Foi o desejo por conhecimento que me afastou de Deus e esse mesmo desejo me aproximou Dele novamente, ironia.
Quando
era pequena eu frequentei a igreja católica, fiz catecismo, crisma e
comecei a participar do grupo de jovens da paróquia local. Aprendi
muito, mas era um conhecimento que na adolescência já
não era suficiente para minhas dúvidas, conforme ia crescendo minhas
dúvidas cresciam ainda mais, questionava tudo, e queria resposta pra
tudo, como se isso fosse possível, hoje eu sei. Tornei-me rebelde,
ficava insatisfeita com as respostas do padre, as explicações
dele nunca eram suficientes, saí da igreja católica. Começou a
derrocada, eu tinha aproximadamente 14 anos e a partir de então, minha
rebeldia e minha fome de conhecimento só aumentaram. Fiz todas as
perguntas que os ateus e agnósticos fazem, e são sempre
as mesmas, as clássicas:
Se existe Deus porque há pobreza?
Porque coisas ruins acontecem à pessoas boas?
Se Deus é tão poderoso como dizem, porque não muda a humanidade?
Onde está Deus, que não o vejo? Onde está Deus na guerra, em um genocídio, em um estupro?
Onde estava Deus enquanto eu sofria?
“Deus
não quer o mal, mas não pode? Então não é onipotente. Tem poder, mas
não quer? Então não é bom. Tem poder e quer ? Então por que o mal
existe? Se não pode e nem quer, então por que lhe chamamos
Deus?” Epicuro (filósofo da Antiguidade)
São
velhas e inquietantes questões, conheço as bem, pois elas me
acompanharam por um bom tempo. Como sempre gostei muito de ler, comecei a
devorar livros de filosofia, espiritualista e de religião,
buscando saciar minha sede de conhecimento. Muitas dessas questões
foram respondidas e outras ainda não, mas isso não tem mais importância,
sei o que preciso saber, sei que Deus me dará maior conhecimento quando
for necessário e sei também que nunca saberei
tudo, pelo menos enquanto eu estiver nesse corpo corruptível, mas no dia
em que O verei face a face, tudo será claro e transparente.
"Porque
agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face;
agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também
sou plenamente conhecido. "
(1 Coríntios 13:12)
Essas
questões não respondidas me levaram a um estado de inconformidade com o
mundo, com a minha vida e principalmente com Deus, comecei a duvidar
Dele, o ateísmo parecia a única resposta plausível.
Mesmo sem ter uma noção exata das minhas tragédias, elas me consumiam. E
nada respondia minhas crises existenciais, nada aplacava uma dor que eu
insistia em emudecer. Tentava calar os anos de sangramento com diversão
e paixões frívolas. Não percebia que quanto
mais tentava escapar, mais presa eu ficava no sistema “capetalista”, tinha caído no buraco, no abismo que é a vida sem Deus.
Uma
garota inconsequente, sem grandes planos para o futuro, vivia o lema
“deixa a vida me levar”. Estava anestesiada pela falta de esperanças
numa vida melhor. Essa desesperança me fez crer que meus
sonhos não eram possíveis, e pensava: já que não posso realizar meus
sonhos, vou viver intensamente, vou viver tudo o que se tem pra viver.
Uma vida social ativa dava a sensação temporária de buraco preenchido,
mas como diz o russo:
"Existe no
homem um vazio do tamanho de Deus." (Fiodor Dostoiévski)
Nenhum comentário:
Postar um comentário