segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Carolina e o milagre da multiplicação

 


Carolina Maria de Jesus foi uma escritora, compositora e poetisa brasileira, conhecida por seu livro "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada" publicado em 1960. Foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes do país.

Apesar de “Quarto de Despejo” ser a obra mais conhecida, Carolina tem diversos outros livros, tanto em prosa como poesia. Além de músicas de sua própria autoria.

Obras Escritas: Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960), Casa de Alvenaria (1961): Diário de uma ex-Favelada. Pedaços de Fome (1963). Provérbios (1963)

Obras Escritas (Póstumas): Diário de Bitita (1977), Um Brasil para Brasileiros (1982), Meu Estranho Diário (1996), Antologia Pessoal (1996), Onde Estaes Felicidade (2014), Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos (2018).

Obra fonográfica: Quarto de despejo (1961) RCA .

Como atriz: atuou no documentário alemão: “Favela: a vida na pobreza” (1971)

Por ter uma obra tão rica, que retrata a luta de tantos brasileiros de forma sensível e inteligente, Carolina foi tema de outras obras, no cinema, TV e literatura.

No ano seguinte ao lançamento de Quarto de Despejo, 1961, Carolina teve seu livro adaptado para o teatro. A peça "Quarto de despejo" estreou no dia 27 de abril de 1961, no Teatro Bela Vista, em São Paulo. Ruth de Souza representou o papel de Carolina.

O sucesso de Quarto de despejo, o livro, motivou Quarto de despejo, o disco, no mesmo ano da peça. A escritora mineira Carolina Maria de Jesus, gravou pela RCA, músicas que ela mesma compôs. O raro LP pertence ao Acervo José Ramos Tinhorão, sob a guarda do IMS.

Em 1971, a alemã Christa Gottman-Elter dirigiu o documentário Favela - Das Leben in Armut (Favela, a vida na pobreza). A exibição desse documentário no Brasil teria sido vetada pelo então embaixador brasileiro em Berlim. O Instituto Moreira Salles, adquiriu uma cópia do filme, restaurou e legendou. Foi exibido pela primeira vez no Brasil, por ocasião do centenário de nascimento da escritora, em 14 de março de 2014

Em 1983, foi ao ar o Caso Verdade "Quarto de despejo - de catadora de papéis à escritora famosa", exibido em março, pela Rede Globo.

Em 2003, tivemos o documentário Carolina, com Zezé Mota. O filme recebeu o prêmio de melhor curta documentário no Festival de Cinema de Gramado.

Em 2014 é lançado o documentário “Vidas de Carolina”, dirigido por Jéssica Queiroz Contemplado pela sétima edição prêmio Criando Asas, Vidas de Carolina conta a história de duas mulheres que sobrevivem da coleta de resíduos recicláveis. O documentário foi inspirado na vida da Carolina. Relatos de familiares da escritora e trechos do livro “Quarto de Despejo” conectam as três historias.

Em 2019 o Sesc São Paulo apresentou a peça “Eu e Ela: visita a Carolina Maria de Jesus”. O monólogo conduzido ora em primeira pessoa ora em terceira, ressalta a imagem de Carolina como uma pessoa que compreendia profundamente as questões políticas e sociais de sua época.

A obra de Carolina caiu no gosto popular da nova geração e tem sido lançado diversas biografias em diferentes formatos.

Carolina: uma biografia (2018) de Tom Farias é a mais recente. Há também biografias em quadrinhos tanto para o público adulto quanto para o infantil.

Carolina virou marca, grife. Seu rosto estampa camisetas, canecas, almofadas etc. Podemos encontrar inúmeros trabalhos acadêmicos baseados em sua vida e obra.

Para o Carnaval de 2021, a escola de samba Colorado do Brás, do Grupo Especial de São Paulo, terá como tema a história de Carolina de Jesus. O enredo é assinado pelo carnavalesco André Machado e tem o título Carolina: A Cinderela Negra do Canindé.

Provavelmente Carolina não imaginava os desdobramentos de sua primeira obra. Como um livro se transforma em música, peça de teatro, documentário, programa de TV e quadrinhos?

A autobiografia de Carolina de Jesus deu origem a outras obras, em outras linguagens. A literatura tem um bom diálogo com as outras artes. E podemos fazer uso desse diálogo para enriquecer a cultura, expandir uma obra literária, fomentar outras expressões artísticas e propor novos diálogos.

Questões:

Como todas essas obras dialogam?

Qual a relação da história pessoal da Carolina com a História? E com a nossa história pessoal? E com a história atual?

Podemos identificar bem os acontecimentos históricos no tempo e espaço/local lendo a obra? E também no acesso as suas múltiplas adaptações/releituras?

O que todas essas obras têm em comum, além da história pessoal da Carolina?

É possível identificar na obra escrita as inspirações para a obra fonográfica?

O que fez de “Quarto de despejo” um sucesso?

Você acha que sua história pessoal renderia uma boa obra?


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Mulheres da Bíblia

 



A Bíblia tem muitas mulheres

De todos os tipos e idades

Algumas são exemplos

Já outras nem tanto assim

 

Tem do tipo ousada como Débora

Corajosa como Ester

do tipo arrogante igual Jezabel.

do tipo humilde como Rute

A viúva amarga: Noemi

E a solteira de fé: Mara

Tem adúltera como Bate-Seba

E também a meretriz Raabe

 

Mulheres sábias como Abigail

E mulheres perversas como Atalia

Tem a intercessora Ana

E também a sedutora Dalila,

 

Mas nenhuma delas nos salvou

 

O Cristo as valoriza

Nosso Salvador as honrou

Dignidade Ele deu à todas as mulheres

E eu não entendo como é possível

Uma cristã feminista.

 


Misericórdia

 

Olá humanos, eu sou a Misericórdia.

Vim para alertá-los.

A única chance que possuêm de conseguir a Paz de forma definitiva é compreender que Eu sou a ponte. O único caminho possível.

A Paz é minha aliada e já comunicou que enquanto a humanidade me ignorar, fingir que não existo, ela continuará distante.

Ouçam! Sem mim - a Misericórdia- nem a senhora Verdade, nem a dona Justiça poderão ajudá-los.

Ah, a dona Justiça!

Muitas vezes age sozinha e faz estragos.

Aliás, a senhora Verdade até que é gente boa, mas precisa conversar com sua amiga Justiça e convencê-la que sem mim não se produz bons frutos a longo prazo.

A Misericórdia triunfa sobre o juízo.

Lembrem-se, quando a Misericórdia e a Justiça se encontram, a Verdade e a Paz prevalecem.

 

 


Despersonalização: eu, fora de mim

 



Eu, que não sou eu

Eu, na tela da realidade

Vivendo a irrealidade

Fora de controle

Fora do meu corpo

Fora da minha vida

Desrealizada

Despersonalizada

Eu, fora de mim.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Igreja

 



Igreja, Igreja porque te quero?

Para quê me serves?

Te quero porque és parte de mim,

Te quero porque é Contigo que sou Cristina.

Te quero para poder Te servir

É na Igreja que me alimento.

Juntas lutamos contra a Morte

Em toda parte e de muitas formas.

Porque somente juntas somos realmente Igreja.

Somos Corpo de Cristo.


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Lei e misericórdia

 


Certa vez machuquei o joelho numa queda. Estava na rua e caí, o joelho bateu forte no asfalto e começou a sangrar. Não conseguia andar por causa da dor, um rapaz me ajudou levando-me  até um banco na praça bem em frente do local da queda.
Assim que sentei, olhei para o joelho e vi um buraco sangrando muito, a única coisa que tinha em minha bolsa para tentar segurar o sangramento era papel higiênico, mas ele logo ficava encharcado, pois sangrava muito. O moço que me ajudou antes de seguir seu caminho deixou um esparadrapo comigo, coloquei um monte de papel higiênico e enrolei com esparadrapo, ali mesmo no banco na praça. Passado alguns minutos e um pouco do nervoso de ver tanto sangue (sim sou dessas) vi uma farmácia bem em frente a praça.
Com muita dificuldade caminhei, mancando e com dor até lá, expliquei o que havia acontecido e pedi que fizessem um curativo. A atendente disse que não podia, ainda tentei convencer outro atendente, sem sucesso. Disseram que era proibido por lei fazer curativo em farmácia e falaram para ir ao hospital.
Fiquei bem chateada, pois mal conseguia andar, estava com o dinheiro da passagem contado; portanto não poderia ao menos chamar um Uber. O hospital mais próximo ficava há três quarteirões, distância curta para quem está saudável, não para mim que mal conseguia andar.
Ainda permanecei algum tempo no ponto de ônibus tentando decidir se deveria tentar caminhar até o hospital ou ir direto pra casa. Tenho uma vizinha que trabalha na área da saúde, e poderia pedir pra ela fazer o curativo quando chegasse do trabalho.
Não consegui ir ao hospital, fiz eu mesmo o curativo quando cheguei em casa.
Fiquei pensando nos atendentes da farmácia que não só se recusaram a fazer o curativo, afinal era proibido, como também não pensaram em me vender os itens para que eu mesmo fizesse. Simplesmente disseram “não é permitido”, sem empatia, sem nenhuma recomendação, a única sugestão foi “vá ao hospital”. Funcionários exemplares, cumpridores da lei, orgulhos do patrão. Fizeram sua obrigação, seu dever de casa.
Quantas vezes agimos assim? Ficamos do lado da “lei”, do pode ou não pode, valorizamos as regras e não pessoas?
Nesse caso não era algo muito grave, que gerasse consequências sérias a longo prazo, a questão é: como discernir quando devo abrir mão da lei, do estatuto em favor do ser humano?
 

Eis me aqui

 


Em tudo dai Graças.

Graças por toda a minha vida.

Por tudo que vivi.

Graças pelos meus acidentes.

Graças por todas as vezes que vi a face da Morte.

Graças por todas as rejeições

Por todas as relações tóxicas

Graças por todos os abusos

Por todas as pessoas canalhas que cruzaram meu caminho

Graças por todas as doenças

Por todas as feridas e cicatrizes

As visíveis e principalmente as invisíveis

Tudo me fez entender que meu lugar não é aqui

Como uma flor de Lótus, só conheço a lama

Cansada das águas turvas e da escuridão

Senhor estou pronta.

 


domingo, 11 de outubro de 2020

O Portal

 



Tentando entender um pouco no que eu creio: um homem que nasceu há mais de 2000 anos e que, portanto eu não cheguei a conhecer pessoalmente. Para ficar ainda mais estranho, eu creio que esse mesmo homem, tão distante de mim no espaço-tempo é o Senhor da minha vida, por quê? Ora, porque ele me salvou. Mas como assim? Um homem que nem sequer viveu na mesma época e local, como ele pode ter salvado sua vida?
Minha alma pertence aquele que me salvou antes mesmo de eu ter nascido, e quem quiser entender isso vai ter que conhecer o outro mundo.
O mundo do intangível, o mundo em que os cinco sentidos não podem chegar, o mundo do invisível, conhecido também pelo nome de espiritual.
É nesse mundo que eu conheci a razão da minha vida, um dia eu atravessei o portal, passei do lado de cá para o lado de lá e vi como minha vida não fazia nenhum sentido sem Jesus, foi neste momento que eu comecei a viver.
Resumindo: eu creio em alguém que nunca vi, toquei ou falei, entreguei todo meu ser e vida a Ele, e vivo na certeza de um mundo invisível.
Foi quando vi o portal que descobri que vivia na mais completa escuridão.
Quem não conhece a Luz, não reconhece as Trevas.
Parece loucura?  A sabedoria de Deus é loucura para este mundo e vice-versa.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Contra a maré

 


Andar na contra mão do sistema, pensar diferente da maioria requer coragem.
Coragem para continuar enquanto te atiram pedras, coragem para não desistir diante dos leões.
A coragem, como alguém já disse não é ausência de medo, e sim enfrentá-lo.
Coragem para seguir  apesar dos obstáculos, das nossas fraquezas.
Para se enfrentar o medo é preciso ter fé, confiante de  que está na direção certa, apesar das pessoas a sua volta dizerem ao contrário.
É fácil desanimar quando tudo diz que não,
Mas é bem nesses momentos em que nosso caráter é fortalecido, sendo persistente.
O tempo e as suas ações serão aliados em sua vitória.
Ter a garra e a determinação de não se deixar levar pelas "leis do mundo" é para poucos.
Defenda seus ideais com o compromisso de manter firme os seus valores.
A arte da vida consiste em cumprir seus propósitos sem corromper seus princípios.
"Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês." Romanos 12:2


Comunhão + misericórdia = cura

 


 

O tempo é o melhor remédio?

O tempo cura? Nem sempre.

Muitas vezes é necessário mexer na ferida, apertar até que todo o pus seja colocado para fora.

Será preciso coragem, pois vai doer e vai sangrar...

Depois se aplica a pomada do Amor, cubra a ferida com o pó empático, enrole o ferimento na faixa da compaixão e então aguarde o tempo fazer seu trabalho, não o chronos, mas o kairós.

A cura das feridas da alma está intimamente relacionada com a comunhão misericordiosa. 


Missão e reconhecimento

 


Vincent Van Gogh foi um grande artista, um homem de alma profunda. Rejeitado pela família, pelas mulheres, pelo mercado de trabalho, pela sociedade. Teve como único amigo e companheiro seu irmão Theo, o único que acreditava nele e o incentivava. 
Como cristão chegou afirmar que esta vida é uma espécie de semeadura, a colheita é na outra vida.
Por sua certeza de missão e sua fé, viveu até o último dia respirando arte.
Agora sua vida e sua arte nos deixa lições.
Não dependa de reconhecimento, foque em sua missão, tenha um olhar fixo em Cristo e na vida eterna.
Apesar de toda rejeição e da doença, Vincent tinha muito claro sua vocação, tinha plena convicção de sua arte, mesmo sem ter reconhecimento.

A verdadeira alegria

 


A alegria genuína só tem quem se revestiu da mais profunda tristeza.

Não me refiro a alegria boba, sem sentido, desse humor desrespeitoso que vemos na televisão, falo da alegria que está aquém das piadas, da alegria que se vê mesmo num rosto sério.

Numa alegria de ser e de estar que ultrapassa sorrisos e gargalhadas, a verdadeira alegria provém da certeza de que combateu o bom combate.

É na dor mais aguda que se fecunda a autêntica alegria.

A dona Bem Aventurança é amiga daqueles que conhecem o significado da palavra superação.

 Somente um coração sofredor, pode ser compassivo e um coração compassivo reconhece o dom de viver.

A “Bem Aventurança” abriga a alma de quem sabe que venceu o maior inimigo, a (M) morte.

 

Visitada pela Palavra

 


Apresentaram-me uma mensagem que até certo ponto me soou racional e lógica, porém não o suficiente para satisfazer o intelecto de uma cética. Mas Ele sabia que enquanto uma demonstração espiritualmente poderosa não aparecesse eu continuaria presa ao mundo material. A única forma de impactar a minha vida seria a presença inequívoca do Deus Vivo.
Ele, a Palavra em pessoa abriu o portal e me mostrou o Espiritual.
O Amor encarnado por fim me indicou o caminho para algumas perguntas que eu guardava há muito tempo: Deus? Bem? Mal? Vida? Morte? Quem sou eu? Por que estou aqui? De onde vim? Para onde vou? E muitos porquês trancados no armário.
E eu cri, invadida e arrastada pela Graça.
Surgiu o impasse: o que escrever depois desta experiência radical? Como transformar em palavras uma experiência transcendental? A cada dia tento pôr no papel o que não cabe no coração.
Ele me capacita todo o tempo, me moldando, para um dia transmitir o que é ser visitada pela Verdade que transforma, pela Palavra que liberta.
 

domingo, 4 de outubro de 2020

Vincent

 


No azul, ouço sua melancolia.

Nos girassóis, vejo suas lágrimas.

Suas cores continuam na Via Láctea

Seu autorretrato não cabia nesse mundo

O céu estrelado era Deus sussurrando Sua Eternidade

Você a pintou

A noite estrelada continua encantando

Até mesmo os surdos e os cegos.


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Pecado tem nome

 


Você já conversou com um presidiário, um condenado pela justiça?

Se você perguntar a ele qual motivo o levou à prisão, a resposta não será assalto, latrocínio, homicídio ou qualquer nome de crime. A pessoa responderá com o número do artigo na constituição; artigo 151 (por exemplo) e você que não conhece o código penal vai ficar com aquela cara de ué.

Não nomear alguma coisa é uma forma de não encarar os fatos. No caso do criminoso é uma forma de atenuar o delito.

Pessoas com doenças emocionais tem a tendência de fazer o mesmo, até que os sintomas não permitem mais esconder e mudam o discurso "foi apenas um momento" para "não estou bem, preciso de ajuda".

Viciados tem a mesma tática, negar o problema até que se torne insustentável.

Acontece o mesmo com o pecado, enquanto não o reconhecemos, enquanto não paramos de minimizar e nomeá-lo corretamente, continuaremos presos ao pecado.

É preciso chamar o pecado pelo seu nome: fofoca, inveja, luxúria, idolatria, egoísmo, seja lá qual for. Assuma o pecado especificando-o, reconheça sua fraqueza e peça ajuda.

Quando damos o nome correto, a consciência dos fatos nos incomoda e nos impulsiona a agir.

A falsa autossuficiência (consigo sair desse sozinho) vai embora. Só reconhecendo e nos humilhando é que a força de Jesus se faz presente em nossas fraquezas.

Jesus é o nome acima de todos os nomes.


O sal

 



O sal é mais conhecido como tempero, mas  tem outras utilidades.  Demorou um tempinho para descobrir a quantidade de utilidades que o sal tem, principalmente na saúde.

Diversas vezes ouvi  pregações na igreja falando sobre ser o sal da terra.  A analogia usada era no sentido de tempero e a propriedade de conservação que o sal possui. No entanto o sal tem muitas funções na saúde também, o que não era mencionado.

O  sal é anti-inflamatório,  ajuda na cicatrização de feridas, no controle de Infecções da pele, é usado também como antibiótico, em alguns casos auxilia na diminuição de dores pelo processo de salmoura ou compressas.  Esses dias me recordei de quando era pequena, minha mãe usava só uma bacia de água quente com sal para diminuir o inchaço das pernas e  as dores do cansaço, algumas vezes, quando eu batia o pé ou a perna em algum lugar, também usava essa mesma receitinha caseira de salmoura. Essas  receitinhas da época da vovó, não são à toa.

 O sal realmente traz muitos benefícios além de temperar e preservar o alimento.

 E pensando nesses outros aspectos fiz analogia com o cristianismo,  quando  Bíblia diz que nós somos o sal da terra, que precisamos ser sal e luz para este mundo não só precisamos temperar o mundo e  conservar os valores cristãos. Pensei na questão da cicatrização das feridas do mundo.  Vivemos num mundo fraturado,  cheio de ódio e violência. Os cristãos como sal precisam ser cura,  precisam ajudar na cicatrização das feridas, aliviar as dores das pessoas que sofrem, ser o anti-inflamatório  das infecções da alma,  ser o antibiótico. O sal cura.

 Precisamos realmente ser sal.


Compaixão é fortaleza

 


“A compaixão está em oposição a todas as paixões tônicas que aumentam a intensidade do sentimento vital: tem ação depressora. O homem perde poder quando se compadece. Através da perda de força causada pela compaixão o sofrimento acaba por multiplicar-se. [...] O sofrimento torna-se contagioso através da compaixão; [...] em todo sistema de moral superior ela aparece como uma fraqueza […] O que é bom? Tudo o que eleva o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder no homem. [...] O que é mau? Tudo o que vem da fraqueza. O que é mais nocivo do que qualquer vício? A ativa compaixão por todos os malogrados e fracos – o cristianismo. [...] O cristianismo tomou partido de tudo o que é fraco [...] O cristianismo é chamado de religião da compaixão. A compaixão se opõe aos afetos que elevam a energia do sentimento de vida: ela tem efeito depressivo. [...] A necessidade da fé, de um sim ou não, é uma necessidade de fraqueza.”

Essas são palavras de Friedrich Nietzsche no livro “O anticristo” e confesso que a primeira vez que li fiquei admirada por ver uma virtude cristã colocada como fraqueza. Porém, pensando bem, em certo aspecto é uma fraqueza mesmo. A compaixão amolece o coração embrutecido, um coração de pedra normalmente não se compadece.

A beleza da compaixão é justamente ser contagiosa como o próprio autor menciona, quando demostramos compaixão o coração de pedra amolece, perde um pouco da presunçosa “potência”, o sofrimento é compartilhado.

A compaixão é tão bela quanta dolorosa.

A compaixão fortalece vínculos, amor, a  fé e a esperança.

A compaixão é a fraqueza que me fortalece.


IDENTIDADE II

 


Ser quem somos é uma das guerras que a vida nos impõe.

A covardia existencial e uma identidade preguiçosa nos leva a se conformar com o que não deveria. Não se deixar levar requer coragem, requer um levante aos que nos dizem que somos outro. Uma batalha constante aos que nos dizem como agir ou como pensar. Granadas contra os julgamentos precipitados, bombas em direção as etiquetas que nos são pregadas o tempo todo. Uma luta permanente contra as projeções, contras as idealizações e expectativas em relação a nossa pessoa.

É por respeito à minha identidade pessoal, única e intransferível que não faço questão de participar de coletivos, grupos identitários e movimentos sociais. Não quero ser confundida com ninguém, o outro que está ali pode ter diversas coisas em comum comigo, porém não me representa em sua totalidade. Tenho minha própria cartilha, minhas próprias causas e pautas. Não quero ser identificada por algum grupo.

A única exceção é Cristo, meu Senhor e Salvador, mas isso é outro assunto.

Sua identidade está sendo fortalecida cada vez que não permite ser roubado em seu direito de ser quem é. Confesso que nem sempre tenho essa coragem, muitas vezes tenho preguiça em esclarecer “olha não foi isso que eu quis dizer” ou “a minha intenção era outra ao fazer tal coisa”, "apoio isso", "sou contra aquilo"; esse negócio de ficar se explicando não é comigo. Certa vez ouvi de uma amiga “quando você não esclarece, eu tenho o direito de pensar o que quiser”

Quer pensar errado? Pois que pense. De um jeito meio torto, essas situações acabam selecionando os amigos. É muito desgastante ter que explicar o tempo todo suas ações e palavras.

Por isso procuro escolher com critério as situações que devem ser esclarecidas, situações que coloquem em jogo minha identidade ou relações muito preciosas. Porque eu bem sei que nem sempre sou o que os outros pensam. E a única coisa que posso dizer às pessoas que me idealizam é: sinto muito. Simplesmente não posso deixar de ser quem sou em favor do que os outros pensaram ou que gostariam que eu fosse.


domingo, 27 de setembro de 2020

Igreja é conexão

 


Igreja é comunidade, comunhão, é a família de irmãos na fé em Cristo. Igreja é relacionamento, é conexão.

Assim como a Trindade é a comunidade de Deus, a Igreja é ou deveria ser a representação dessa comunidade na Terra.

A Igreja precisa de pessoas conectadas para crescer juntas no conhecimento da Graça e no exercício da santidade.

Uma igreja sem comunhão é uma igreja “manca”.

Sem uma verdadeira conexão a igreja pode ter uma excelente pregação, ótima estrutura, teólogos bons; que continua “aleijada”.

A comunhão/conexão é um dos pilares da fé cristã e, portanto da Igreja.


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A mulher que ri


Dizem que o bom humor é fruto da inteligência

Bom seria se fosse a única verdade

O espírito cômico habita corações tristes

Quando não se tem alegria

Fabrica-se

Para administrar as frustrações

Para esconder as misérias

Para disfarçar a melancolia

Para bloquear a cólera

Bom humor como antídoto da realidade

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Matemática

 


Mais de quarenta

Uma dúzia de canalhas

Meia, de encontros com a Morte.

Alguns ossos quebrados

Zero “eu te amo” na infância

Incontáveis traumas

A matemática nunca foi gentil comigo

Não gosto de contar

Prefiro soletrar

De sílaba em sílaba

Eu conto meus contos.


Rembrandt e Paulo

 


Essa é a tela "Apóstolo Paulo na prisão" (1627) de Rembrandt.

Vamos prestar atenção em algumas coisas que estão nessa tela. O apóstolo Paulo está parecendo bem idoso, meio careca, com o restante dos cabelos brancos e uma longa barba branca também. Paulo morreu aos 62 anos, seria essa a aparência de um homem de 62 anos naquela época?

Paulo está sentado com olhar fixo no nada, a mão sobre a boca, compenetrado pensando. Em seu colo parece ter um livro e nas mãos um objeto parecido com caneta ou lápis. Paulo não poderia ter um livro como esse da imagem, livros nesse formato começaram em 1455 e o apóstolo foi morto em 67 D.C, diferença de no mínimo 1388 anos. Além do mais o próprio apóstolo declara em 2 Timóteo 4: 13 que escrevia em pergaminhos:

"Quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus livros, especialmente os pergaminhos."

Também desconfio do objeto em suas mãos, certamente para escrever, no entanto o artista contextualizou a cena conforme sua própria época, tal qual o caso do livro.

Feito essas primeiras observações de cunho histórico vamos para outro tipo de observação.

Vale lembrar que muitas cartas de Paulo foram escritas na prisão. Então esse "livro" no colo pode perfeitamente representar essa realidade.

E quanto ao outro livro bem no canto ao lado da espada?

Espada?! Opa, um prisioneiro com espada na cela? Acho que não faz muito sentido.

Vocês lembram em algum trecho da Bíblia onde esteja escrito que Paulo andava com uma espada? Não me recordo de nenhuma passagem declarando que andasse armado. Ainda que Paulo tivesse de fato uma espada não lhe seria permitido que ficasse com ela. Basta lembrar-se do episódio em

Atos dos Apóstolos 16: 27 “O carcereiro acordou e, vendo abertas as portas da prisão, desembainhou sua espada para se matar, porque pensava que os presos tivessem fugido.”.

Temos algumas passagens no Novo Testamento em que a espada simboliza a Palavra de Deus.

Hebreus 4: 12. "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração."

 Efésios 6: 17. "Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus."

A espada do Espirito estava continuamente com Paulo, e Rembrandt com seu talento retratou em sua tela.

Paulo na prisão, na companhia da "Espada” escrevendo suas cartas/orientações para as igrejas e discípulos de Cristo, manejando muito bem a Espada/Palavra assim como orienta que Timóteo faça.

2 Timóteo 2: 15. “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade.”

1 Coríntios 11: 1. "Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo."

1 Tessalonicenses 1: 5-6. “porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. Vocês sabem como procedemos entre vocês, em seu favor. De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor; apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo."

Resumindo o que Paulo faz é passar o bastão, ou melhor, a Espada adiante. Da mesma forma que ele foi direcionado pela Espada do Espírito, ele diz aos outros discípulos/cristãos que sejam direcionados pela Espada/Palavra.


Confiança

 

Confiança é uma das bases de uma relação saudável.

Confiança significa que a pessoa que ouve/sabe de seus segredos mais íntimos, não vai falar para outras pessoas e não vai usar o que o que sabe a seu respeito contra você.

A confiança faz com que você compartilhe coisas da alma, do seu mundo interior com alguém que saberá entrar e demonstrar respeito com suas experiências, sentimentos e pensamentos. Pois sabe que o coração alheio é solo sagrado, que devemos reverência, cuidado, responsabilidade emocional devolvendo assim a confiança dada.

Quem não honra a confiança que alguém lhe entregou não é digno de ser chamado amigo.


Transcendentais

 


Quando estava no ginásio (atual fundamental II) era agnóstica, uma das minhas amigas inseparáveis era religiosa e vez por outra conversávamos sobre fé e religião.

Certa vez ela me questionou o motivo de não acreditar em Deus. Eu respondi discorrendo sobre o problema do mal (guerras, fome e a maldade humana), ela falou sobre a beleza da criação; o céu, o mar etc.

Respondi que essa beleza era nosso prêmio de consolação diante de um mundo mal.

Veja bem, eu não neguei a beleza.

Não há quem possa negar a beleza da criação; seja você de qualquer religião, ateu ou agnóstico, a beleza é algo objetivo, não subjetivo. A verdadeira beleza não está nos olhos de quem vê, mas no objeto que é belo.

Não é possível negar que um pôr do sol alaranjado numa praia seja belo, ou que a visão de uma cachoeira de 10 metros caindo num lago de águas cristalinas também não seja bela.

A beleza real é aquele que agrada a todos, independente de sexo, classe social, cultura ou qualquer outra coisa; como diz Tomás de Aquino.

Mas claro que na época não atribuía ao Senhor a beleza, pois ainda não conhecia a Beleza.

Para quem não crê em Deus é difícil explicar tanta beleza num mundo tão mal.

E foi assim minha primeira reflexão sobre a beleza, extremamente rasa.

Retornei essa reflexão após me converter. Descobri que o autor da beleza era a própria Beleza, como me ensinou Agostinho.

Sempre gostei de arte e me questionava o motivo de algumas causarem "assombro" e outras não. Algumas obras de arte chegava me causar ojeriza. Como arte e beleza são coisas associadas pelo imaginário popular, deduzi que a arte obrigatoriamente deveria ser bela.

Há alguns anos comecei a investigar essa associação, estudar a beleza em sua essência.

Descobri o que já estava em meu interior, aliás, o que todos já sabem por natureza, mas a cultura, a educação etc. ofuscou.

"A beleza é o esplendor da verdade"

O bom, o belo e o verdadeiro são trigêmeos.

Não há beleza na maldade, não há beleza na mentira.

Aprendemos isso desde cedo, quando nossos pais dizem que “mentir é feio", aprendemos que a maldade é feia quando uma menina chama o garoto de "feio" por ter feito algo ruim.

Os contos de fadas confirmam quando colocam os vilões como feios e os "mocinhos" como pessoas belas.

“A Bela e a Fera” tem uma dinâmica interessante. A Fera antes de virar fera, era um príncipe bonito, mas deixa seu coração se corromper e se torna mau/feio, se transforma em fera (isso me lembra da besta fera).

Bela como o próprio nome diz, é bela e bondosa.

A beleza, a verdade e a bondade caminham juntas.

Há muito mais pra se dizer sobre o assunto. Esse texto é apenas uma introdução para quem nunca pensou nessa associação.

O bom, o belo e o verdadeiro.

 


Propósito

 


Trabalhar para pagar as contas.

Sair para não ter que ficar em casa.

Ficar com alguém para não se sentir só.

Tentar engarrafar o vento...

Sem um sonho, um propósito de vida, uma direção definida, você vive dia após dia, levanta, trabalha, se diverte, volta pra casa, dorme e então faz tudo novamente.

Enche as horas vazias de uma existência tola desprezando a dádiva de viver.


Pedras e flores

 


Vivemos no dia a dia com pessoas e, portanto diferentes personalidades, sempre haverá afinidades e "desafinidades".

 Devemos aprender a viver com aqueles que nos criticam e com aqueles que nos elogiam, de forma genuína.

Nosso valor não consiste em críticas, nem em elogios. Aliás, nosso valor não pode mesmo ser medido por isso, senão oscilaria tal qual o humor das pessoas que ora nos colocam lá embaixo, ora nos colocam lá em cima.

Não se deixem enganar pela opinião alheia.

Recebo pedras e também flores, com as pedras eu construo um castelo e com as flores enfeito-o.


Infinito

 

O mundo das aparências é enganoso.

Mais do que ver

É preciso enxergar

Com os olhos do coração, o Invisível.

Ouvir o Inaudível.

Estender as mãos em direção ao Intangível.

Ter olhos para a Luz que jamais se apaga.

Tudo que fazemos sem Amor é tempo perdido;

Tudo que fazemos com Amor é eternidade reencontrada.