quinta-feira, 6 de junho de 2013

As Letras transformam, a Palavra liberta

Foi o desejo por conhecimento que me afastou de Deus e esse mesmo desejo me aproximou Dele novamente, ironia.
Quando era pequena eu frequentei a igreja católica, fiz catecismo, crisma e comecei a participar do grupo de jovens da paróquia local. Aprendi muito, mas era um conhecimento que na adolescência já não era suficiente para minhas dúvidas, conforme ia crescendo minhas dúvidas cresciam ainda mais, questionava tudo, e queria resposta pra tudo, como se isso fosse possível, hoje eu sei. Tornei-me rebelde, ficava insatisfeita com as respostas do padre, as explicações dele nunca eram suficientes, saí da igreja católica. Começou a derrocada, eu tinha aproximadamente 14 anos e a partir de então, minha rebeldia e minha fome de conhecimento só aumentaram. Fiz todas as perguntas que os ateus e agnósticos fazem, e são sempre as mesmas, as clássicas:

Se existe Deus porque há pobreza?
Porque coisas ruins acontecem à pessoas boas?
Se Deus é tão poderoso como dizem, porque não muda a humanidade?
Onde está Deus, que não o vejo? Onde está Deus na guerra, em um genocídio, em um estupro?
Onde estava Deus enquanto eu sofria?
“Deus não quer o mal, mas não pode? Então não é onipotente. Tem poder, mas não quer? Então não é bom. Tem poder e quer ? Então por que o mal existe? Se não pode e nem quer, então por que lhe chamamos Deus?” Epicuro (filósofo da Antiguidade)


São velhas e inquietantes questões, conheço as bem, pois elas me acompanharam por um bom tempo. Como sempre gostei muito de ler, comecei a devorar livros de filosofia, espiritualista e de religião, buscando saciar minha sede de conhecimento. Muitas dessas questões foram respondidas e outras ainda não, mas isso não tem mais importância, sei o que preciso saber, sei que Deus me dará maior conhecimento quando for necessário e sei também que nunca saberei tudo, pelo menos enquanto eu estiver nesse corpo corruptível, mas no dia em que O verei face a face, tudo será claro e transparente.
"Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido. "
(1 Coríntios 13:12)

Essas questões não respondidas me levaram a um estado de inconformidade com o mundo, com a minha vida e principalmente com Deus, comecei a duvidar Dele, o ateísmo parecia a única resposta plausível. Mesmo sem ter uma noção exata das minhas tragédias, elas me consumiam. E nada respondia minhas crises existenciais, nada aplacava uma dor que eu insistia em emudecer. Tentava calar os anos de sangramento com diversão e paixões frívolas. Não percebia que quanto mais tentava escapar, mais presa eu ficava no sistema “capetalista”, tinha caído no buraco, no abismo que é a vida sem Deus.
Uma garota inconsequente, sem grandes planos para o futuro, vivia o lema “deixa a vida me levar”. Estava anestesiada pela falta de esperanças numa vida melhor. Essa desesperança me fez crer que meus sonhos não eram possíveis, e pensava: já que não posso realizar meus sonhos, vou viver intensamente, vou viver tudo o que se tem pra viver. Uma vida social ativa dava a sensação temporária de buraco preenchido, mas como diz  o russo:

 "Existe no homem um vazio do tamanho de Deus."    (Fiodor Dostoiévski)



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