Amigos imaginários, você já teve? Ah, vai, confessa.... eu sei que sim,
pode falar, aliás atire a primeira pedra quem nunca teve amiguinho invisível na
primeira infância.
Pois é, este texto é para
falar dos nossos primeiros amigos, os imaginários.
Eu tive, na infância eram
os coleguinhas que brincavam comigo quando não tinha nenhum adulto por perto, e
também tinha aqueles que me faziam companhia à noite enquanto o sono não
chegava, eles ficavam conversando comigo até eu conseguir dormir, às vezes eram
representados por algum brinquedo, uma boneca talvez.
Conforme crescia, conhecia
outras crianças e deixava meus amiguinhos imaginários de lado, quando entrei na
pré-escola então, coitados, ficaram bem esquecidos!
Os amigos imaginários eram
também invisíveis. E apesar dos adultos considerarem apenas imaginação, esses
amiguinhos eram reais na minha vida, eles interagiam comigo e creio que foi
importante para a minha futura vida social, pois com esses amigos eu brincava,
brigava, fazia as pazes, era um ensaio para a pré-escola.
Durante muito tempo da
vida adulta, considerei que esses amiguinhos tinham ficado completamente no
passado. E também sempre achei que fosse algo exclusivo das crianças.
Andei me enganando,
novidade!!
Os amigos invisíveis e
reais são tão comuns na minha vida de adulta como eram na infância, o que mudou
foi a interação, o modo como eu me relaciono com eles.
Hoje, esses amigos
ganharam outro status, receberam uma promoção e agora são chamados de escritores.
Isso mesmo, os escritores
são meus amigos, não são imaginários, mas invisíveis. Eles são tão reais quanto
os da infância. Apesar de não ter matéria, carne e osso na minha frente, eles
existem mesmo.
Eles se materializam por
meio dos seus textos, das suas palavras, das mensagens que deixam na minha
vida.
Muitos deles só existem no
plano do invisível porque já faleceram, outros estão distante de mim
geograficamente e por isso nosso contato é mediado por suas obras.
Outro dia li uma
publicação na rede social que dizia que todo leitor se sente amigo do escritor,
é verdade. Afinal a leitura é uma via de mão dupla, o escritor nos fala por
meio da sua obra e o leitor responde interagindo com a leitura que faz.
Uma leitura nunca é neutra,
o leitor responde ao que lê, positiva ou negativamente.
E ai de quem me disser que
Pessoa, Bandeira e Drummond não são meus amigos, são sim! Foram eles que encheram minha vida de beleza
com suas poesias.
Foi Davi com seus Salmos
que me sustentou em muitos momentos de angústia.
Foi Chico Buarque que me
disse que a gramática é amiga da literatura.
Foi Renato Russo que me
disse que a poesia é irmã da música.
Foi Machado quem me
mostrou que a palavra bem manejada é uma arte. E qualquer um que lê Machado
sabe o quanto ela dialoga com o leitor. Então
não venha me dizer que amigo invisível é coisa de criança, e se for mesmo,
quero ser sempre criança, para continuar com essas amizades tão preciosas.
E foi na vida adulta que
eu conheci meu melhor amigo invisível, mas isso é assunto para outro texto.
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