terreno baldio de um jardim é um tolo cego. Não se perca tentando mostrar a diferença.
Apenas cuide do seu jardim, regue, pode, corte e você atrairá borboletas (pessoas que apreciam sua beleza e se alimentam do seu néctar).
Lembre-se a cada momento, a cada dia, em cada relacionamento você escolher ser terreno baldio ou jardim.
Eu escolho ser jardim!
sábado, 19 de novembro de 2016
A dor de existir
Na infância achava que viver era muito doloroso, ainda acho.
Refugiei-me nas Letras, em meus diários e nos livros. Escrever, ler, escrever; uma coisa como consequência da outra, e não me pergunte o que veio primeiro ou qual mais importante. Ler e escrever são as duas faces da mesma moeda.
Vivia num mundinho à parte, às vezes acho que era uma espécie de "autista"; socializava com todos, mas tinha/tenho um mundo só meu e nesse quase ninguém entra(va). Descobri que era o esconderijo perfeito para a dor, uma possibilidade de continuar existindo apesar do mundo cão à minha volta.
Meu diário era cheio de questões, procurava respostas nos livros, ainda procuro. As Letras me permitiram saber coisas das quais não saberia de outra forma.
A dor de existir era tão grande que parecia ser uma parte de mim como um membro defeituoso, por vezes ela extravasava. Então escrevia…. como forma de fugir da realidade, para continuar existindo.
A literatura me adotou e como dizem os filósofos a arte representa um paliativo para o sofrimento humano.
Essa dor que sabe-se lá de onde vem e não sei quando vai embora estava/está presente o tempo todo. Ao acordar, enquanto caminho para a escola/trabalho/faculdade... Continua a cada respirar.
Enquanto caminho só, sinto seu peso, esmagando minha alma.
Por vezes, me distraio e a esqueço. E por alguns instantes sou feliz, ah quem me dera!
Quando converso de forma profunda com uma amiga íntima. Quando contemplo a Beleza, são vislumbres de uma terra da qual sou turista.
E logo vem ela, a Grande Tristeza com seus dentes afiados me morder novamente. E arranca de mim a força que não tenho para continuar.
O mundo exige coisas que não possuo, talvez nunca possua. Mas desistir não é uma opção.
E a dor vai se metamorfoseando, ora vira vazio, ora melancolia, por vezes doença. Cada dia uma coisa. E nesses intervalos, entre brechas, ela me permite viver.
Quando a Grande Tristeza sai para um passeio, penso que já senti tudo o que tinha pra sentir, e de agora em diante serão apenas porções menores do que já vivi. Nada novo debaixo do sol, como diz o pregador.
Os monstros e fantasmas que me habitam saem para passear, vão tomar um banho de sol, assombrar outras almas.
E a vida que parecia lago, torna-se rio em direção ao mar.
E esse mar que nunca alcanço!
E essa vida como ferida em carne viva!
Sei que meu Redentor vive e a esperança é a âncora da minha alma.
Sei principalmente que não existe vida fora da Palavra.
Sei principalmente que não existe vida fora da Palavra.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
Expectativas e frustrações
Já houve época em que acreditei no clichê “o importante é ser feliz”, hoje sei que o importante mesmo é cumprir a missão antes de partir.
A ingenuidade também me
fez acreditar que deveria ser “boazinha”. Hoje sei que bondade não tem a
ver com complacência burra, isto é, permitir ser manipulada e usada.
Aprendi que a empatia é importante e que a dignidade também,
e ainda melhor quando consigo unir as duas coisas.
Por que é tão difícil
praticarmos uma verdadeira empatia e alteridade pelas pessoas que estão à nossa
volta sem se perder no caminho?
É possível ser
esvaziados de si na doação sem ser roubados em nossa subjetividade?
Como é bom
encontrarmos alguém para se desnudar, compartilhar nossa história, criar
laços de alma!
Mas, e quando as
coisas não vão bem? Como é ouvir exatamente o que eu disse, só que agora contra
mim? Ou ser ridicularizado por nossas peculiaridades?
Soltar ou não os
nossos fantasmas correndo o risco de sermos assombrados depois?
Bem sei que não
tenho controle sobre as ações de outras pessoas, afinal mal tenho controle
sobre minhas próprias ações. “Pois o bem que quero, não faço; mas o mal que não
quero, este faço.”
Cada pessoa é um universo
único: teve outra vida, outras vivências, outros traumas, outras
questões. Não posso e não devo compará-la com minha vida ou com
qualquer outra pessoa/vida. A singularidade é uma das características mais
belas do ser humano. Cada pessoa que conhecemos é um quebra-cabeça, nem
por isso precisamos decifrá-la de imediato.
Às vezes ficamos
tentando entender o que não é possível apenas pelo intelecto, é preciso acolher
para que o relacionamento desabroche e só depois, talvez possamos
compreender. Entrar no mundinho alheio leva tempo e exige paciência.
Interaja com empatia, ouça
sem pensar em retrucar, sem dizer o que teria feito no lugar dela, ou naquela
coisa parecida que aconteceu com um amigo seu. Deixe de lado suas
opiniões, seus julgamentos de valor.
Se a pessoa pedir
expressamente sua opinião, seja comedido; nem sempre conhecemos
todo o enredo. Conhecendo-se aos poucos, as expectativas e frustrações podem diminuir.
As pessoas sempre
reclamam das decepções. Frustramo-nos quando o outro não age da forma
como esperávamos. No entanto, já parou para pensar nesse outro, no fardo
que colocamos nele?
As pessoas não tem a
obrigação de atender nossas expectativas.
Muitas vezes a
decepção é só nossa, somos responsáveis pelo que sentimos. Ignoramos o
direito de cada um ser o que é, exigindo que sua pessoalidade se
enquadre em nossos critérios.
As expectativas nos
aprisionam e coloca o outro em uma prisão também.
Se quiser ter certeza
do fracasso de um relacionamento é isto, esperar que o outro seja/faça/aja/conforme
esperamos.
Sinceramente, não
quero que as pessoas esperem muito de mim, não sou perfeita nem boazinha. Sou
egoísta por natureza, preguiçosa, entre tantos outros adjetivos negativos.
Falar sobre eles não
é uma desculpa para agir mal, mas reconhecer a minha incapacidade de atender as
minhas próprias expectativas que são grandes o suficiente para que eu venha
também carregar as expectativas alheias.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.”
domingo, 16 de outubro de 2016
Sobre o sentido da vida
A meditação sobre a
finitude da vida amadurece, aproximar-se da morte e sentir o cheiro da
insignificância de tudo nos dá uma amostra de uma sabedoria que creio só os antigos saborearam. Nossa modernidade líquida, como diria
Bauman, não medita mais sobre a brevidade da vida.
Para
as pessoas rasas, que não pensam em longo prazo, principalmente sobre as
consequências
de suas ações, a vida é bela e ponto. Porém, mais do que bela, a
vida
exige respostas, responsabilidade.
A
preciosidade da vida reside justamente em sua brevidade.
Sábio
é aquele que responde às situações da vida cônscio de sua fugacidade.
Ser sábio não significa dar sempre as respostas certas, não cair, não falhar.
Ser sábio não significa dar sempre as respostas certas, não cair, não falhar.
Sábio
é aquele que diante das fragilidades aprende a transformar a si mesmo. É nas
fragilidades que a dor rima com amor, no exercício da compaixão, dada e
recebida.
Não podemos fugir da dor e da morte, são coisas que cedo ou tarde nos encontrará, o que podemos fazer é dar dignidade a nossa morte, é elevar o valor da nossa dor.
Não podemos fugir da dor e da morte, são coisas que cedo ou tarde nos encontrará, o que podemos fazer é dar dignidade a nossa morte, é elevar o valor da nossa dor.
Dar
dignidade a nossa morte é deixar um legado, uma vida que deixa marcas
indeléveis, um legado é quando suas pegadas não são apagadas facilmente, ao contrário,
são seguidas.
Elevar
a dor é usá-la para o bem do próximo. É dar um significado maior do que sua
própria vida.
Unir
suas experiências a outras vidas é dar sentido à existência.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
O arisco e a sensível
Vi essa imagem rolando por aí esses
dias e vi diversas interpretações.
“Dormindo com o inimigo”
“Jugo desigual”
“O pecado e o Homem”
Além dessas, vi outra mensagem nessa imagem.
“O arisco e a sensível”
O arisco é aquele que se comporta de modo arredio ou
esquivo, que foge ao convívio social, indivíduo que se afasta quando começa a
intimidade, tem um gênio complicado de se lidar, intratável.
Sensível é a pessoa emocional, que se deixa comover com
facilidade, empática; que tende a compartilhar do sofrimento alheio, solidária;
que expressa compreensão e solidariedade, que é afetada com facilidade por
atitudes alheias.
Parece óbvio que o primeiro sempre fere o segundo, eu já vi
esse tipo de relacionamento. E não é necessariamente uma relação romântica,
pode ser entre amigos, parentes, colegas de trabalho etc.
Não é que o arisco não tenha sentimentos, mas é que existe
uma casca espinhosa cobrindo-os.
A pessoa sensível não é tão virtuosa como parece, falta-lhe
maturidade emocional para não se deixar ser atingida pelos espinhos do arisco.
A maturidade emocional lhe permite distinguir o que é seu e o que é do outro e
não pegar para si o que não lhe pertence; isto é, os espinhos não são meus e
muito menos responsabilidade minha.
Cada um com suas características!
E ao contrário do que li, creio que
esse tipo de relacionamento pode ser benéfico para ambos.
Se os dois enxergam suas limitações
é possível que cada um amadureça com a relação, não é preciso romper ou se afastar.
Creio que uma relação como essa, em
longo prazo, possa fazer que o arisco seja menos arisco e que o sensível se
fortaleça emocionalmente.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
A fêmea e a mulher virtuosa
Vivemos a era da
descartabilidade, das relações fugazes. Vivemos dias tão fúteis em que se pode
“fisgar” alguém apenas pela configuração exterior.
Tanto homens quanto mulheres usam
estratégias que enaltecem sua aparência para atrair parceiros. São selfies com
bico de pato (mulheres) ou na frente do espelho da academia (homens) que
infestam as redes sociais. Vou concentrar esse texto no sexo feminino.
A frivolidade das mulheres é
espantosa! Desculpe-me amigas, mas sou rodeada por banalidades femininas.
Não quero cair naquele no velho
clichê de “o que importa é a beleza interior”, não é isso. A questão é que vejo
poucas mulheres se dedicaram ao crescimento emocional, espiritual e intelectual
da mesma forma que se dedicam aos outros assuntos (cabelos, maquiagem, sapatos,
baladas, homens etc). Acredito que uma mulher deveria ter interesse em
desenvolver-se em diversas áreas. Às vezes tenho dúvidas se sou mesmo mulher,
pois sinto enfado quando os assuntos tipicamente femininos se estendem em
demasia.
Há um tipo específico que me
chama a atenção, é a sedutora, a Dalila, a “femme fatale”.
Confesso que já tive vontade de
ser essa figura, aquela que é capaz de deixar um homem aos seus pés num piscar
de olhos. Aquela que todos viram o pescoço quando “desfila”, ela recebe mil
curtidas e inúmeros comentários masculinos do tipo “gata” ou “linda” em suas
fotos.
Tenho observado inúmeras dessas
fêmeas nas redes sociais, e meu Deus! Melhor nem comentar o que vejo, é
deprimente o que fazem para chamar a atenção.
Com o passar dos anos desisti de
ser apenas uma fêmea, descobri que é fácil ser uma mulher fatal. Maquiagem,
roupas provocantes, salto alto, alguns itens que colaboram para ser sensual e
despertar o desejo masculino e a inveja das mulheres. O prazer da
sedução casual e descompromissada é efêmero. E cá entre
nós, aquele que se deixa enlaçar por um decote não é digno de ser chamado
homem. Como confiar em quem é dominado por tão pouco?!
A fêmea, que se deixa levar
por seus instintos, também entra numa espiral contínua de
concupiscência e sem se dar conta que faz de seu corpo uma praça
pública.
Ah, mas eu quero mais, muito
mais! Quero ser mulher de verdade e não apenas uma fêmea. Quero ser uma mulher
virtuosa, isto é, cheia de virtudes. Ainda não sou quem eu gostaria de ser, mas
estou buscando uma beleza além do espelho, quero ser atraente de outra maneira.
Não afirmo que devemos ser
negligentes com a aparência, no entanto busco ter virtudes que serão
reconhecidas em longo prazo, que serão admiradas mesmo quando estiver cheia de
rugas e com os cabelos todos brancos, uma mulher virtuosa investe na beleza
atemporal.
Uma mulher virtuosa é reconhecida
mesmo quando estiver impossibilitada de desfilar seus atributos físicos.
A fêmea pode até deixar um homem
louco, mas a mulher virtuosa ganha sua admiração por muito tempo.
Uma mulher virtuosa tem fibra, um
caráter lapidado, é leal, tem um coração generoso, é prudente, possui um jeito
esperançoso de enxergar a vida apesar das suas mazelas. São essas virtudes que
marcam especialmente nossa passagem por essa vida. Uma mulher virtuosa causa um
impacto duradouro na vida das pessoas que a cercam, deixa uma marca indelével
naqueles que a conheceram.
Tenho como prioridade preparar
meu coração para o Senhor, ser bela aos olhos Dele.
domingo, 21 de agosto de 2016
Gratidão
Gratidão não é apenas dizer obrigado quando recebe um presente de aniversário ou casamento.
Gratidão não é um gesto de educação
quando alguém lhe faz algo do qual não tinha o dever.
Gratidão é reconhecer toda a boa dádiva
da vida, mesmo que essa dádiva por vezes esteja quase irreconhecível em
circunstâncias dolorosas.
Muitas vezes deixamos de perceber os
presentes de nossas vidas porque só prestamos atenção ao que nos falta.
O adolescente rebelde que dispara: eu
não pedi pra nascer.
O universitário que declara ao
professor: é sua obrigação me orientar bem para fazer o trabalho.
O chefe que diz para sua secretária: sou
eu quem paga seu salário por isso você tem que fazer o que eu mando.
E aquele famoso bordão televisivo: Tô
paganndooo!
Esse eu já ouvi muitas e muitas vezes de
clientes cheios de razão. Quem trabalha em atendimento ao cliente conhece bem
esse tipo de arrogância.
A gratidão não só pelas grandes
conquistas da vida, mas a gratidão do dia a dia reflete um coração que
reconhece sua vulnerabilidade perante as circunstâncias da vida.
“O que não tem controle, nem nunca
terá...”
A pretensa ambição de controlar o
incontrolável nos faz magoar as pessoas, mexer em feridas mal curadas e
atropelar situações que poderiam gerar um grande bem se não fosse pela falta de
amabilidade e gratidão.
A falta de gratidão gera um
comportamento ríspido, uma ansiedade de querer tudo “à moda da casa”, a
frustração nos cega em relação ao que já temos e as oportunidades futuras.
Agradeça não só as situações boas,
porque muitas coisas boas também podem surgir de situações ruins. Mas isso só é
percebido por um coração grato, pois o ingrato nem mesmo reconhece as coisas
boas.
Traumas e Fantasmas
Traumas rondam nossas
vidas como fantasmas.
Os traumas que não
estamos prontos a enfrentar continuam-nos a assombrar com ainda mais força.
Devemos, portanto aceitar este paradoxo: a verdadeira superação de um acontecimento deve começar pela sua rememoração.
Como
dizia uma amiga, vamos gastar o assunto: pensar, falar, sentir...sobre o que
nos aconteceu, que um dia ele acaba. Insistir para que seja absorvido e deixe
de existir, não como fato, mas como fantasma.
Porque superar não é esquecer, mas não permitir que o passado nos domine.
Porque superar não é esquecer, mas não permitir que o passado nos domine.
Máscaras
Normalmente usamos o
termo máscara quando queremos falar de falsidade. Falsidade é a característica do que não é
verdadeiro. Quase todo mundo concorda que uma pessoa
falsa tem um desvio de caráter, ocultar a verdade para levar vantagens, ganhar
status, desmoralizar pessoas, entre outros.
Além
da falsidade, há também a dissimulação. Existe uma diferença entre ser falso e
ser dissimulado. Dissimulação é o ato de esconder os próprios sentimentos,
intenções, tornar invisível ou pouco perceptível; ocultar, disfarçar. Falamos
que alguém usa máscara tanto para um conceito quanto para o outro. Ser falso ou
dissimulado é usar máscara. Infelizmente em nossa sociedade nos vemos
pressionados a usar máscaras, em nome da boa educação, do convívio social,
dissimulamos/ocultamos nossos reais sentimentos e pensamentos. Imagina como
seria uma pessoa que verbalizasse tudo o que pensa e sente?
A questão não é quem usa ou não usa máscara,
todos nós usamos máscaras para viver em sociedade, não é possível ser
verdadeiro/demonstrar tudo o tempo todo (alguém discorda?).
A questão que eu quero deixar é: em que circunstâncias você tira sua máscara? Quais são os momentos que você se revela? Revelar é tirar o véu, deixar ver, mostrar, descobrir, fazer conhecer. E ainda, e mais importante: para quais pessoas você se revela? Para quem você tira a máscara?
A questão que eu quero deixar é: em que circunstâncias você tira sua máscara? Quais são os momentos que você se revela? Revelar é tirar o véu, deixar ver, mostrar, descobrir, fazer conhecer. E ainda, e mais importante: para quais pessoas você se revela? Para quem você tira a máscara?
Apagar pessoas
Muito já se falou sobre os
relacionamentos líquidos e a descartabilidade das pessoas, no entanto, há um
fenômeno nas relações pessoais que difere um pouco dessa teoria.
Vejo no dia a dia algo que parece
uma tendência sem retorno.
Uma convivência confusa entre as pessoas, desordenada, ninguém sabe mais o papel
que ocupa na vida do outro, ninguém mais dá garantias de nada. Hoje sou seu
amigo, amanhã não sou mais e depois talvez eu queira me relacionar contigo, sei
lá.
Deixo no ar, deixo você na sala
de espera, no banco de reservas, como uma peça coringa a ser utilizada na hora
certa. E para mim você não é especial, é mais um entre tantos outros
relacionamentos que tenho, sem distinção alguma.
No momento adequado eu o coloco
como personagem do meu roteiro. Enquanto não há um papel para participar da minha novela (vida) vou deixando o possível personagem
guardadinho na caixa junto aos outros. Não, eu não descarto, esse é o X da
questão. Não há descartabilidade,
há o descaso puro e simples.
Como acontece esse descaso? Uma ligação
não retornada, uma visualização sem resposta, meses
sem se comunicar. São tantas as atitudes e falta delas que demonstram que
estamos apagando um personagem de nossa história. Minha dúvida de sempre:
é proposital ou não?
Tenho um querido amigo que assume que é relapso, ele esquece
as pessoas de diversas formas, já aprendi que o jeito dele é assim mesmo, mas e os outros? E quanto a mim? Oh,
eu também faço isso!!! Quantas vezes eu deixei que um personagem da minha
história se apagasse aos poucos até desaparecer?
De deslize em deslize os sentimentos
mudam, a consideração diminui.
E de tanto deixar os relacionamentos na “sala de espera” as pessoas vão sendo apagadas da nossa vida.
Que eu possa recuperar àqueles
que por negligência apaguei e que eu seja compreensiva com aqueles que ainda
não perceberam que fazem isso
comigo.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
Gemidos inexprimíveis
As cenas ainda permanecem em minha cabeça...Junho de 2010. Saí de casa por volta das 6:30 h da
manhã como de costume para trabalhar, meu trajeto incluía uma rodovia. Andava
no corredor como todos os motociclistas, um carro saiu repentinamente de sua
faixa para entrar na outra, não dava tempo de frear, tentei desviar, bati no
veículo seguinte. Literalmente voei, fui jogada alguns metros adiante, o
capacete saiu da minha cabeça, caí de costas no asfalto.Estava no chão, literalmente quebrada, a reação automática foi tentar
levantar, mas eu não conseguia me mexer. Um monte de pessoas falando comigo ao
mesmo tempo, parecia que eu estava fora de mim.
Poucos minutos depois o resgate chega, era o carro dos bombeiros, quando eles me pegaram para me colocar na maca, a dor foi tão intensa que nem consigo descrever, não conseguia falar, só dor, só gritos.Chegando ao hospital, apaguei. Acordei oito horas mais tarde, na sala de cirurgia, olhei para o meu corpo e levei um susto, havia sido aberta e costurada. Entrei em estado de choque.A partir desse momento as lembranças se embaralham bastante, a noção de tempo numa situação como essa é completamente diferente do tempo da vida normal. Um dia no hospital imobilizada, olhando para o teto equivale há muito mais que 24 horas, eu sentia muita dor o tempo todo.
Minha situação de saúde era a seguinte: estava com a bacia quebrada em dois pontos diferentes, uma lesão na coluna entre a lombar e a medular, um edema cerebral, diversas escoriações pelo corpo e o rosto todo machucado, inchado e roxo da pancada. A bacia quebrada parecia ser o que exigia mais cuidado, a lesão na coluna preocupava muito porque não se sabia exatamente qual era o ponto da lesão, se fosse só na lombar tudo bem, mas se a lesão também tivesse atingido a medula tinha certa probabilidade de paralisar os movimentos dos membros inferiores, em outras palavras, corria o risco de ficar paraplégica.
O edema cerebral era por causa da batida, que graças ao capacete não aconteceu nada mais grave, aliás, foi um milagre não sofrer danos sérios no cérebro (será mesmo?!). Porém esse edema cerebral me deixava com dores muito fortes na cabeça, não conseguia pensar. E o rosto? Bem, meu rosto estava desfigurado, o inchaço fez com que meus olhos sumissem, no lugar havia duas enormes “beterrabas”, nem dava para ver meus olhos, mas estava enxergando ainda, estar hoje com o rosto perfeito é mais um milagre na minha vida.A bacia quebrada não me deixava mexer, afinal a bacia é o elo entre o tronco e os membros inferiores, então só mexia os olhos.
A dor se tornou parte de mim, 24 horas por dia, até mesmo respirar doía. A dor era tão grande que não tinha forças para gritar ou chorar, conheci a expressão bíblica “gemidos inexprimíveis”.
“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.”(Romanos 8. 26-28).
Não dormi alguns dias, por mais que tentasse e quisesse, como adormecer com tanta dor?
“Ai de mim! [...] Estou exausto de tanto gemer, e não encontro descanso”. (Jeremias 45:3)
Pedia para as enfermeiras darem remédios pra passar a dor, eu já estava medicada era a resposta, mas porque a dor não passava? Os dias foram se passando e a dor não diminuía, estava ficando louca por não dormir. Um dia consegui conversar com o médico e falar sobre o fato de não dormir por causa das fortes dores. O médico me disse que a dor de cabeça era por causa do edema cerebral, uma espécie de inchaço no cérebro, e que esse inchaço diminuiria com o passar do tempo até sumir completamente, e que nesse caso remédio não faria efeito, o negócio era ter paciência e esperar passar, ele não poderia me dar remédio para dormir porque estava ainda em observação, estavam estudando meu caso e remédio para dormir não ajudaria o meu estado clínico. Que ótimo!
Dormir era tudo o que eu mais queria, significava não sentir dor e por alguns momentos esquecer o que estava acontecendo, mas para meu desespero tive que ficar dias sentindo dor ininterruptamente.
Não pensava sobre o acidente em si, ou sobre as consequências dele, eu realmente não tinha condições de pensar, estava tomada pelo desespero do sono e da dor.
Com os gemidos inexprimíveis aprendi que a vida é demasiadamente fugaz.
Que a cura, tanto física quanto emocional, é uma necessidade humana universal.
Que não tenho o controle de absolutamente nada nessa vida.
E que é humanizador enxergar a vida através das lentes do sofrimento.
Por fim, entendi que quando não podemos mais falar, quando a nossa dor é tão grande aponto de não conseguirmos expressá-la, Deus nos ouve.
Conforta-me saber que nas horas em que não temos como articular um pensamento, uma frase ou um grito, naqueles momentos em que não sabemos expressar nossas angustias, só Ele para ouvir nossos gemidos inexprimíveis.
Que podemos confiar na promessa da ação do Espírito Santo em nossas vidas, Ele nos assiste, nos protege em nossas fraquezas, intercedendo por nós.
Poucos minutos depois o resgate chega, era o carro dos bombeiros, quando eles me pegaram para me colocar na maca, a dor foi tão intensa que nem consigo descrever, não conseguia falar, só dor, só gritos.Chegando ao hospital, apaguei. Acordei oito horas mais tarde, na sala de cirurgia, olhei para o meu corpo e levei um susto, havia sido aberta e costurada. Entrei em estado de choque.A partir desse momento as lembranças se embaralham bastante, a noção de tempo numa situação como essa é completamente diferente do tempo da vida normal. Um dia no hospital imobilizada, olhando para o teto equivale há muito mais que 24 horas, eu sentia muita dor o tempo todo.
Minha situação de saúde era a seguinte: estava com a bacia quebrada em dois pontos diferentes, uma lesão na coluna entre a lombar e a medular, um edema cerebral, diversas escoriações pelo corpo e o rosto todo machucado, inchado e roxo da pancada. A bacia quebrada parecia ser o que exigia mais cuidado, a lesão na coluna preocupava muito porque não se sabia exatamente qual era o ponto da lesão, se fosse só na lombar tudo bem, mas se a lesão também tivesse atingido a medula tinha certa probabilidade de paralisar os movimentos dos membros inferiores, em outras palavras, corria o risco de ficar paraplégica.
O edema cerebral era por causa da batida, que graças ao capacete não aconteceu nada mais grave, aliás, foi um milagre não sofrer danos sérios no cérebro (será mesmo?!). Porém esse edema cerebral me deixava com dores muito fortes na cabeça, não conseguia pensar. E o rosto? Bem, meu rosto estava desfigurado, o inchaço fez com que meus olhos sumissem, no lugar havia duas enormes “beterrabas”, nem dava para ver meus olhos, mas estava enxergando ainda, estar hoje com o rosto perfeito é mais um milagre na minha vida.A bacia quebrada não me deixava mexer, afinal a bacia é o elo entre o tronco e os membros inferiores, então só mexia os olhos.
A dor se tornou parte de mim, 24 horas por dia, até mesmo respirar doía. A dor era tão grande que não tinha forças para gritar ou chorar, conheci a expressão bíblica “gemidos inexprimíveis”.
“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.”(Romanos 8. 26-28).
Não dormi alguns dias, por mais que tentasse e quisesse, como adormecer com tanta dor?
“Ai de mim! [...] Estou exausto de tanto gemer, e não encontro descanso”. (Jeremias 45:3)
Pedia para as enfermeiras darem remédios pra passar a dor, eu já estava medicada era a resposta, mas porque a dor não passava? Os dias foram se passando e a dor não diminuía, estava ficando louca por não dormir. Um dia consegui conversar com o médico e falar sobre o fato de não dormir por causa das fortes dores. O médico me disse que a dor de cabeça era por causa do edema cerebral, uma espécie de inchaço no cérebro, e que esse inchaço diminuiria com o passar do tempo até sumir completamente, e que nesse caso remédio não faria efeito, o negócio era ter paciência e esperar passar, ele não poderia me dar remédio para dormir porque estava ainda em observação, estavam estudando meu caso e remédio para dormir não ajudaria o meu estado clínico. Que ótimo!
Dormir era tudo o que eu mais queria, significava não sentir dor e por alguns momentos esquecer o que estava acontecendo, mas para meu desespero tive que ficar dias sentindo dor ininterruptamente.
Não pensava sobre o acidente em si, ou sobre as consequências dele, eu realmente não tinha condições de pensar, estava tomada pelo desespero do sono e da dor.
Com os gemidos inexprimíveis aprendi que a vida é demasiadamente fugaz.
Que a cura, tanto física quanto emocional, é uma necessidade humana universal.
Que não tenho o controle de absolutamente nada nessa vida.
E que é humanizador enxergar a vida através das lentes do sofrimento.
Por fim, entendi que quando não podemos mais falar, quando a nossa dor é tão grande aponto de não conseguirmos expressá-la, Deus nos ouve.
Conforta-me saber que nas horas em que não temos como articular um pensamento, uma frase ou um grito, naqueles momentos em que não sabemos expressar nossas angustias, só Ele para ouvir nossos gemidos inexprimíveis.
Que podemos confiar na promessa da ação do Espírito Santo em nossas vidas, Ele nos assiste, nos protege em nossas fraquezas, intercedendo por nós.
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